Desde minha conversa com a Lou venho procurando o momento certo e pensando no que dizer para Will, e nisso já se passou uma semana e meia, o clima entre nós voltou a ser ameno e familiar, e eu até gosto de agir como se nada houvesse acontecido, como com Cecil em que nos tratamos como antes e fingimos que aquela briga nunca aconteceu, mas com o Will eu não quero continuar essa encenação, preciso dizer que não me arrependo e que penso nele como mais do que um amigo, mas toda vez que ele age como se nada tivesse acontecido ou parece me evitar, é como se jogasse um balde de água fria em mim.
Respiro fundo e volto a prestar atenção na conversa, Jason está dizendo alguma coisa sobre ir para casa na praia da sua família e como deveríamos ir ficar uns dias para aproveitar as férias que vão começar agora no meio de julho.
- Eu ia adorar, mas não quero ter que aturar meu tio, foi mal! ( Percy diz com uma expressão culpada)
- Ele não vai estar lá, é por isso que estou chamando vocês. Ele vai fazer uma viagem de negócios, essa é a melhor parte, vai ser só a gente, até chamei o Léo ( ele diz com uma animação que dificilmente o vejo demonstrar)
- Posso levar a Kayla? Não quero deixar ela sozinha com nossos pais.
- Claro! Mas eu pensei que as coisas tinham melhorado.
Will dá de ombros e bebe seu suco evitando o assunto.
- Então eu também vou ( a morena diz sorrindo e me indicando o cachinhos com os olhos)
Sigo seu olhar e o vejo brincar com o canudo de sua bebida, olho de novo para ela e ela levanta as sobrancelhas, e então eu percebo a oportunidade. Lá eu com certeza vou conseguir um momento a sós com ele para conversar.
- Eu também vou (digo animado com a possibilidade)
- Isso vai ser uma tortura mas eu acho que vou ( Cecil diz olhando de relance para Lou)
- Isso vai ser incrível ( Jason diz alegre)
- Hmm...eu posso levar alguém?
- Sim, Percy, você pode chamar a Anabeth.
Suas bochechas ficam vermelhas e nós rimos da sua cara, e eu aproveito o momento pensando que daqui a três dias vou estar na praia com Will ao meu lado, não que eu seja um grande fã da praia, mas com certeza sou fã do cachinhos.##
Faz tanto tempo que a situação em casa melhorou que eu esqueci como é essa sensação de estar alerta. Desde a notícia da minha mãe o clima em casa virou outro, passamos a conversar e rir mais, minha relação com meu pai melhorou, e refeições em família se tornaram rotina, assim como hoje, nesse jantar a comida está gostosa, meus pais parecem felizes e o vinho é suave. Essa é a minha preocupação, o maldito vinho, Hades bebe uma taça após a outra e minha mãe não vê ou prefere fingir não ver que ele está ficando bastante bêbado.
Não é só agora que eu observo seu comportamento com a bebida, desde o acidente não o vi beber e percebi como ele estava abatido e às vezes suas mãos tremiam, depois de alguns dias que minha mãe disse que não estava doente, o flaguei bebendo de madrugada, mas como ele não voltou a agir como antes tive esperança de que não devia me preocupar.
- Sim querido, devíamos ir para Itália agora em Julho (a fala animada da minha mãe me traz de volta para a conversa)
- Ficar naquela pousada em que ficamos na lua de mel (ele complementa, e minha mãe ri e percebo que ela também está um pouco bêbada)
Encho uma taça para mim porque me recuso a ser o único sóbrio aqui, eles continuam sua conversa de casal apaixonado e eu respondo quando pedem minha opinião sobre algo, e conforme bebo minha terceira taça relaxo acreditando que não tenho com o quê me preocupar e observo satisfeito eles conversando alegremente.
- Precisamos visitar a sua mãe?
- É claro, estou com saudades e o Nico não vê sua nonna há um bom tempo.
- Pensei que seria uma viagem de casal (digo um pouco surpreso)
- Vai ser uma viagem de família, não podemos te deixar sozinho (Ele diz convicto)
- Ah, querido. Eu me lembrei que ele vai viajar com os amigos.
- Vai passar as férias com seus amigos?
- Só alguns dias (digo dando de ombros)
- Não podemos ir e deixá-lo sozinho (ela diz preocupada)
- Não vamos cancelar a viagem!
- Eu vou ficar bem, podem ir viajar.
- Você tem que ir com a gente. Passar um tempo com a família antes de ir para faculdade.
- Eu já confirmei com eles, quando vocês voltarem vamos fazer alguma coisa.
- Você está priorizando esses seus amigos que te largaram bêbado em uma rua deserta, ao invés da gente? Está tão ansioso assim para se livrar de mim?
