ficar bem de novo

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  Estou vendo um filme enquanto desenho Spy x family, o filme está quase terminando quando ouço batidas na porta, respiro fundo e me arrasto até a porta, mas para a minha surpresa é a minha suposta namorada que está do outro lado.
Ela analisa meu desenho enquanto faço cafuné no seu cabelo e tento entender o filme agora que a história está em seu desfecho, ela levanta e me olha culpada.
- Desculpa...eu sei que estou distante, e o Percy me falou que você não está bem.
- Está tudo bem (respondo e volto minha atenção para o filme)
- Continuar repetindo isso não vai fazer ser verdade. Você vai ir embora, e eu sou uma péssima namorada. Desculpa por estar te deixando sozinho,droga, até quando éramos amigos a gente se falava mais. É só que...eu não quero sentir a sua partida. Sei o que falei antes, mas você sabe como é horrível dizer adeus para alguém que gostamos, e eu gosto muito de você.
- Também gosto muito de você, bruxinha.
- Não me chame assim, fantasminha.
- O que disse Sabrina?
  Ela joga um travesseiro no meu rosto indignada.
- Tá bom, desculpa Hermione.
E agora estamos em uma guerra de travesseiros, cócegas e risadas, em dado momento fico por cima dela e nossos rostos estão tão próximos e estou quase a beijando quando ela diz algo.
- Vai ir na festa de Cecil? (Ela pergunta e sai debaixo de mim)
- Vou, ele só fala disso.
- Que bom, agora vou ter alguém legal para ficar conversando na festa. Pensei que não ia, cadê aquele garoto que diz não gostar de festas?
- É a festa do Cecil, pelos nossos amigos eu abro uma exceção.
- Agora você considera eles seus amigos? Se o Nico que chegou te visse agora. (Ela diz sorrindo)
- Eu evolui muito, tá? Até consegui uma namorada, ela se acha uma bruxa da vida real, mas até que é legal.
- Até que é legal? (Ela repete jogando o travesseiro na minha cara)
- Tirando o mau humor e toda coisa wica, ela é uma garota linda e divertida.
- Está se descrevendo ou a mim?
Recomeçamos a guerra de antes, quando batem na porta, e minha mãe nos espia com um sorriso no rosto.
- A janta está pronta. Lou fique para o jantar também (ela convida gentilmente e sai fechando a porta)

Lou e Maria conversam animadas, não imaginei que teriam tanto assunto mas estou feliz por isso, a comida está uma delícia , e seria uma ótima noite se não fosse por Hades em silêncio na outra ponta da mesa bebendo um copo atrás do outro.
- Então você já esteve em Nova Orleans também?
- Sim, foi muito bom morar lá, sinto falta mas quem sabe um dia eu volte.
- É um lugar ótimo. Nico, você lembra da Hazel? Foi uma amiga muito próxima deles, eu também gostei muito dela. Sinto mais falta dela do que do lugar.
- É difícil ter que se despedir, mas não precisa ser um adeus (ela responde olhando para mim)
- É, não precisa, quem sabe um até logo. (Sorrio triste e volto minha atenção para a comida)
- Dá para vocês falarem de outra coisa? Se mudar é bom, recomeços. E você vai para faculdade ano que vem, aí vai parar de precisar se mudar conosco e , como você disse? Não vai mais ficar preso a mim. É isso não é? Você quer se livrar de mim. Bianca nos deixou, sua mãe não quer se cuidar e você não vê a hora de ir embora.
- Querido, ele não está tentando se livrar de nós, ele precisa ir para faculdade. ( A voz da minha mãe é calma como se falasse com uma criança)
- Por que continua defendendo ele? Me responda você mesmo!
- O que quer que eu diga? Você nunca acredita em mim.
Respondo olhando para frente e minha voz soa ríspida, pela visão periférica vejo algo vir em minha direção e abaixo, só consigo escutar o copo se estilhaçar no chão e o som de um grito, vejo atordoado minha mãe tentando o acalmar e levo Lou até a saída, ela tem o olhar assustado e eu digo rapidamente que vai ficar tudo bem e que depois nos falamos, antes de ir ajudar Maria.
Depois de alguns insultos e acusações, um golpe ou outro, finalmente Hades está dormindo, respiro fundo e vou até a cozinha ajudar minha mãe, estou pegando os cacos do copo quando ela rompe o silêncio.
- Ele está passando por um momento difícil. Sabe que esse não é ele, não é?
- Todos estamos passando por um momento difícil.
- Nico, por favor...(ela pede cansada)
- Por que você aceita isso? (Interrompo)
- Eu estou doente (ela diz e sou pego de surpresa cortando minha mão com os cacos)
Ela vem até mim e me ajuda a cuidar do ferimento.
- Como assim doente? (Pergunto aflito)
- Câncer de mama, suspeita na verdade. Eu já estou me cuidando, mas seu pai está assustado e quer ir para um lugar em que o tratamento é melhor.
- Por que não me disseram antes? Então vamos, vamos para onde é melhor para você.
- Caro, está tudo bem. Como eu disse, é uma suspeita, não precisa desse alarde, pode acreditar que se for mesmo eu vou fazer de tudo para ficar bem, não quero deixar vocês.
-Mãe, desculpa, eu não sabia, não teria brigado se soubesse (digo e ela seca minhas lágrimas com os dedos)
- Eu sei, mas não queria te preocupar, e não quero que você precise dizer adeus para mais ninguém por nossa causa. Erramos muito com vocês, vocês só tinham um ao outro e agora você está sozinho.
- Eu não estou sozinho, eu tenho você
- E o seu pai ( franzo o rosto ao ouvir isso)
- Ele também está doente,Nico. E temos que ajudar ele a ficar melhor. Perder sua irmã foi demais, e agora ele está com medo de me perder, ele está no limite, sei que isso não desculpa tudo, mas vamos ficar bem de novo.
- Ele só não tem medo de me perder (digo para mim mesmo)
- Não é verdade querido. O que ele disse sobre a faculdade mostra isso, ele não quer que você vá também. Eu sei que ele está te machucando, mas que se arrepende. Nós vamos ficar bem de novo, você vai ver.

 Solangelo Onde histórias criam vida. Descubra agora