Preso ao chão

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  Soluço demorou um tempo para processar o que estava acontecendo. Tudo ao seu redor era azul com formas brancas. Ele estava caindo. Caindo do céu como o granizo que assolava Berk por quase metade do ano.

Ele não sabia como tinha acabado naquela situação, mas isso não importava, o que importava mesmo era saber como ele sairia daquela situação!

Mas, por algum motivo... Soluço não estava preocupado, não estava nervoso, não estava com medo. O som do vento passando por ele enquanto caia soava quase como música. A luz do sol tocava-lhe o rosto e o esquentava de um modo maravilhoso.

Ele se sentia... Livre...

Então uma sombra encobriu a luz do sol. Ele não conseguiu ver direito a sombra, mas a forma era grande e estranhamente acolhedora.

—o—

O garoto abriu os olhos, encarando o teto de madeira de seu quarto. Estava de volta à realidade. Tinha sido um sonho.

Ora, mas é claro que foi um sonho!, ele reclamou para si mesmo, se levantando lentamente e bocejando alto. E estava se sentindo tão bem e relaxado que nem se encolheu com o frio da manhã! Era como se o sonho e aquela noite de sono tivessem o enchido de energia! Soluço rapidamente colocou seu colete de pele e foi até a porta, mas parou.

Ele conseguiu ouviu as vozes de seus pais em baixo de seu quarto. Valka normalmente mantinha a voz mais baixa, enquanto Stoico tinha naturalmente uma voz retumbante; mas dessa vez, a voz da mulher viking estava quase na mesma altura que a de seu marido.

Soluço não ousou descer as escadas, só ficou na porta de seu quarto, ouvindo...

"Então estão planejando procurar o Ninho dos Dragões novamente?" Valka perguntou, sua voz forte, irritada.

"Não só procurar! Achar e destruir!" Stoico respondeu seriamente.

"Stoico, isso é uma loucura! Você sabe que os navios nunca voltam!"

"Valka! Nós somos vikings! É só um risco ocupacional" Dava até para ver o chefe erguendo as mãos enquanto falava.

"A chance de perder o meu marido não é um risco ocupacional para mim, Stoico!" Valka retrucou, irritada, e era quase possível vê-la de braços cruzados frente ao seu peitoral. "O que vamos fazer se você não voltar?"

"Valka, você sabe o que fazer." Stoico disse, abaixando levemente o tom da voz. "Berk ficará segura em suas mãos e nas mãos de nossos filhos, eu sei disso."

Silêncio.

"Nós não precisamos fazer isso...!"

"Valka!" Stoico pareceu suspirar exasperado. "Se o ninho continuar intacto os dragões vão continuar atacando!"

"Se pararmos de atacá-los eles vão param de nos atacar!" Valka afirmou, como se tivesse provas de tal informação.

"Besteira!" Stoico retrucou, alto, retumbante.

Não seria uma surpresa se todos em Berk estivessem agora ouvindo a conversa entre o chefe e sua esposa.

Soluço quase pulou quando sentiu a mão da irmã tocando seu ombro.

"Você quer descer pela janela?" Era uma pergunta sarcástica.

Soluço balançou a cabeça e desceu as escadas. Valka e Stoico tinham terminado sua conversa e estavam ambos calados. O ar estava tenso e os gêmeos não sabiam como reagir.

"Bom dia!" Biscoito finalmente disse, alto, com um sorriso no rosto e as mãos na cintura.

Valka sorriu para a filha, mas ainda assim era como se a tensão continuasse ali.

Como Treinar o Seu Dragão - To the SkyWhere stories live. Discover now