007. "golden heart"

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SASHA.

Encontro Ronan, John B e Hannah no meio da muvuca e vou correndo até eles.

— Nessa altura da vida tem que convencer garota pobrinha a aceitar ganhar grana? Ah, me poupe. — expresso. — Alguém precisa dar um choque de realidade naquela menina, vai, um por vez.

— Deixa que eu vou. — John B fala e sai caminhando.

SOFIA.

— Eu sei que a Sasha falou com você. — diz John B se encostando na sacada que eu estava.

— Eu tô morrendo de vergonha. — falo.

— Tem modelo que faz sucesso aqui, tem umas lá fora. E elas tem vários patrocinadores.

— Mas eu tenho namorado. Você já fiz isso, John B?

— Não, Angel, eu dei azar. Mas se eu tivesse feito teria ido muito mais longe. Eu era muito bobinho, não tinha ninguém pra me orientar e eu nem percebi as oportunidades. Aproveita essa chance. — ele diz e sai.

Fico parada ali, até que volto pro evento e vejo Sasha e John B. Passo direto. Todas as modelos estão me olhando.

Assim que chego em uma escada, paro nela pra ver a vista.

— Sabia que eu também vou nesse jantar? — Hannah tinha me seguido. — Pena que não é pelo Senhor Goodwin, que é podre de rico.

— Você faz Book Rosa, né?

— Meu amor, na agência da Sasha, se a modelo quer ganhar dinheiro, quer desfilar, quer vencer... faz Book Rosa.

— Sua mãe não desconfia? — pergunto.

— Ela sabe. E ainda fica me esperando. Se não fosse o dinheiro do Book Rosa, eu não teria nem casa pra morar. — ela pra e acende um cigarro. — Sabe que as vezes não acontece nada? Ele bebe e dorme, é só esperar e sair de fininho. O Goodwin tá bebendo muito.

Eu não queria isso, estava me sentindo fraca. Hannah já tinha saído, então decido me sentar em um degrau da escada pra processar tudo isso. Eu estava chorando.

— Angel. — era a Cléo, Jimmy estava há alguns degraus antes dela.

— Veio me convencer também?

— Não. Eu tô vendo que tão te cercando, eu vim dizer que eu não faço Book Rosa. — eu me viro pra ela. — Ninguém obrigado a fazer. E é uma mentira que é melhor que o trabalho normal, eu já tô até comprando um apartamento. — ela me puxa pra um abraço. — Não fica assim, viu?

Vou andando pelo evento atrás de Sasha, já tinha me decidido. Ela estava com John B e Ronan.

— Posso falar com você? — pergunto a ela que logo me segue.

— E aí, pensou bem? — questiona.

— Pensei. E eu não vou fazer. A Cléo também não faz.

— A Cléo? A Cléo faz parte da cota.

— Ué, que cota?

— A cota racial. Toda agência tem que ter uma modelo negra pra desfilar. É politicamente correto. Olha a Hannah, ela chegou aqui parecendo uma mendiga. Hoje ela já comprou até casa pros pais! — ela diz confiante. — Tua mãe não tá com dificuldade financeira?

— Minha avó também, mas...

— Nossa, pensei que você fosse diferente. — ela me interrompe. — Eu já vi que você é do tipo que não ajuda ninguém, nem a própria família. É você e sua própria consciência.

— Eu quero ajudar elas.

— Então decide. Você vai ajudar ou vai dar as costas pra elas?

Penso bastante no que vou responder.

— Eu aceito. Eu quero ajudar. — falo tristemente.

— Boa menina, eu sabia que você tinha um coração de ouro. É só por um tempo, até a situação da sua mãe melhorar. Depois você volta a trabalhar só como modelo. — ela para. — Muitas não fazem o Book Rosa. Mas poucas precisam tanto do dinheiro quanto você. Separei um vestido lindo pra você usar. Vou por o dinheiro do táxi na sua bolsa.

— Mas e se for horrível?

— Meu bem, homem gosta de estufar o peito de dizer que é machão. Mas a maioria é como um poodle, você vai sentir uma cosquinha e acabou. Quando chegar você toma um banho, vai ficar renovada.

Já estava com Hannah na mesa do restaurante, eu estava ao lado do Senhor Goodwin e ela de algum outro executivo.

Eu não me sentia nada confortável, não conseguia nem conversar direito.

Hannah parecia estar se divertindo, ela estava rindo e tomando drinks. Eu estava quieta.

— Eu vou no banheiro. — digo pra Hannah.

— Vê se volta com um sorriso no rosto. — ela diz e eu saio.

Mas eu não saio pro banheiro.

Eu só consigo pensar no JJ. Não queria fazer isso com ele.

Então resolvo sair de vez do restaurante. Prefiro não gastar o dinheiro que Sasha colocou na minha bolsa, então vou até minha casa andando enquanto choro.

Não era esse meu sonho.

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𝐈𝐋𝐋𝐈𝐂𝐈𝐓 𝐀𝐅𝐅𝐀𝐈𝐑𝐒 - Rafe CameronOnde histórias criam vida. Descubra agora