Giovanna é dona de um quiosque à beira da encantadora praia de Tamandaré, em Pernambuco. Alexandre, um renomado chef de cozinha, prestes a abrir seu mais novo restaurante.
Ambos inicialmente se detestam.
Porém, o amor surge como um prato de segund...
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"Você não é apenas uma gota no oceano. Você é o oceano inteiro dentro de uma gota."
ALEXANDRE POV
A maturidade nos faz perceber o quanto a felicidade é boa, o quanto a vida que nos cerca é boa. O tempo realmente não para — ouvi esses dias andando na praia, me falaram que era Cazuza. Um carioca como eu. Mas diferente dele eu queria que o tempo parasse desse saltos maiores, fosse além da infinidade dos meus pensamentos. Eu queria ser eu novamente e me sentir mais 'eu' a cada dia. Todos diziam: "tenha calma, tudo no seu tempo". Mas qual é esse tempo?
Já faz quase um mês desde que perdi a memória. E realmente minha vida tinha dado um 360° que ninguém esperava. Eu vinha descobrindo aos poucos como o mundo funcionava, quase um renascimento — ou melhor, era um renascimento. Todo dia descobria mais, me apaixonava pela natureza, pelo gorjear das aves, pela simplicidade da vida — Giovanna tinha total culpa nisso.
E falando nela, eu estava a quase dois dias em sua casa desde a viagem de Marjorie para capital pernambucana e de Rodrigo para o Rio. Eu não posso dizer que não fiquei nervoso e surpreso com o fato de que ia passar uma semana com ela. Nervoso por se tratar dela e tudo que ela despertava em mim e surpreso por ela ter aceitado.
Mas era tudo meio comum em nossos dias. E hoje posso dizer que nunca conheci uma pessoa como Giovanna. Ela realmente é uma força da natureza. Uma deusa olimpiana ainda não descoberta, pois, ter tanta motivação como essa mulher, não existe. Ela acordava às 5h30 da manhã, fazia yoga, malhava, tomava banho de mar, ia para o trabalho e ainda tentava aprender violão. Além de ter um cheiro que atravessava o meu quarto, que ficava colado ao seu. O mesmo cheiro do seu pescoço de quando quase a beijei. Se era para me enlouquecer, pode ter certeza que ela estava conseguindo.
Cheguei durante a noite de domingo em sua casa e quase não conversamos, ela apresentou o quarto de hóspedes e fiquei o resto da noite até pegar no sono. No outro dia não foi diferente, quando acordei ela já não estava lá, apenas um bilhete sobre a mesa falando que tinha ido para o trabalho e que voltava no horário do almoço. Eu apenas segui o dia, sabia que naquela circunstância ela estaria me evitando por conta do quase beijo e a entendo.
Fiz tarefas de casa e aproveitei para fazer um almocinho simples e delicioso para ela, sabia que voltaria com fome. No almoço também sem muitas palavras e isso já me incomodava, além dela evitava olhar diretamente para mim. Mas o que talvez eu nunca consiga esquecer o rostinho dela feliz provando minha comida, foi a certeza de que o Alex Chef ficaria feliz. O dia passou como um foguete e boa parte dele sozinho, quando percebi já era noite e adormeci no sofá conversando avidamente com minha irmã.
🌊
— Bom dia! — digo animadamente ao perceber que Giovanna já estava de pé.
— Oi, Alê! Bom dia! — ela diz enquanto terminava de coar o café, que estava exalando em toda casa.
Eu me aproximo da bancada e fico ali lhe observando. Um silêncio reconfortante, que vinha acompanhado de um riso frouxo de Giovanna. Era a sonoridade de agradar gregos e troianos. E por um momento a névoa que me assombrava a minha cabeça clareou e ao meu ver parecia lembrava que amava a quietude dos dias, das horas, minutos. O silêncio. Mas hoje parecia que silêncio acompanhado da melódica voz de Giovanna era minha tangente de alegria.
