Respostas...?

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   Seu corpo doía.

Os pássaros cantavam e o sol descia sobre ele, quente, aconchegante. Mas ele não conseguia se sentir feliz. Uma aura negra pairava sobre ele, escurecendo o seu humor e o fazendo se sentir pesado como uma pedra.

Os músculos se moviam violentamente e ele podia sentir sua própria energia vibrando com irritação e frustração. Ele se sentiu batendo contra as pedras, deslizando por elas mesmo quando tentava se segurar com as garras longas. Sem sucesso. De novo.

Uma energia diferente dançou não muito longe. Era pequena, tímida, temerosa, era tão fraca que era uma surpresa ele ter sentido. Pelo menos era melhor do que a outra que tinha sentido, muito mais confortável, embora desconhecida.

A energia dançou com o que parecia uma comunicação, de surpresa, choque e medo.

E quando ele ergueu os olhos, se encontrou encarando um rosto pálido, cheio de marcas escuras e com dois grandes olhos verdes, que refletiam os mesmos sentimentos da energia.

E demorou um tempo para Soluço perceber que o rosto que ele encarava, era o seu próprio rosto.

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Soluço acordou violentamente, ouvindo um choro alto e longo ecoando em seus ouvidos.

Mas não era um choramingar humano, era um som diferente, de um outro ser.

"Banguela..." Um arrepio subiu pelas costas do rapaz, e seu ombros formigava tão violentamente que ele sentia como se estivesse pegando fogo.

Aquele sonho... Não podia ser um sonho.

Aquele era o momento em que Soluço e Banguela haviam se encontrado no cânion pela primeira vez, mas dessa vez, ele estava vendo tudo pelos olhos do dragão.

Soluço hesitou, sem saber o que fazer ou o que pensar.

Ele podia jurar que o que tinha acontecido na madrugada anterior tinha sido um sonho, mas não, tudo tinha acontecido de verdade.

Primeiro ele falava com dragões, agora ele sonhava como um dragão...

Aqueles sonhos então eram sonhos com Banguela. Os dragões negros, os voos, os três olhos ameaçadores... Ele estava vendo o mundo de Banguela, embora não tivesse a mínima ideia do que aqueles momentos representassem para o dragão.

Aquela mordida era mais do que um modo de abrir comunicação entre ele e os dragões e só tinha um jeito de descobrir mais sobre isso.

Ele tinha que ir ver Banguela.

Agora.

Soluço rapidamente empurrou os cobertores de pelo para o lado e se sentou na cama, se arrependendo logo em seguida.

"Ai..." Ele passou a mão pela barriga, sentindo a dor se espalhar por seu torso. "Ah é, o Pesadelo Monstruoso..." Ele ergueu a camisa, soltando um grunhido ao ver a grande marca escura que estava começando a aparecer em sua pele. Pelo menos ele ainda estava vivo.

Mas ele não podia deixar aquela dor o impedir de sair, ele conseguia aguentar.

Soluço pegou as botas e deu uma olhada nos apetrechos de voo. Ele hesitou. Mas após alguns segundos de reflexão, ele colocou seu colete de voo sobre a camisa verde. Ele não planejava voar, mas sentia falta da sensação... Do vento nos cabelos, o sol quente em seu rosto e a vista de Berk lá do alto...

Tenho certeza que Banguela também sente falta disso..., Soluço pensou com um sentimento de culpa. Sim, só tinha passado praticamente três dias, mas como ele pode deixar o pobre dragão que não podia voar, sozinho naquele cânion? Soluço tinha ido embora tão rápido que ele nem chegou a tirar a sela do dragão!

Como Treinar o Seu Dragão - To the SkyWhere stories live. Discover now