Soluço suspirou.
Banguela trinou baixinho, chamando a atenção do humano. Soluço se virou, encontrando o dragão o observando com os olhos bem abertos e ele não precisava entender o que se passava na cabeça desse para saber que ele estava perguntando se ele estava bem.
Soluço só sorriu, afagando a cabeça de Banguela, sabendo que aquele toque podia transmitir informação o bastante entre os dois.
Ele corou ao pensar naquilo e desviou o olhar. Seus olhos se voltaram para os vários cacarecos que Banguela já tinha trazido para ele, se demorando na peça de tabuleiro por um momento.
"Sabe, eu gosto muito desses presentes, amigão. Não importa o quão... Esquisito alguns deles são..." Ele mencionou, apontando para o que parecia ser um pedaço de coral petrificado que o dragão tinha encontrado na praia.
Banguela trinou baixinho e Soluço viu como as pontas de sua boca grande ergueram um pouquinho, como se ele estivesse sorrindo. Soluço de repente se pegou pensando naquele momento no cânion, quando Banguela tentou imitar seu sorriso pela primeira vez. E ele sentiu seu peito esquentar com a memória.
Tudo parecia tão mais fácil naquela época...
Ele balançou a cabeça, sem querer pensar naquilo. Ele se focou no momento e no que queria fazer agora.
"Mas eu estava pensando como... Sabe, que você me deu um monte de presentes e eu não te dei nada." Soluço continuou falando e as barbatanas-orelhas de Banguela ergueram um pouco, mostrando que ele estava interessado no que Soluço tinha a dizer. "Então eu decidi que era hora de te dar alguma coisa."
O dragão fez um som trêmulo, se balançando no lugar, mostrando que estava interessado. Soluço riu, se lembrando de como o dragão tinha agido quando ele apresentou a sela que tinha criado para ele. Pelo menos dessa vez eles estavam em um lugar pequeno demais para o dragão pular para todos os lados.
E então Banguela parou, inclinando a cabeça para o lado. Soluço esperou, sem saber se ele iria entender o que seu amigo queria dizer sem a ajuda de um tradutor. Banguela se aproximou da escrivaninha que o rapaz usava e Soluço congelou ao ver o outro chegar perto demais de onde a barbatana estava escondida...! Ele ia arruinar a surpresa!
Banguela bufou na direção da mesa de trabalho e lançou um olhar para Soluço que parecia um tanto debochado. Ele bufou na direção de Soluço dessa vez, fazendo um som gutural.
Soluço reconheceu aquela expressão, tendo a visto várias vezes antes, e ele entendo o que o Fúria da Noite estava tentando perguntar.
"Sim, é aquele projeto que eu estava fazendo à suas costas, espertalhão." Ele riu.
Banguela bufou uma terceira vez, antes de voltar a atenção para a mesa.
O humano se apressou em se colocar entre o dragão e ela, apertando a ponta dos dedos contra o focinho, que se contorceu. O dragão obedientemente deu um passo pra trás.
Soluço se perguntou se ele devia mostrar a barbatana nova, ou só falar dela... Ah, mas como ele já estava ali mesmo...
"Eu estou..." Ele disse enquanto pegava sua criação de onde estava escondida, entre a mesa, a parede de pedra da caverna e um dos baús velhos. "Fazendo uma barbata nova pra você."
E, com um sorriso nervoso, ele descansou a barbatana ainda não terminada em cima da mesa.
Banguela pareceu hesitar, como se precisasse de um tempo para processar o que tinha ouvido e o que estava vendo. Ele se aproximou da barbatana não terminada e a cheirou uma, duas vezes, antes de se afastar, lançando um olhar para Soluço. E, pela milésima vez, Soluço desejou poder saber o que se passava pela cabeça do dragão.
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Como Treinar o Seu Dragão - To the Sky
FanfictionAo mesmo tempo que Soluço não queria criar expectativas, ele não conseguia deixar de pensar naquela possibilidade. Talvez a Fúria da Noite quisesse dizer alguma coisa, talvez os deuses quisessem dizer algo sobre o futuro do pequeno viking... Um futu...