37- Vazio Compatível.

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Queixa quando nota que o ferimento em sua mão continua doendo, o curativo que fez foi arrancado, há alguns segundos surtou e arrancou da sua pele lastimada. Agora há um pedaço da sua carne exposto, isso doía e queimava, mas nada era comparável a seu vazio abundante e vigoroso. Nada irá funcionar, ninguém se importa se ela está ferida, seja na mão ou na sua intimidade.

Talvez quando a castanha a limpou e fez pequenas massagens, estava se importando! pensou Amity.

O dia doente e afável que logrou no apartamento da adulta, não se permitiu rememorar dos momentos que as mãos morenas esfregaram na sua pele lesada e seu pudor foi violado sem ternura.

O quarto era vago, deixava a adolescente carente, sempre viveu com este vazio, nada conseguia preenchê-lo, notou que apenas percebeu que vivia com esse vazio quando teve sua primeira relação com Lucia. Pegou toda dor e chamou de amor, mesmo não sendo, ela não sabe o que é amar outra pessoa, mas sabe que sentir atração é um dos fatores, Lucia queria ela, então, Lucia a amava.

Quem iria te querer por perto se não fosse amor? pensou. Mas, deixou de amar, para Amity, Lucia a amava - mas depois do ocorrido no carro deixou de ama-la, para a pequena, era sua responsabilidade o amor ter desaparecido, junto com seu sumiço, não mandava mais mensagens, não ligava, nãos buscava-a, não dizia que ela é linda.

Sua ausência deixava Amity com apetência.

Se sentiu sozinha, algo a devorava por dentro, fazendo sua alegria e conforto secar, ela não quer sentir isso, ela prefere Lucia sendo extremamente ruim com ela do que ficar com a solidão, era tão ruim a ideia de ser deixada, como foi por sua irmã, seu pai nunca esteve presente e sua mãe nunca a ajudou.

Olhou para a mensagem que acabou de chegar, era Boscha, a mensagem foi dolorosa.

"Ainda somos amigas? Podemos ser amigas?"

Era demais, não quer, não queria saber de ninguém, queria apanhar, um desejo sujo, não há luxuria envolvida, ela quer sentir dor, afinal, estava sendo péssima.

Olhou para a mesma tesoura que deixou um pedaço da pele da mão pendurada, não quer fazer de novo, é ridículo e patético causar sua própria dor, quer que outros cause, mas não qualquer pessoa, alguém que a tem direito, alguém que Amity deixou irritada, se sente condenada, passou por julgamentos; feitos pela sua própria mente, estava disposta que se sua mãe estivesse em casa iria chamar sua atenção de alguma forma.

Apesar de tudo, amava sentir a aprovação da sua professora, além disso, aprovação feminina mais velha e acadêmica, sentiu falta da doce e inocente felicidade quando Lucia dizia que ela era bonitinha, tinha um rosto lindo, Amity também já quis elogia-la, apesar do quão sujo seria elogiar seu agressor, queria lhe dizer: você é linda, o que viu em mim? Eu sou tão sem graça, pareço uma taboa! Com espinhas no rosto, olheiras, e você é simplesmente linda.

Olhou a notificação, vendo seus amigos dando parabéns e algumas mensagens confusas da Boscha, olhou com melancolia, sabia que não havia nenhuma vontade de responde-los, pensou que não merecia todo este carinho, além disso, a carta da sua irmã mais velha, não teve coragem de abrir até agora.

Ela é uma péssima pessoa, tão nojenta, feia, acha que você realmente merece isso? Nem se quer deveria está viva, deve ir para um buraco e nunca mais ser encontrada. Merecia toda dor que Lucia a causou, foi culpada por aceitar aquilo, no fundo, ela quis, adorou, como a adulta falava: Você ama quando eu te toco, quando estou dentro de você, quando eu faço você chorar.

Ela queria dizer: Não! É horrível, eu não quero nunca mais sentir isso.

Todavia quando negou, se sentiu culpada, sentiu que fez Lucia sofrer com isto, que ela estava irritada por culpa unicamente dela. Nem se quer merecia os únicos elogios da dominicana, o que lhe restava, unicamente era cicatrizes e machucados, internos e externos, para todo sempre.

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