reunião

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- Não fui tão mal ( digo dando de ombros ao ver minha prova)
- Eu é que fui ( diz Percy escondendo sua prova)
Eu não fui bem mas poderia ter ido pior, então só a guardo e aceito essa vitória. Daqui em diante vou tentar não negligenciar tanto meus estudos, ou vai ser complicado tentar uma boa faculdade.
- Nico? ( Me viro e encontro Jason) Você está bem?
- Claro ( digo dando de ombros ) Até que fui bem.
Ele sorri levemente e nega com a cabeça.
- Não foi isso que perguntei (ele diz e me olha preocupado antes de acrescentar) Se precisar de ajuda, eu estou aqui.
Assinto e me viro para frente, encarando o quadro negro mas sem ouvir o professor.
Realmente pensei que não tinham dito nada porque não estava tão ruim e não havia com oque se alarmar. Mas agora vejo que eles sabem, sabem que fui estúpido e Hades não mudou, sabem que estão certos e eu fui um idiota por aceitar ir morar com ele.
Provavelmente não disseram nada por causa daquela vez que Will mandou tentarem apoiar ao invés de julgar. Sei que nenhum deles fez nada de ruim, só estão tentando encontrar um jeito de ajudar alguém que não quer ajuda, mas eu não consigo evitar sentir raiva. Sinto como se invadissem minha privacidade e estivessem me julgando, me sinto exposto.
As aulas passam mas não consigo estar totalmente presente, estou dando voltas em pensamentos que não gostaria de ter. Meus amigos não voltam a demonstrar que perceberam algo em mim, e eu só reajo quando as conversas pedem minha interação. Não conversam sobre nada que realmente me interesse e a preocupação que o Jason demonstrou me fez ficar insanamente consciente de que não consigo esconder isso deles.
- Você vem? ( A voz de Will me tira do labirinto de pensamentos)
- O que?
- Para casa do Cecil ( Percy responde) você não estava ouvindo?
- Ah, claro. Vou sim.
Troco o peso de um pé para o outro e acompanho eles até o estacionamento.  Mas antes que possamos entrar no carro de Will e seguir, vejo meu pai encostado em seu carro preto e vou até ele.
- O que você está fazendo aqui? ( Pergunto assim que me aproximo)
Ele encolhe os ombros e olha em volta percebendo meus amigos nos olhando de longe.
- Eu tenho uma reunião do AA daqui a vinte minutos. (Ele diz e me encara esperando uma resposta e prossegue ao não receber uma) Quero que vá comigo.
- Eu vou sair com meus amigos ( digo sem jeito e olho para eles)
- Seus amigos (ele diz com desprezo) Você nunca foi em uma reunião comigo. Não vê que estou tentando?
- Na verdade, não.
Observo ele fechar os olhos e passar as mãos no rosto, tentando se acalmar.
- Você bebeu? (Pergunto quase em um sussurro)
- Não preciso estar bêbado para você me tirar do sério.
Encaro ele sem saber o que responder a isso e viro as costas indo em direção ao carro vermelho do meu namorado. Dou alguns passos antes de sentir meu braço ser agarrado.
- Ok, desculpa! Não foi isso que eu quis dizer. Eu não estou com raiva de você. Estou com raiva de mim. Com raiva do que eu fiz. E eu realmente quero tentar, e eu quero a sua ajuda Nico.
- Eu...( Começo a dizer mas me interrompo para analisar seu rosto em buscar de algo que indique que está mentindo)
- Por favor
Respiro fundo e decido dar uma chance.
- Tá bom, só...só não me toca (Peço olhando para sua mão que segura meu braço e ele a tira como se tivesse queimado)
Entro no carro e olho pela janela para não olhar para ele, mas vejo meus amigos me vendo ir sem entender, e tento afundar no banco.