- É claro que ele prefere ficar com os amigos, na nossa idade também éramos assim, que adolescente quer ficar o tempo todo com os pais? (Minha mãe intervém)
Ele me olha irritado e termina seu vinho, antes de voltar a falar.
- Não faça uma festa aqui! (Ele diz sério e eu assinto, e então ele se volta para minha mãe)
- Vamos ir naquele restaurante em que íamos sempre, será que eles ainda servem aquele prato...
- Não podemos ir, vamos deixar para o fim do ano. Nosso filho não tem idade para ficar sozinho enquanto estamos em outro país ( Maria o interrompe)
- É isso? Vamos cancelar nossa viagem só porque ele quer ficar longe de mim? Sabe como é difícil conseguir uma folga?
- Não precisam cancelar, eu vou ficar bem, qualquer coisa posso ficar em um amigo.
- Como você vai me ligar de madrugada para eu ir te buscar se eu estiver em outro país? (Ele rebate exaltado)
- Vamos conversar sobre isso amanhã, tá bom?
Digo abrindo os olhos depois de respirar fundo, essa conversa não vai acabar bem com todos altos.
- Não tem o que conversar, você vai com a gente (ele declara)
- Não deveríamos ir...(minha mãe rebate e eu observo a conversa impotente)
- Você sempre faz a vontade dele...
- Ele finalmente fez amigos...
- Péssimos amigos que...
- Não quero que ele fique depressivo como a Bianca...
- Ele usa isso para fazer o que quiser...
- Quem faz o que quer é você...
E a discussão vai esquentando cada vez mais, até chegar o momento em que ele avança na direção dela e eu entro na frente, dizendo para conversarmos amanhã quando estivermos mais calmos.
- O que você está querendo dizer?
- Nada é só que, agora não vamos resolver nada, vamos conversar amanhã quando você estiver calmo.
- Está dizendo que eu estou nervoso? Que estou bêbado? Você adora fazer eu parecer o errado, não é? Só sua mãe não enxerga como você é um filho da puta falso, você usa o que a sua irmã fez para fazer o que quiser.
- Chega Hades! Você está falando merda, amanhã a gente conversa, vai se deitar! (Minha mãe intervém)
- Vai ficar do lado dele? Tem tanto medo que ele se mate, que vai ficar contra mim?
- Eu não estou do lado de ninguém!
- É verdade! A única pessoa que você devia estar do lado, você não esteve. Me diz, como Bianca conseguiu se matar com você em casa ? Me fala, Maria, porque eu não consigo entender isso até hoje.
Minha mãe começa a chorar, e ele continua exigindo respostas que não existem, peço para ela ir para o quarto e a empurro gentilmente.
- Isso, fique do lado dela, vocês dois estão contra mim!
- Não tem ninguém contra você! (Digo e dou as costas na intenção de ir para o meu quarto)
- Você não vai me deixar falando sozinho também! (Ele diz agarrando meu braço e me virando em sua direção)
- Eu vou ir deitar, amanhã a gente se fala (digo firme)
- Você se acha melhor do que eu? Eu é que decido se você vai ir pro quarto ou não.
- O que você quer? Já magoou a mamãe, e bebeu demais.
- Olha só você me chamando de bêbado de novo. Mas quem foi que me ligou porque estava caindo de bêbado mesmo? Você não pode falar de mim.
- E quem foi que bateu o carro? (Rebato com raiva)
- A Culpa Foi Sua! Você que estava brigando enquanto eu dirigia. (Ele grita e eu puxo meu braço me desvencilhando)
- Aonde você pensa que vai? (Ele me segura outra vez)
- Você precisa de ajuda! Me solta!
- Eu preciso de ajuda? Quem é que fica usando a morte da irmã para manipular todo mundo? Seu moleque desgraçado, acha que eu não vejo o que está fazendo?
- Não sou eu que uso qualquer desculpa para ser um bêbado. É isso que você quer ser?
Não vejo sua expressão ou percebo o golpe vindo, só sinto o impacto e em seguida a dor no lado esquerdo do meu rosto. Me distancio e olho em sua direção, seus olhos estão arregalados demonstrando surpresa com o que fez.
- Nico...eu não queria (ele diz baixo se aproximando com a mão estendida)
- Acho que queria sim (respondo e vou para o quarto sem ser impedido dessa vez)
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Solangelo
FanfictionNico nunca gostou de mudanças, apesar de se acostumar rápido com sua nova realidade. Isso foi necessário por causa de sua vida vivendo praticamente como um nômade, sempre se mudando e não criando raízes, com isso ele se sentia sozinho, principalment...