15 - IV
Quando abriu a porta, viu a esverdeada sentada na cama, estava com o rosto um pouco assustado, pelos gritos que ecoavam pelo corredor, sabia eu a coisa não estava boa - viu a figura morena em sua frente, estava com seu rosto abaixado, não tinha coragem de olhar Lucia nos olhos.
— Eu quero que você vá embora.
— Mas, eu não sei o caminho de casa... - sussurrou, insegura.
— Isso não é problema meu, quer acabar de arruinar minha vida?
— Não...
— Então, vai embora.
Ela se calou, sentiu um desejo enorme de chorar enquanto caminhou pelo quarto sem jeito, não olhando para a Lucia em nenhum momento, brincava com seus dedos - estava tão ansiosa que não conseguia mais controlar sua respiração. Quando chegou na porta do quarto, decidiu ser atrevida.
— Eu... - gaguejou de início, mas logo decidiu ser confiante. — Eu não tive culpa da briga estupida que você e aquele homem tiveram, eu só estava dormindo, você que foi burra o suficiente para trazer ele para a sua casa enquanto eu estava aqui! — Começou a levantar a voz e viu a figura adulta se virando contra ela.
— Você deveria calar a boca, otária. — disse a ameaçando, mas Amity voltou com o atrevimento.
— Não é problema seu me levar para casa, assim como não é problema meu você ser uma... otária! Você que é a otária aqui! — Juntou seus pés enquanto começou a gritar, fechando seus olhos, Lucia se aproximou rapidamente a empurrando para trás, espalmando a palma da sua mão na bochecha da garota.
— Não sabe a hora de calar a boca, não é, putinha? Quer minha atenção? Quer que eu te jogue na cama? Quer que eu te foda sem dó, igual noite passada? Por isso que está gritando, chamando minha atenção? — Se aproximou de forma ameaçadora enquanto cuspia as palavras com rancor.
A menor não respondeu e colocou a mão onde foi o tapa, estava ardendo e doeu bastante - a mão da dominicana era enorme comparada a sua. Viu Lucia se aproximar, agarrando seus ombros, veio um sabor amargo em sua boca, a esverdeada se arrependeu amargamente de ter enfrentado a adulta, não deveria ter feito algo tão estupido, e por que fez logo agora? Abaixou a cabeça, imaginando que a castanha tinha razão, sobre ela apenas querer atenção.
A morena apertou seu ombro fortemente, enquanto a olhou de forma furiosa - com um pouco de sarcasmo por trás. Guiou ate a porta do seu apartamento, a garota saiu e sentiu a porta branca do apartamento de fechar atras dela, apoiou suas costas na porta e se sentou, se encolheu enquanto sentia frio, não havia pegado todas as suas roupas e começou a chorar baixo, sentiu decepcionante e um fracasso demais ao ponto da Lucia não ter mais interesse nela.
Ela apenas queria escutar que era amada por Lucia, passou por tanta coisa uma única noite para no final ser expulsa.
(...)
Lucia não pensou quantos minutos havia passado desde que Amity saiu, aquilo havia a irritado profundamente; está de cabeça cheia - com um certo receio dando um aperto em seu estômago horrivelmente, queria morrer agora, as coisas não são as mesmas desde seu tempo de escola, onde ela podia fazer qualquer tipo de idiotice e não acontecer tantas coisas com ela.
A vida sempre foi muito cruel para a adulta, agora quando ela finalmente encontra um meio de se divertir em sua vida adulta entediante e vazia, pode ser tirada a qualquer momento e ainda perde tudo o que construiu durante a sua vida.
O que lhe restava era seus dias serem patéticos e sem graça, sem diversão alguma, diversão de verdade - que não sentia desde seus 19 anos de idade.
O que lhe restava era seus dias serem patéticos e sem graça, sem diversão alguma, diversão de verdade - que não sentia desde seus 19 anos de idade. Agora se deitou no seu sofá, se remoendo profundamente, pensou em ligar para o Hunter.
Mas, ela tinha certeza de que não seria denunciada, não por ele.
