capítulo vinte e dois.

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Depois de tomar seu devido banho, escovar os dentes com o dedo —cuja esse dedo não havia sido introduzido no professor,— tomou a liberdade de fuçar no guarda-roupa pertencente a Pete, procurando alguma camiseta que parecesse nova e ao menos coubesse nele sem parecer um homem velho. Claro que poderia vestir a sua própria, mas não conseguia encontrar ela de maneira nenhuma e olha que havia procurado até mesmo debaixo da cama.

A possibilidade do professor ter colocado-a entre as roupas sujas sem querer era alta.

Segurou a risada ao ver um cabide repleto de peças com desenhos animados, aquilo definitivamente é novo. O Phongsakorn geralmente se demonstrava no colégio como um homem sério e recluso pra qualquer tipo de coisa colorida, mas aquele Phongsakorn era completamente diferente. Pegou gentilmente uma blusa que tomou como nova e a vestiu em frente ao espelho do banheiro, ótimo, seria apresentável assim como o outro queria. 

Sem demora saiu do quarto, começando a escutar conversas e burburinhos de um timbre diferente do que costumava ouvir. Acelerou os passos focando primeiramente nas costas do professor gesticulando e logo capturou a imagem de um garoto que parecia ser do seu tamanho, com uma feição desagradável que só piorou quando teve noção da sua presença.

“Não acredito nisso, pai.” O menino, que entendia ser Nice, apontou para Vegas. Escutou um suspiro pesado antes de ter o olhar do mais velho da casa. “Está ficando com uma criança?”

Seu ego tinha sido ferido.

Como assim 'criança’? Vegas praticamente tinha marcação de barba bem aparente e ainda um porte grande demais, mesmo que não treinasse em uma academia oficial fazia exercícios quando estava sozinho na própria casa, seus músculos quebrariam o garoto facilmente. Além de que era um adulto. Engoliu o xingamento em seco, não queria frustrar o pai do jovem que também era o homem por quem tinha uma queda física.

Não tinha lado favorável há não ser sorrir amigável.

“Não é nada disso, Venice.” Venice? Onde tinha escutado esse nome mesmo? “Espera aí, eu não tenho que dar satisfação pra ninguém. Não tente mudar a porcaria do assunto colocando o foco em mim.”

Por que estava sentindo que era o juiz da luta de falações?

Coçou a nuca incomodado saindo da escada e indo para o lado de Pete, se fosse para parecer um juiz fajuto que pelo menos parecesse estar do lado de quem tinha levado-o para cama. Venice revirou os olhos se jogando no sofá como uma criança mimada fazendo biquinho, agora sabia pra quem Pete tinha jogado essa mania quando ficava irritado.

“Eu não acredito que foi de novo nessa merda, garoto. Já lhe disse mais de trinta vezes para não ir nessas malditas festas de adolescente!” Aquilo sim parecia com o Phongsakorn conhecido, pavio curto e odiador de adolescentes. “E se a polícia aparecesse? Não quero nem pensar se te pegarem com alguém drogado.”

O que ele deveria fazer? Concordar com o mais velho, permanecer quieto no lugar ou ir embora para fugir de toda aquela briga que os vizinhos provavelmente escutavam?

Envergonhado e sem jeito, tentou tocar o ombro de Pete que se esquivou como um gato selvagem. Ergueu as mãos em rendição com medo de que tivesse o lindo rostinho arranhado ao tê-lo encarando feio, recebeu um apontamento de indicador para o lado do sofá e entendeu o que aquilo significava.

Praticamente correu aos tropeços até o lado de Venice, sentando-se e a postura permanecendo impecável de tão ereto que o corpo ficou. Iria sobrar pra ele e só confirmou quando Pete puxou os próprios cabelos irritado, vindo em direção a eles mancando levemente e mantendo-se de pé. Intacto.

professor PeteOnde histórias criam vida. Descubra agora