Capítulo 14 - Audácia

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"O chão é cama para o amor urgente,

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"O chão é cama para o amor urgente,

amor que não espera ir para a cama.

Sobre tapete ou duro piso, a gente

compõe de corpo e corpo a úmida trama (...)"

Carlos Drummond (O chão é cama)


Se um dia o Alexandre do passado pensou em paixão, pode ter certeza que ele falou isso bêbado ou para impressionar alguma mulher. Ele era sensível de fato, amava tudo — a vida num todo principalmente — era respeitador realmente como todos constataram, sempre foi um lorde, como Marta se orgulhava em lembrar. Mas amor a dois era complicado. Mais do que todos imaginavam. E quando toda aquela memória desapareceu, era como se outro surgisse, um Alexandre que existia, mas que era mais comum na sua jovialidade.

O outro Alexandre teria medo de tudo, se envolveria, mas teria medo. Ele não estava preparado para amar. Esse era. Ele era todo amor, da cabeça aos pés. Olhos, corpo, alma e coração.

Por mais que tivesse medo, mas um medo comum, ele não atrapalhava o que realmente queria e naquele momento, ele queria viver até quando pudesse. Pediria a Deus, Santos, Guias e Orixás. Faria uma promessa. Faria simpatia. Andaria em romaria. Tudo para não perder o amor.

E naquele momento de corações acelerados, mãos suadas e bocas coladas. Ele sentia o gosto que sentiu na noite anterior, juntamente pingos de chuva que se misturavam à saliva trocada, que na alquimia de suas bocas virava um gosto somente deles. Uma adoração deles. Admirada apenas pela natureza de .

Os beijos que começaram lentos tomavam forma de precisão, desejo, ardência. Fazendo o corpo de ambos entrarem em combustão. As bochechas douradas de Giovanna, agora ficavam vermelhas de tanto desejo e do atrito da barba que horas se esfregava diante dela — e ela jamais reclamaria. Além do cabelo já bagunçado pelas mãos de Alexandre que a puxava pela nuca. Ela pensava que para alguém que esqueceu de tudo, ele beijava tão bem que nem parecia verdade. Com seus corpos colados, era capaz de sentir a ereção do homem que a beijava com destreza.

Até que Alexandre para o beijo, deixando Giovanna totalmente sem ação.

— É melhor a gente parar. — dizia ofegante com os olhos nos dela. — Eu prefiro ficar com essa lembrança do que com arrependimento. — se afastou de seu corpo.

— O que? Não! — falou sem acreditar no que ele dizia. — Tu é surdo? Moco? Eu acabei de dizer que eu lembro e eu sei exatamente o que quero, você!

— Giovanna, quem me garante que Giovanna de agora e de amanhã vão bater nas respostas? — perguntou sério. — Que tu não vai se arrepender? Que não vai correr e dizer que não era isso? Que somos só amigos?

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