XXXI

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SATANAEL


Não era difícil sentir a tensão no ar, a decisão estava entre mim e Ab. Encontrei seus olhos, ele estava tentando manter a calma. Não foi preciso que ele falasse em voz alta para que eu percebesse a mensagem que queria me passar. Sat, tenho medo. Assenti com a cabeça, estendendo o braço e esperando que ele reagisse ao meu gesto. Nossos braços se entrelaçaram, de uma maneira respeitosa; consegui imaginar que estava levando Aba até o altar. Nesse caso, até uma lápide do falecido Supremo com escrituras que brilhavam de um vermelho sangue. A respiração de Aba estava agitada, algo que já parecia ser costume. Sabia que ele não tinha estado calmo em nenhum instante durante os últimos dias, era provável que o efeito do adormecedor de Aba já tivesse passado. Conseguia ver seus demônios dentro de seus olhos, os lábios contraídos e a fraqueza na qual se agarrava ao meu braço. Também sabia que todos estavam nos olhando naquela curta caminhada que parecia demorar uma eternidade, indiquei com um olhar que Aba tomasse cuidado ao subir o único degrau que separava a lápide da grama morta. Em especial desses olhares, podia sentir os olhos fixo de Gabriel; provavelmente passavam mil e uma histórias em sua mente, apesar de não o dizer estava feliz pela sua conexão com Belial. Não precisava de nada que me provasse, tinha conhecimento que a relação deles seria benéfica para os dois lados. Belial, se tornaria mais sensível e pensativo, menos impulsivo. Gabriel se tornaria mais firme e sério, aprenderia que nem sempre tudo se resolve com um sorriso. Nossos braços se separaram quando estávamos ambos enfrente a lápide, em uma troca rápida de olhares concordamos em por as mãos ao mesmo tempo. As respirações ao nosso redor estavam pesadas e não rítmicas, os olhares fixos; o vento soprou mais gélido, fazendo os cabelos de Aba balançarem. Estiquei os dedos, mirando no local exato que pretendia pousar a mão e na contagem de três o fiz.

Alexandre Hawise, a vida nunca te deu uma escolha. De todas as transformações realizadas, nenhuma foi como a sua. Ao contrário de todos os outros, você não lutava para continuar vivendo. Sua mente é brilhante, sua perceção incomparável e seu dom é capaz de dominar mundos. Alex, você é a minha escolha.

Senti que a palma de minha mão estava sendo cortada e queimada, retirei a palma da pedra gélida repentinamente e ali estava ele. O símbolo demoníaco, um círculo que era sobreposto por uma estrela e um triângulo. Formado com o sangue de minha ferida recém-formada, fechei e abri a mão algumas vezes até aceitar que ele não iria desaparecer.

- Sou e... – Comecei, me virando para todos os que estavam me observando. Não concluí o que pretendia, não precisei. Meus olhos deslizavam perplexos, naquele momento eu era o único de pé. Todos haviam se curvado, formando um círculo de reverencias. Minha cabeça se inclinou para a lateral quando senti as mãos de Aba fechadas envolta de meu manto, ele também estava ajoelhado e me segurava com lágrimas nos olhos e um sorriso no rosto. Lágrimas também começaram a se formar em meus olhos, tanto quis fugir do trono...E o trono veio até mim.

Em Direção Às Trevas [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora