🖤 XIV 🖤

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GABRIEL

Fiquei no mesmo lugar até que os irmãos pararam de se aproximar e, com uma olhada, pude ver que Sat estava entre mim e Aba. Não conseguia ver Bel.

- Que dia lindo! - disse o primeiro, e sua cópia balançou a cabeça.

- Ao menos, que não seja.

- É mesmo? - ele perguntou, e nesse momento olhei confuso para os dois, e eles perceberam meu olhar.

- Olá, novo demônio. Nós somos Akibel e Akikel. - Apresentou um deles, o outro apoiou a mão no ombro do irmão.

- É melhor você ter medo de nós.... Quis dizer, respeito.

- Somos os mensageiros do Supremo...

-... A quem você não deve encarar. E que tem uma raiva...

- Pior do que mil dragões.

  Senti meu queixo cair, eles estavam sempre em sintonia, completando as frases um do outro sem nenhum erro. Suas vozes pareciam se misturar, como se fossem uma só. Senti uma mão pousar em minha cintura e, antes que eu pudesse reagir e olhar para trás, ouvi sua voz.

- Não se preocupe com eles. - Começou Belial, dando um tapinha na minha cintura. - Eles são apenas fofoqueiros que falam da vida de todo mundo.

- Belial. - Um deles sorriu. - Já faz muito tempo.

- Olá, Akikel. - Ele respondeu em um tom irritado. - Não esperava vê-lo tão cedo.

- Nós também não, mas veja como é maravilhoso. Um novo demônio. - Akibel entrou na conversa e se aproximou de mim. Sua mão pousou em minha bochecha e seus olhos me examinaram atentamente. - Muito bonito, você não acha?

Houve um tapa na mão de Akibel sem aviso, Belial o tinha dado. Aba e Sat não disseram nada, apenas observaram a situação, talvez esperando sua vez de participar na conversa. Aba não tinha expressão e Sat tinha uma expressão inquieta em seus olhos. Os irmãos, dos quais eu ainda era incapaz de decifrar quem era quem, voltaram às suas posições originais.

- Vejo que ele é seu protegido. - Disse o irmão que saiu por último, Akibel, eu acho. - Ninguém toca...

- Gabriel. - Bel disse quando era minha vez. Ele parecia saber que eu não estava nem um pouco ansioso para usar minha voz. Não pude deixar de notar que o olhar de Akikel estava em mim, observando meu rosto e a mão de Belial pousada em minha cintura. Havia uma expressão de desprezo em seu rosto. Procurei os olhares de Aba e Sat;

Aba estava distante, como se não estivesse prestando atenção ao que estava acontecendo, algo que não era dele. Sat simplesmente desapareceu, não consegui encontrá-lo atrás ou ao meu lado. Senti os dedos de Belial me apertarem com mais força e voltei minha atenção para ele. Olhei para ele confuso. - Se comporte.

- O que eu fiz? - perguntei em um sussurro.

- Não se distraia, se concentre no que está acontecendo agora. E não volte a falar perto deles.

- Mas... - Comecei, e a outra mão que não estava em minha cintura acabou esticada sobre minha boca. Minha cabeça estava jogada para trás, olhando para ele em busca de uma resposta. Belial estava extremamente irritado e possessivo. Com o que ele estava ameaçado? Estava prestes a acontecer alguma coisa?

- Tenho aqui comigo o sonho de Gabriel, que ocorreu em uma de suas primeiras noites. - Sat se apresentou, com a palma da mão fechada. Algo extremamente brilhante estava escondido em sua palma. - Vamos falar sobre isso.

- Qual é o problema? Há algum problema com o recém-chegado?

- Se não sabem o que vou dizer, provavelmente não é culpa do recém-chegado. - respondeu Sat, voltando seu olhar para Belial. - Leve o Gabriel.

  Pisquei duas vezes e ele assentiu com a cabeça, com as mãos envolvendo meu tronco e, quando pisquei novamente, não estávamos mais do lado de fora. Estávamos em seu quarto, e eu estava em frente à sua cama e ao quadro da mulher que achava que ser sua mãe.

- Que diabos está acontecendo? - perguntei, me sentando em sua cama extremamente macia. Esperei e ele não me respondeu, estava de costas. - Belial, estou falando com você! Eu fiz alguma coisa? - Perguntei, mais silêncio, e me ocorreu uma ideia que me pareceu estúpida no momento. - Dante! Fale comigo!

- O que você disse? - respondeu por fim, olhando para mim atordoado. - Como você me chamou?

- Dante. - Repeti, com as mãos estendidas sobre minhas pernas. - Te chamei de Dante.

- Como você sabe meu nome humano? - ele perguntou e, quando dei por mim, estava ajoelhado na minha frente. - Como você sabe? Quem te contou?

- Ninguém me contou. Algumas noites atrás, tive um sonho. Sonhei com um menino, você como um menino, sozinho na rua. No final, antes de acordar, te chamavam assim. - Expliquei a situação, achando que ele me taxaria como um maluco. Fiquei tão chocado quanto ele por saber algo que não deveria saber. Belial ficou em silêncio e, quando olhei para baixo, senti que ele tinha as mãos estendidas nas minhas pernas. - Belial, você está bem?

Ele ficou em silêncio por alguns instantes, até que um impulso o fizesse distribuir apertões por minhas coxas. Senti meu rosto corar.

- A habilidade dos irmãos é saber o que está acontecendo em sua consciência e, pior ainda, em seu subconsciente. Mais especificamente, eles buscam seus medos e fraquezas, uma habilidade muito poderosa. Mas há uma condição para usá-la: eles precisam conhecer a voz da pessoa em detalhes. - Belial explica, sem tirar os olhos de mim. - Eles não me avisaram sobre isso quando os conheci, e eu sou um homem de muitos demônios, Gabriel. O que você viu de mim, da minha infância, foi fruto do seu dom. Você tem o dom da mente, e parece que sua maior força está nos sonhos.

- O dom da mente? Sou como Abaddon? - perguntei, um pouco empolgado.

- Sim, mas não exatamente. Você e o Aba têm o poder da mente, mas o Aba está conectado ao consciente e você está conectado ao inconsciente, com treinamento... Talvez consiga alcançar o subconsciente.

- Humm... Acho que entendi. - Sorri sem jeito.

- Abaddon explica isso melhor do que eu, pelo menos agora conhecemos seu dom e...

- E? - Ele se aproximou, esticou os braços sobre minhas pernas e colocou seu rosto a poucos centímetros do meu. Estremeci e engoli saliva.

- Você está proibido de se meter na minha mente de novo.

Em Direção Às Trevas [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora