14- Roupas Curtas III

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14 - III

Abriu ligeiramente os olhos, havia tido uma noite turbulenta com a dominicana, sentia seu corpo dolorido e não conseguiu dormir direito nesta noite, está muito ansiosa, tem medo de voltar para casa, se ela pudesse - não voltaria nunca mais, ainda assim, terá que enfrentar sua mãe quando chegar, que com toda certeza fará um escândalo.

O pior, é que desta vez a Odalia estaria certa, pensou Amity.

Respirou pesadamente, escondendo seu rosto assustado no travesseiro da Lucia, neste mesmo momento, a menor notou que a morena não estava mais na cama, olhou ainda deitada pelo quarto, não via sinais da mulher; assustou-se um pouco, logo começou a pensar: Ela me deixou? Não vai me levar para casa? O que eu vou fazer? Não sei em que bairro estou, eu sou tão burra por não trazer meu celular.

Minha mãe vai me matar hoje, pensou.

Levou suas unhas e passou com força em sua própria pele, sem puro desespero, todos esses dias, toda a dor que sentiu após ter sido abusada, toda a dor de não ter conseguido contar isso para alguém, e toda a dor dela mesmo não se enxergar como vítima de um abuso; apenas pelo motivo que ela em nenhum momento disse "não". 

Agora estava na cama da sua agressora, ontem à noite mentiu para ela mesma, pensando que Lucia fez tudo aquilo porque tinha uma queda por Amity, e ela se obrigou a se sentiu lisonjeada por uma adulta que tem diversas pretendentes se atrair por ela. A esverdeada se arriscou tanto apenas para ouvir "você é uma garota linda" da boca nojenta e amarga da maior, mas o que ela recebeu foram socos, tapas e ofensas; se sentiu uma cadela novamente, assim como Lucia havia dito.

 E nem se quer poderia ter apoio em casa, se ela chegar em casa nesse momento, com todas essas marcas e ter passado a noite fora, após sair escondida, iria lidar com surtos de Odalia, onde poderia apanhar mais ainda de sua mãe. As lagrimas começaram a cair, chorou baixo, foi tão doloroso, toda dor e medo saindo como um sopro de seus olhos em forma de líquido salgado.

Nem tinhas forças para sair do quarto, não tinha forças para ver o rosto da adulta de novo, ontem havia sido demais, e mesmo se voltasse para casa e ter dentes da sua boca quebrados pela sua mãe, iria ter vergonha de olhar para o rosto das únicas duas pessoas que eram realmente boas com ela naquela casa, Emira e Edric, não se sentia mais digna de ver seus amigos, não se sentia mais digna de ter ninguém, por ser uma menina suja.  

Finalmente tirando seu rosto cheio de lagrimas e vermelho do travesseiro, olhou para a janela, era uma manhã bonita, apesar de ser uma das suas piores manhãs, deixou-se aproximar da janela, levantando-se da cama, seu corpo nu e magro, cheio de marcas e completamente exposto, chegou à beira da janela e colocou suas mãos na base.

Eu deveria morrer agora, pensou.

Apertou suas mãos no aço da janela, fantasiando a sua própria morte, imaginou como seria se jogar deste prédio e sua cabeça explodindo ao se colidir com o chão cinza, o barulho que iria ser provocado com uma morte bastante violenta e instantânea, se perdeu na fantasia e a porta, que estava atras da esverdeada começou a abrir. 

A porta foi completamente aberta, Amity finalmente se despertou da sua ideação suicida, olhou para trás, de início pensou que era Lucia, era um homem alto, branco e loiro surrado – Amity ao perceber que estava sendo observada pelo homem gritou, mas o loiro em sua frente parecia bastante assustado também pela situação.

Alguns minutos, antes da Amity acordar, Lucia havia recebido uma visita inesperada e indesejada cedo, seu irmão de consideração, Hunter iria dar uma passada, ela ficou preocupada e não tinha tempo para acordar a menor, que estava nua em sua cama, apenas se ajeitou e tentou fazer que seu irmão fosse embora o quanto antes. 

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