madrasta

46 5 1
                                    

É estranho continuar vendo seu namorado em seu grupo de amigos quando vocês mal estão se falando, nunca deixa de ser doloroso mas você acaba se acostumando de algum jeito.
- E então, Atena praticamente me expulsou, eu juro que não percebi que já tinha escurecido ( Percy continua contando animado sobre como sua sogra o proibiu de passar o dia inteiro na casa dela)
- Também né, pensei que você tinha se mudado para lá ( Jason diz)
- Isso é porque eu não estava em casa quando você foi me chamar para jogar?
- Bora jogar hoje? ( Pergunto já pensando no jogo novo)
- Nada de videogames, garoto morte! Quero sair um pouco ( contesta Léo)
- Vamos na praia? ( Percy pergunta)
- Você sempre quer ir na praia, mas bora! Quero jogar vôlei ( diz Will)
E assim eu aceito a derrota.

A viagem não foi tão longa e a tarde foi agradável, até aceitei jogar com eles.
Ver o cachinhos sujo de areia me lembrou de quando ficamos juntos na última vez que fomos na praia. Parece que faz tanto tempo, quando só se passaram alguns meses, mas para mim parece ainda mais distante quando percebo o quão longe estamos agora, já faz um mês e não nos resolvemos, porque eu não sei o que devo dizer, e ele parece ter desistido de mim.
O fim de semana na praia com meus amigos foi ótimo, eu realmente não quero ir embora, mas as coisas em casa também melhoraram.

- Nico? ( Ouço uma voz feminina me chamar quando abro a porta)
Depois de uns minutos ela vem ao meu encontro com um sorriso. Perséfone é a minha madrasta aparentemente, é uma mulher bonita e gentil, mas que infelizmente tem problemas com álcool e drogas, e foi justamente por isso que conheceu meu pai em uma das reuniões.
Depois daquela reunião eu só fui em mais duas. Nunca tinha reparado nela lá, mas eles se aproximaram em um desses encontros e quando menos esperava fui presenteado com uma madrasta que está rapidamente se mudando para cá.
No início odiei a ideia deles estarem juntos, porque isso indica que meus pais não vão voltar. Mas ela parece ser legal e meu pai está feliz, seu humor melhorou muito e nossa relação também, então estou tentando aceitar ela.
- Você demorou muito para voltar, Hazel sentiu sua falta ( ela diz enquanto prepara algo na cozinha)
- Ela está aqui? (Pergunto já olhando em volta procurando vestígios dela)
- Sim. Invadiu seu quarto e ficou bem feliz em encontrar um jogo novo. Sinceramente, não entendo o fascínio de vocês por videogames...
- Hazel (chamo enquanto ela continua falando)
Vou apressado para meu quarto mas não estou bravo ou algo assim. Hazel é a filha de Perséfone e em pouco tempo nos tornamos bem próximos, aceitei ela bem mais fácil e rápido do que sua mãe, acho que ajudou o fato dela ser legal e gostar das mesmas coisas que eu.
No começo, nenhum de nós dois estava feliz com a relação deles e nem dispostos a nos dar bem, mas percebemos logo que era melhor unirmos forças ao invés de sermos inimigos e ainda precisar lidar com eles.
- Quem te deu permissão para jogar isso antes de mim? ( Digo com rispidez assim que abro a porta)
- Você não estava e eu fiquei entediada ( ela diz dando de ombros)
- Desde quando vocês estão aqui afinal? Perséfone finalmente terminou de se mudar? ( Pergunto me jogando ao seu lado na cama)
- Acho que sim. Vai ter que me aturar todo dia agora ( ela diz tirando a pausa do jogo)
- Não faz isso! Você precisa coletar...( Começo a dar palpites no jogo que sei que vão a irritar)
E assim termino meu dia. Não esperava precisar viver com elas agora, mas admito que Perséfone não é ruim, apesar de eu me preocupar com uma possível recaída e como isso pode afetar meu pai. E Hazel se tornou uma grande amiga. E no entanto, sinto algo me incomodando, eu sei que ninguém vai substituir a minha mãe e muito menos Bianca, mas sinto que ao aceitar elas, eu estou permitindo isso.
Tento afastar esses pensamentos e mando uma mensagem para minha mãe. Nos falamos pouco desde que eu me mudei, e só fui a visitar uma vez, e é por isso que pergunto se posso ir lá.
A resposta não é a que eu esperava, e a ideia de visitar minha mãe na casa que costumava morar é estranha, mas ela disse que posso ir lá no fim do mês. Afasta a sensação estranha e me permito ficar contente com como as coisas estão.

 Solangelo Onde histórias criam vida. Descubra agora