POV Narrador
Lisa acordou cedo e suspirou aliviada por saber que não teria plantão pelos próximos dois dias, precisava realmente descansar.
Levantou, afinal não conseguia ficar muito tempo na cama, sempre fora assim.
Tomou um banho demorado, se vestiu e preparou um café, dançando ao som de Mickael Jackson. Todo mundo dizia que tinha alma de velha por gostar de um cantor pop já falecido, mas ela amava as batidas e o ritmo que só ele tinha.
Ouviu seu telefone tocar e soltou um gemido, logo hoje?
-Alô.
-Lalisa sou eu, seu pai.
-Oi pai.
-Como você está? -Ele obviamente não esperou ela responder. - Preciso que cuide do Lin essa semana. Vou viajar a trabalho.
-Pai! Como vou cuidar do Lin? Eu trabalho também.
-Lalisa, eu não tenho com quem deixar ele. E ele também não fica com qualquer pessoa, sabe disso.
Ela suspirou forte, amava demais o irmão, mas cuidar dele exigia tempo, e ela nem sempre tinha tempo. Além disso sabia bem o tipo de "trabalho" que seu pai ia fazer, passar uma semana com alguma prostituta numa praia ensolarada. Não podia deixar o irmão ver isso.
-Tudo bem pai.
-Ótimo, estou mandando o motorista levá-lo.
Ele desligou antes mesmo dela responder.
Não entendia porque seu pai fizera tanta questão de ficar com a guarda dela e de Lin, nunca foi um pai presente. Ela mesmo havia se refugiado nos estudos, se formando muito mais cedo do que o comum.
Sentia falta da mãe, que fora proibida de ver. E sentia falta do pai que trabalhava e saia com mulheres. Ela saiu de casa cedo porque não aguentava a solidão que tinha.
Com Lin era ainda pior, ele sofrera um acidente na infância que o deixara paraplégico. Isso foi uma das coisas que a motivou a ser médica e evitar que isso acontecesse com outras pessoas.
Mas era tarde pra Lin, seu irmão de 16 anos que não podia andar. Acontece que o pai nunca permitiu que ele tivesse uma vida comum depois disso.
Fora criado de forma a acreditar que jamais seria capaz de fazer nada sozinho e acabou tomando isso como verdade pra vida, havia se fechado e se tornado dependente e introvertido.
Por mais de uma vez Lisa tentou lhe falar que não precisava ser daquele jeito, que ele podia ter uma vida comum, mas o irmão não ouvia.
Uma buzina tocou e ela saiu pra ajudar o motorista a colocar o rapaz em uma cadeira de rodas, depois o guiou pra dentro de casa.
-Você conhece a casa Lin. Pode ficar a vontade.
-Ele foi viajar com outra mulher não é?
-Não sei.
-Me poupe Lisa. O pai só liga pra dinheiro e mulheres.
-Porque não vai tomar café?
-Você continua fugindo. Só isso que sabe fazer.
Lisa suspirou e preparou café pro irmão. Nunca se importou de cuidar dele, mas o jovem havia se revoltado com a idade e agia como se tudo fosse culpa de todo mundo.
-Tem ido a terapia? Feito a fisio?
-Não. Pra que? Nunca vou sair dessa cadeira.
-Não quer dizer que não possa melhorar sua qualidade de vida Lin. Você não precisa ser dependente o resto da vida. Não iria gostar de poder se virar sozinho?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aquela filha da máfia
FanfictionJennie Kim é uma boa policial, dedicada ao trabalho, leal a família e aos amigos. Sua condição de intersexual sempre lhe deixou meio mulherenga o que fez a sua fama entre os colegas de trabalho. Tudo muda quando em uma manhã como qualquer outra ela...