Não imaginava que ouvir um bando de bêbados poderia ser emocionante. A maioria tem histórias tristes e pequenas vitórias, e isso me fez quebrar meu preconceito e desejar sua melhora.
Na hora do meu pai falar, ele lamentou sua volta a estaca zero e disse orgulhoso como eu estava lhe apoiando. Fazia muito tempo que não via ele falar desse jeito de mim.
O encontro surpreendentemente não foi ruim e eu ainda fui super elogiado pelo meu apoio, sério eu cheguei a ficar envergonhado.
A viagem de volta não foi tão tensa, até conversamos um pouco. Mas o clima ameno terminou quando vimos o carro do meu namorado na frente da nossa casa.
- Vejo que seu namorado veio ver se você está inteiro ( Hades diz baixo do meu lado)
- Ele não sabe (respondo no mesmo tom)
- Ah, Nico! Não tem como não saber. Ainda mais alguém que se importa.
- Ele pode entrar ? ( Pergunto ainda sem olhar para ele)
- Claro que sim. Filho, eu não tenho problema com o seu namoro. Eu só...eu sinto muito mesmo pelo o que eu fiz.
Assinto e vou até o cachinhos, que me abraça assim que eu me aproximo.
- Nico, o que aconteceu? Você está bem ?
- Está tudo bem ( ele segura meu rosto e me analisa em busca de ferimentos e franze as sobrancelhas ao encontrar)
- Entrem, está frio! (Hades diz ao passar pela gente)

##
- Então ele foi te buscar para ir em uma reunião com ele? ( Will questiona surpreso depois de eu ter contado o que aconteceu)
- E até que foi legal. Eu fui considerado uma espécie de super filho.
- Você é um ótimo filho Nico. Eu teria ido embora a muito tempo.
Desvio o olhar e não consigo não me sentir mal com seu comentário, de repente a tarde agradável que tive é invalidada quando percebo que eu não deveria aceitar o jeito que estou sendo tratado.
- O pessoal ficou preocupado.
- Eu sei, foi mal. Devia ter falado que estava tudo bem.
- Devia. Mas não fica assim. Você é sim um super filho, e também amigo, e um super namorado.
Ele diz me beijando e logo estamos nos agarrando, quando me separo para ir trancar a porta ele me diz rindo que já fechou, "você não presta" digo rindo e voltamos a nos beijar, sinto sua mão passeando por baixo da minha blusa e ele faz menção de a levantar, então eu rapidamente vou apagar a luz para ele não ver minhas marcas. Will parece entender isso como um sinal para avançarmos e intensifica as coisas, começa a massagear meu pênis e eu faço o mesmo por ele, nossas respirações estão juntas e entrecortadas, os beijos são mais luxuriosos e com isso sinto ele morder e puxar meu lábio, mas infelizmente sinto o corte se abrir e o gosto de sangue na boca.
Ele acende a luz e verifica se machucou muito enquanto pede desculpas, eu digo que está tudo bem, mas seu olhar desvia do meu rosto e recai no meu corpo.
- Nico ( ele diz baixo e alarmado enquanto toca de leve meus hematomas)
- Não é nada! Não está doendo.
- Como não é nada? ( Ele questiona indignado)
Me afasto envergonhado e visto minha camisa, tentando esconder o que ele já viu.
- Will, está tudo bem, é sério.
- Não, não está tudo bem. Eu tentei te dar um espaço porque não queria te afastar quando vi sua boca cortada. Mas isso ( ele aponta para minha camisa) Ele não vai parar e eu não posso continuar fingindo que não percebo. Isso não pode continuar assim.
- Will, por favor ( peço sentindo o desespero crescer em mim) ele só precisa de ajuda, não vai acontecer de novo.
- Você está se ouvindo? Está se vendo? Quem precisa de ajuda é você.
- Will, eu não quero falar sobre isso agora, por favor.
- Quando você vai querer falar? Quando ele quase te matar de novo?
Meu rosto já está úmido e isso não parece amenizar a indignação do cachinhos, e eu não tenho mais palavras para defender a mim ou a Hades.
- Will, por favor, vai embora ( peço sentindo o desespero formar um nó na minha garganta e observo em silêncio ele me encarar descrente antes de ir)

 Solangelo Onde histórias criam vida. Descubra agora