Ao lado da igreja de Hage, onde as plantas já não pareciam ter tanta vida quanto a cinco anos atrás.
Asta tentava a todo custo estender um grande lençol, branco e úmido, sem que o mesmo tocasse o chão coberto de grama abaixo de seus pés, mas seu tamanho não lhe favorecia.
O grisalho havia se comprometido a ajudar em qualquer tarefa que lhe pedissem. O motivo em questão era simples, o garoto desejava impressionar a irmã, que a menos de uma semana havia iniciado seu trabalho ali, apesar de achar que era apenas por que havia gostado da moça, inconcientemente o menino desejava mostrar que mesmo não tendo tanta mana quanto deveria naquela idade ele ainda poderia ser o contrário do que as pessoas costumavam dizer sobre si, poderia ser últil.
A moça o observava por cima de seus ombros enquanto arrumava algumas roupas no varal, sorrindo alegremente para o pequeno.
⎯ Você quer ajuda aí? ⎯ Perguntou, se segurando para não rir, quando Asta começou a se parecer com um fantasma baixinho com as pernas de fora. Tal cena ficaria guardada nas memórias da mais velha pelo restante de sua vida.
⎯ Eu consigo! ⎯ Exclamou em voz alta, puchando o tecido para cima até que sua face, um tanto irritada, ficasse visível. Aceitar a ajuda da maior com coisas simples como aquela não estava em seus planos.
Enquanto isso, Yuno subia lentamente a pequena ladeira onde sua moradia ficava, com lágrimas descendo de seus olhos e um bebê que chorava alto em seus braços, atrás deles vinha sua irmã de criação poucos anos mais nova. O moreno era do tipo que chorava por qualquer motivo que pudesse causar o mínimo de sofrimento, e ver seu pequeno irmão chorando daquela forma sem parar o deixava infeliz por não conseguir ajudá-lo.
⎯ Eu não consigo fazer ele parar de chorar... ⎯ Explicou, antes que a irmã pudesse perguntar, a mesma já ia até eles.
⎯ Tudo bem, pode deichar comigo agora. ⎯ Disse colocando a criança em seu colo, com um sorriso calmo em seu rosto.
Asta, ainda com o lençol sobre si, observava seu irmão, que parecia estar se acalmando, se perguntando o porquê de ele ter de sofrer por motivos tão banais quanto aquele. Enquanto pensava em alguma forma de fazer com que o outro chorasse menos, lembranças do dia anterior vieram em mente, mais especificamente da história que lhes fora contada pela irmã, que falava sobre o primeiro homem a receber o título de Mago Imperador após ter derrotado um enorme demônio que tentava destruir tudo que via pela frente, Asta havia adorado o conto de todas as formas possíveis, e agora percebia que aquela pessoa havia conseguido acabar com o sofrimento de não apenas uma única pessoa, mas sim de milhares. Com isso em mente, Asta tomou uma decisão que mudaria sua vida e a de todos que amava.
O grisalho colocou o lençol sobre suas costas como se fosse uma capa e subiu na cerca feita de madeira, com um único salto, chamando a atenção de todos ali presentes, exceto pelo bebê que dormia tranquilamente nos braços da azulada.
⎯ Já me decidi! ⎯ Disse apontando para si mesmo com seu polegar, preenchido de confiança e certeza do que queria. ⎯ Eu vou... Virar o Mago Imperador! ⎯ os outros o olharam com a surpresa estampada em seus rostos, sem saberem oque dizer ou pensar. ⎯ Gente? ⎯
⎯ Sinto muito. Só não estava esperando por isso, assim tão derrepente... ⎯ Disse a mais alta respondendo por todos dali. ⎯ Por que essa idéia? ⎯
⎯ Ele derrotou o demônio não foi? Isso significa que ele é super forte e isso é demais! Eu quero ser legal assim também! ⎯ A animação em sua face era visível para qualquer um que olhasse, mas derrepente se tornou mais séria, antes de parte de seus reais motivos se revelarem. ⎯ E... Se eu me tornar importante... Se eu me tornar o mago imperador, eu conseguirei tornar todos mais felizes, não é? Você vai poder vestir roupas melhores e comer toda a comida que quiser! ⎯ Sem que nota-se, seus objetivos começaram a se direcionar mais a seu irmão do que ao restante das pessoas ali, não que elas tenham notado. ⎯ E eu vou transformar essa igrejinha tosca em algo grandioso e incrível! ⎯
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O último descendente
Fiksi PenggemarContrariando o desejo da alma que habitava em si, o corpo de Asta estava de pouco em pouco roubando a vida dos seres ao redor desde o começo de sua existência, isso não só lhe causou um trauma que levaria suas consequências até o fim como também o f...