Isso era um alívio, mas é uma pena que pode ter perdido uma das pessoas mais importantes da sua miserável e patética existência, sentiu raiva pelo acontecido, sentiu raiva de não poder fazer nada quanto a isso - ela podia apenas desejar e ansiar que seu irmão não guarde rancor ou sinta nojo da castanha, pelo menos ele não pode sentir, Lucia deixou-se lembrar o motivo para tanto escândalo e o sério loiro se descontrolar.
Se permitiu lembrar que Hunter e ela viviam juntos, praticamente e o seu amigo já foi espancado algumas vezes pelo seu pai, por ser um garoto um pouco mais afeminado durante a infância, tanto que a cicatriz que o loiro tinha em sua bochecha foi feita pelo seu pai, Manny abominava garotos que aparentavam ser mais sentimentais ou que se expressavam melhor.
Lucia deixou-se perguntar como ela foi para aí, seu emocional era tão desequilibrado ao ponto de não conseguir ter relações sentimentais com tantas pessoas, a dor preencheu seu seio e começou a lacrimejar - mas rapidamente levou suas mãos morenas até seu rosto e começou a limpá-las, chorar não iria resolver sua relação com seu melhor amigo; seu irmão.
A dominicana precisava pensar, de verdade, mas não conseguia, por que ela expulsou Amity? Que idiotice, expulsar seu brinquedo quando precisa, além que precisa manter a garota em seu controle - não podia deixar escapar tão facilmente a Blight, estava brincando com o fogo, e ela sabia muito bem disto.
Foi uma má escolha, acabou de perder Hunter e expulsou sua única válvula de escape; bateu em seu rosto e murmurou baixo: "burra! burra! burra!"
Levantou-se rapidamente enquanto caminhava ate a porta, tinha ainda a esperança que Amity não foi para longe, vamos, Lucia perdeu seu irmão, talvez sua relação com ele nunca mais volte a ser a mesma - não se deixaria entrar novamente na sua vida de ter diversas parceiras sexuais, mesmo que ela esteja ainda começando a sair desse estilo de vida, pra ela era tedioso, com a esverdeada foi diferente, ela babou so de pensar na garota, não deveria deixar ela escapar tão fácil dos seus dedos, deveria prender ela de vez e não expulsá-la.
Abriu a porta e viu da sacada que Amity estava no pátio, indo em direção ao portão, caminhando um pouco devagar - Lucia agarrou o corrimão da sua escada e começou a descer correndo, não se preocupando se iria cair ou escorregar.
Correu tanto que sentiu seus pulmões arderem, finalmente chegando no patio, a garota ja estava na porta da saída do prédio, quando a dominicana reuniu forças para gritar.
— Amity! — Foi um grito eufórico enquanto viu a garota se virar para trás, lançando um olhar confuso e perplexo, mas não falou nada e viu a mulher se aproximar, dessa vez a castanha não correu.
— Eu vou te levar para casa, ok? Me desculpe por ser rude princesa. — Se aproximou voltando ao seu ponto de equilíbrio e a ardência em seus pulmões começou a diminuir.
Amity recuou, alguns passos para trás, Lucia notou de imediato e a questinou, a esverdeada estava guardando uma pergunta - enquanto descia as escadas e seus olhos não pararam de chorar durante o processo, pensou se a maior realmente a amava, queria tanto perguntar mas guardou para si.
— Está tudo bem, eu quero ir para a casa, por favor... — Disse abaixando a cabeça, enquanto Lucia a guiou ate a estacionamento, pegando seu carro.
Amity se sentiu feliz - queria pensar que a mulher não havia feito aquilo por mal, que apenas estava com raiva e não tinha o direito de julgá-la ou ter rancor do tapa, não deve ter rancor de nada, nem consegue, ela quer a mulher proxima agora, precisa, sem Lucia a vida dela seria apenas lembranças ruins de mãos que ela nem conhecia a tocando, mas se as duas se amarem, toda a dor vai ser convertida para um beijo suave.
Mas, se toda a dor vai valer a pena, por que ela continua chorando?
-bel
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Teacher's Pet
Hayran KurguEla parecia um anjo, irresistível; seus traços angelicais, boca rosada, olhos de mel, seu corpo magro e pequeno. Era um pecado para a professora. Lucia é a nova professora de Hexside, uma escola particular.