Desista de uma vez

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   O céu estava tão perto e o mar tranquilo brilhava em baixo dele enquanto o sol esquentava suas costas.

Ele sentia a energia do mundo ao seu redor, o envolvendo, tocando cada um de seus sentidos, enchendo sua mente de informações diferentes. Mas ainda assim ele conseguia se focar, sentindo outra força o empurrando para frente, fazendo suas asas baterem, o sangue correr rápido por suas veias.

Era um dia lindo. Ele queria continuar assim para sempre e sempre.

Ele desviou os olhos para baixo, vendo a forma negra refletida no azul do mar...

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Soluço se sentiu preso no lugar, como se algo o segurasse ali. E por um momento ele perdeu seu equilíbrio. Não sabia o que estava acontecendo, mas era como se o mundo a sua volta de repente fosse envolto por uma névoa fraca.

Foi estranho, como se houvesse algo, ou alguém, ali do seu lado, embora ele estivesse sozinho no canto da arena. Lembrava um pouco a energia que tinha sentido antes em seu sonho – mais um sonho estranho, em que seu mundo parecia outro, em que ele parecia ser outro e não ele mesmo. Mas dessa vez era mais real, muito mais real do que ele tinha presenciado em sonhos.

A energia o envolvia de modo estranho, se afastando e voltando vez ou outra. Era forte e agitada, e se Soluço tivesse que descrevê-la, por algum motivo, sua mente queria usar a palavra "pontiaguda".

"Soluço!" O garoto voltou a realidade quando sua irmã o puxou pela camisa. E bem a tempo.

Soluço viu quando os espinhos do Nadder se fincarem na parede de pedra da arena. Ele respirou fundo, tentando processar o que estava acontecendo e onde estava.

Estava na Arena novamente – oh, que alegria – e dessa vez lutando contra o Nadder Mortal. Era a segunda vez que enfrentavam um Nadder, dessa vez em uma arena aberta, o que dizia que o dever era lutar, não se esconder e encontrar o pronto fraco do dragão. E era exatamente isso o que estavam fazendo.

Assim como nas outras vezes, Soluço não estava com cabeça para aquilo. Mas dessa vez as coisas estavam ainda piores...

Era aquela força, tão estranha e tão natural, que o envolvia com violência, atacando todos os seus sentidos e enchendo sua mente de informações diferentes, o deixando confuso e desorientado. Tudo o que queria fazer era sair dali e se jogar em sua cama, se esconder de tudo aquilo. Ele sentia como se sua cabeça fosse explodir a qualquer momento.

Mas Soluço sabia que, se ficasse sozinho, iria acabar pensando demais. Pensando na mordida que agora não passava de cicatrizes, pensando no dragão que havia causado o ferimento... Haviam se passado dois dias – dois dias apenas – e ele sentia como se não tivesse visto Banguela há anos! Soluço sabia que queria visitar o dragão, mas ainda assim, ele lutava contra sua própria vontade...

Céus, era realmente como se os deuses estivessem o castigando de algum modo...

"Agh! Droga!" Soluço ouviu e deu uma espiadela. Astrid rolou para longe do ataque do Nadder, uma vez que o próprio dragão havia agarrado seu machado com a boca e o lançado para longe, a deixando desarmada.

Soluço rapidamente se escondeu e ofereceu um sorriso nervoso para a irmã, ainda ao seu lado.

"Acho que agora é só eu e você, não é?"

"Que tal só eu?" Biscoito disse num tom estranho. Ela empurrou o irmão, o lançando contra o chão bem quando o dragão veio na direção deles.

Soluço se encolheu instintivamente quando os passos pesados do dragão passaram à centímetros dele.

Mas o Nadder não correu para pegar sua irmã. Porque teria feito isso? Soluço estava ali no chão, totalmente desprotegido. Era uma presa fácil.

Como Treinar o Seu Dragão - To the SkyWhere stories live. Discover now