Capítulo 9

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<|Slipping through my fingers – Declan McKenna|> ∞
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ANTES
Minho. 17/03/13

Minha vida não está mais na mesma. Hina e Joonghae se divorciaram, pelas brigas e pela "falta de amor". Viviam se chingando, e se maltratando, por isso o divórcio.

Minha família é quase inexistente. Minha mãe não tinha irmãos, nem pais. Meu pai não tinha pais, e tinha uma irmã, que não mora mais em Seul.

Depois de um ano lutando na justiça, Hina conseguiu minha guarda. Joonghae nem quis se importar comigo, mas só com Jisung.

Hina chorou muito, com saudade de Jisung. Ela me mimou muito, sempre me tratando como filho. Ela até tentou convencer Joonghae, mas não deu certo.

De mês em mês nós passamos na casa de Jisung. E sempre que piso naquela casa, me lembro desde o início, desde que eu cheguei aqui.

Jisung mudou muito, deve ter sido a idade. Ele é mais agressivo com os pais, e sempre está dando patadas em todos. Comigo não muda tanto, ele é grosso e rude.

Eu ainda vejo ele como o garoto de sempre, o gentil garoto de sete anos. Mas agora tenho dezesseis, e ele treze, diz ele que somos diferentes, e que é melhor eu parar de falar com ele.

Ele vive dentro do quarto dele. Bem chatinho, até. Ele tem sorte que eu parei de ser emburrado, e eu trato ele bem, que nem quando éramos crianças.

Ele é mais manso comigo, mas continua sendo daquele jeito. Hoje, a história se repete. Nós fomos ver meus pais, e comer almoço na casa de Joonghae.

— Minho, como está indo a escola?— Joonghae pergunta, tomando uma garfada da carne, que ele tinha feito.

— Tudo bacana, indo tudo bem— Eu sorrio sem graça, e ele sorri baixo, balançando a cabeça em aprovação. Jisung cutuca a comida, e come só o purê de batata que Hina fez.

— E você, Filho? Tudo bem na escola?— Hina pergunta, sem comer um bocado. Ela estava com esse problema de não comer, ela não se ajuda, e eu tento ajudar ela.

— É.. tá indo... — ele rola os olhos e mastiga um pedacinho de carne. Eu estou atento a cada movimento de cada um, vendo as mudanças simples no comportamento de cada um.

— Fala, filho, da sua conquista— Joonghae dá uma cotovelada leve em Jisung, ele franze as sobrancelhas, e bufa.

— Eu tô avançado nas matérias, as minhas professoras dizem que eu vou me graduar mais cedo. — ele cutuca a comida, e Hina tampa a boca, surpresa.

— Que incrível, meu anjo! Imagina você e Minho, se graduarem no mesmo ano!— Hina coloca as mãos no peito, com os olhos cheios d'água.

Eu sorrio, suavemente. Jisung ri levemente — Eu não imagino isso, seria uma bosta— ele cruza os braços, com um sorriso maligno no rosto.

Eu olho pra ele, sem saber o que dizer, eu franzi minhas sobrancelhas. Ele nota, e tira o sorriso. — Jisung, para de falar baboseira, seria legal sim, escuta sua mãe.— Joonghae fala sério.

Jisung bufa, me fazendo questionar por quê seria uma bosta. Depois do almoço, Hari manda eu ficar com Jisung, que eu aceito na hora. Mesmo ele sendo grosso, eu não via ele como um cara ruim.

Então, eu vou com Jisung até o quarto dele, mas ele para quando chega no corredor, olhando para trás, onde eu estava subindo as escadas. Ele me olha de cima para baixo.

— Você está me seguindo?

— Hina disse para eu ir atrás de ti.

— E quem disse que era para você obedecer?

— Bom, eu quero obedecer.

— Por que você é assim?

— Assim como?

— Ridículo.— ele ri, parecendo me menosprezar, e indo para o seu quarto, fechando a porta na minha cara. Eu subo as escadas, e meus olhos enchem de lágrimas.

Por que ele estava me tratando assim? Eu não lembro de fazer nada contra ele, nem nada envolvendo ele. Meu coração aperta, de ver ele sair.

No ato dele, não parecia mostrar nem um pouco de empatia ou amor. Ele não me quer mais? Eu quero ser não só amigo dele, mas um cara que ele respeita, tipo um irmão.

Ele não parece estar bravo, nem com ranço. Mas ele parece estar querendo mostrar para ele mesmo o quanto ele é corajoso ou forte, por sobreviver um divórcio.

Me dá pena dele. Mas não é pena, é mais lástima, ou compaixão. Eu quero que ele entenda que ele não fez nada, e está tudo bem ele estar revoltado.

Eu me encolhi, no lado da porta dele, e fiquei pensando em como melhorar. Quando minhas lágrimas caiam eu limpava elas, não querendo mostrar minha fraqueza.

Escuto Hina e Joonghae conversando, incrivelmente calmos. O meu choro, saia involuntariamente, e eu tirava todas as lágrimas, não poderia deixar ninguém ver a minha choradeira.

Jisung abre a porta do quarto, e eu escondo minha cabeça. Ele se agacha quando me vê, e segura meu ombro. Eu viro minha cabeça para o lado contrário dele.

— Minho..

A voz dele saiu trêmula e baixa. Meu choro escorre desesperadamente, mesmo eu não querendo, eu não conseguia engolir o choro.

— Não foi isso que eu queria ter feito.. não foi minha intenção, me desculpa. — ele se senta no meu lado, ficando de joelhos.

— Eu posso parecer meio cheio de mim mesmo, mas você sabe que eu não sou assim. Eu me sinto tão fraco, eu sou fraco, Minho — ele começou a chorar.

Eu tive que olhar para ele, minhas lágrimas estavam secas. Eu me relaxo, e limpo as lágrimas dele com o polegar. Ele chora mais um pouco.

Quando ele me abraça, eu não consigo chorar, só penso em confortar-lo e amar-lo. Eu quero que isso passe, e que se torne apenas uma fase de sua trajetória, mas ele chorar agora, me traz incerteza.

Mas eu amo muito ele, não quero que ele sofra. Só quero saber em consolar ele, e que ele cresça em amor e gentileza, não que ele cresça com essa personalidade áspera.

— Eu te considero muito, Minho— ele fala deitado na cama, assistindo eu me arrumar para sair, pois Hari me chamou para sair.

— Eu também, Jisung.— eu lanço um sorriso suave para ele. Ele não consegue conter o sorriso, e se levanta para me abraçar.

É engraçado como um 'Te amo', mudou para um 'Te considero'. Ele separa o abraço, segura minha cabeça, e me encara. Logo depois, ele beija minha testa, devagar.

Ele volta a me encarar, e segura minhas mãos com as dele. Hina me chama de novo, e eu sorrio para ele, me distanciando. Ele ainda se segura na minha mão, e a solta devagar.

Eu saio dali, sorrindo, por saber que ele não mudou seu jeito de demonstrar carinho. Ele ainda gosta de mim.. Eu saio saltitando, imaginando o próximo encontro.

Amor É Um Verbo ~ [minsung]☆Onde histórias criam vida. Descubra agora