Entre dragões

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   Embora os acontecimentos do dia anterior ainda estivessem claros na mente de Soluço, ele não se sentia intimidado, ele ainda queria explorar a ilha, descobrir as demais espécies de dragões que viviam por ali. Fazer contato com eles...

Uma coisa que muita gente concordava sobre Soluço era que ele era terrivelmente teimoso – como o pai, muitos diziam. E, naquele momento, ele concordava com aquilo.

Já tinha tido sua vida colocada em perigo várias vezes graças à dragões, tanto em Berk, quanto naquela nova ilha, mas ainda assim, ele estava determinado a continuar com suas ideias.

Paz e harmonia entre humanos e dragões.

Podia parecer loucura até mesmo para ele, mas Soluço ainda sentia que era possível. Ele já tinha dois amigos dragões, porque não poderia ter mais?

Ele entendia que aquilo ia demorar, que seria difícil apagar centenas de anos de inimizades, mas todas as grandes jornadas começavam com um simples passo, não é?

Soluço acordou pensando assim, abrindo os olhos com mais facilidade do que ele esperava. Ele comparou aquilo a como era acordar em Berk, sabendo que seu dia consistiria em participar do treino com dragões e mentir para o povo de Berk que acreditava que ele era alguém que ele não era.

Céus, como ele estava feliz por não ter de passar por isso. Qualquer um acharia aquilo estranho, mas Soluço estava mais contente acordando em uma ilha cheia de dragões do que de vikings.

O chão tremeu em baixo do garoto, o arrancando de seus pensamentos.

Soluço desviou os olhos para o dragão negro ao seu lado. Banguela estava levemente virado para trás, a asa erguida já não cobria mais o pequeno humano, mas o calor do dragão ainda o deixava quente.

O corpo de Banguela vibrava de vez em quando enquanto ele respirava, ainda dormindo, e Soluço teve que segurar uma risada.

Okay, dragões podem roncar, tudo bem..., ele balançou a cabeça, se perguntando como não notou aquilo antes.

Outro dragão também roncava aos seus pés, dessa vez soltando sons agudos e curtos, com a cauda pequena enrolada no tornozelo de Soluço, como se não quisesse perder o contato com o humano.

Soluço suspirou, se inclinando contra o corpo escamoso de Banguela. Ele se lembrou do que refletiu enquanto acordava e, embora quisesse fazer tal coisa, ao mesmo tempo ele não queria se levantar, não queria arruinar aquele momento.

Ele se sentia confortável, aconchegado, no calor dos dois dragões. Não queria levantar.

Um outro som, não muito distante, lembrou Soluço que aqueles não eram os únicos dragões na caverna.

Fogo Gelado se remexeu no lugar, esticando as asas e as pernas enquanto acordava.

Soluço não conseguiu deixar de observar. Como era esperado, Fogo Gelado agia praticamente do mesmo modo que Banguela; se remexendo antes de levantar, esticando a cauda e abrindo a boca num longo bocejo. Mas ao mesmo tempo Soluço conseguia notar como ela tinha o seu próprio jeito de se portar, balançando as barbatanas em sua cabeça e afagando a cabeça com as patas dianteiras; ela parecia um pouco menos graciosa que Banguela e o garoto se perguntava se era por seu porte maior e mais musculoso...

"É uma sorte o Escama da Noite ter um sono tão pesado." A energia obscura da Fúria da Noite tocou a de Soluço de repente, o surpreendendo. Fogo Gelado abriu os olhos, focando as pupilas finas para o humano enquanto deixava escapar mais um bocejo, dessa vez com os dentes à mostra.

Como Treinar o Seu Dragão - To the SkyWhere stories live. Discover now