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"Eu, Gus e Luz vamos estar na sorveteria, próximo de alguns apartamentos, você vem?"
"Queremos passar tempo com você."
"Feliz aniversário."
...
Amelia irá continuar me amando sabendo o quando que eu mudei? Eu não existo mais, quando me tornei alguém tão merecedor de dor? Quando eu deixei de ser uma criança? Não era para isso acontecer, era para eu continuar sendo uma criança! pensou.
Ela novamente pega o papel na mão, segurando as lágrimas, olhava como o desenho das letras da sua irmã eram redondos, bonitos, relendo novamente uma cena em específico. "Percebi o quanto você cresceu, mas continuava uma menininha linda."
Eu odeio o que eu sou agora.
Sua mente está totalmente poluída. Você nem se lembra de como era ser inocente. Você não sente vergonha de como você se tornou? Por isso que ninguém da sua família gosta de você.
Você precisa de uma mente mais limpa, mas provavelmente isso é impossível para você. Amélia não volta, nem essa Amity Blight.
você merece morrer, você merece morrer, você merece morrer, você merece MORRER.
Uma voz masculina ecoou do corredor, Amity congelou, sabe quem é, não quer ver ninguém nesta manhã, quer ficar trancada no seu quarto. Tem repulsa seus aniversários, tinha lembranças bagunçadas dos seus últimos, experiências melancólicas ou violentas.
— Não vai tomar café da manhã? Estamos te esperando. — Conseguia ouvir a voz do seu pai calma, sempre foi este tipo de homem nas horas vagas, mas quando irritado sempre gritava.
— Não estou com fome — respondeu friamente.
— Vamos ao menos comemorar um pouco, os gêmeos querem te ver — disse abrindo a porta, olhando o quarto bagunçado na adolescência, estranhou, as últimas vezes que entrou sua filha deixava tudo no devido lugar.
Nas últimas semanas, Amity se comportava diferente, já não mostrava nenhum pouco de organização ou agia como uma criança com comentários bobos e tímidos.
— Não quero que entre aqui! — quando escutou a rebeldia, Alador olhou com desaprovação e a pequena arrumou seu tom, deixando mais suave e submisso — Não estou com fome.
Era mentira, estava fraca pela fome, ultimamente não conseguia enganar seu estômago — comendo pouco e passando horas sem comer, seu corpo mudou, ela notou que tinha uma aparência mais mórbida e acabada.
— Pensei que o problema de você nunca comer fosse Odalia, ela não está em casa agora.
— Eu sei.
— Então venha, precisa comer.
Por que ele está se importando agora? pensou.
Desceu as escadas atrás do seu pai, percebia o quão torta era sua postura e olheiras, perguntou se ele vivia ou se era escravo da sua mãe. Talvez por ser seu aniversário, estava sendo simpático, mas nunca consertaria sua ausência consecutiva.
Era patético este show em um único dia do ano, fingindo ser pai! Amity pensou, quase cuspindo em palavras.
A carta havia afetado seu humor, todavia estava quase sempre melancólica nos últimos dois meses, hoje alguma fúria aflorou dentro do seu peito, sentiu falta de algo.
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Teacher's Pet
FanfictionEla parecia um anjo, irresistível; seus traços angelicais, boca rosada, olhos de mel, seu corpo magro e pequeno. Era um pecado para a professora. Lucia é a nova professora de Hexside, uma escola particular.