XXVII

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BELIAL


Meus olhos foram ligeiros em procurar alguma ferida em Gabriel, estava começando a acreditar que passaria a vida a envolve-lo em meus braços e protege-lo do mundo. Arrastei Gabriel para um canto isolado, aonde a parede ainda estava firme. Ele estava desnorteado, tinha noção que tudo aquilo era muito para ele que não havia sido preparado. Ajeitei-o em meu colo, enquanto olhava ansioso Abaddon entrar no comodo e Satanael agarra-lo a tempo para lança-lo ao chão. Sentia que meu sangue fervia, correndo por minhas veias e deixando meu corpo alerta as mil informações que decorriam ao mesmo tempo. Treromon e Agralan trocaram olhares de batalha e entraram, tudo estava rodeado por fogo, ruídos e fumaça.

- GABRIEL! – Gritei, não tinha a certeza se ele estava me ouvindo. Meus ouvidos zumbiam com o impacto, nem eu mesmo estava ciente do tom da minha voz. – VOCE VAI FICAR AQUI! ACONTEÇA O QUE ACONTECER VOCE NÃO VAI SAIR DAQUI! EU VOU ATRÁS DOS OUTROS!

Ele arregalou os olhos, sua boca se mexia e ele estava mais inquieto e estressado do que nunca. Conhecendo-o bem, sabia que estava discordando da minha decisão, havia cravado suas unhas em meus braços. Depositei um selinho em sua testa, ele tinha uma pequena ferida que estava escorrendo sangue. Me confortei, olhando em seus olhos que brilhavam com lágrimas de medo. Ele ficaria bem. O abracei com mais intensidade do que alguma vez tinha feito, não queria pensar que aquela poderia ser a última vez que o faria. Ele se agarrou as minhas costas, não queria me deixar ir e eu muito menos queria partir. Soltei um último suspiro e o teletransportei para o mais longe possível, no fim do enorme corredor aonde sabia que ele estaria seguro.

Me ergui, com a cabeça firme e as mãos fechadas em punho. Um clarão preencheu minha vista quando entrei no comodo, não conseguia distinguir o que havia sido aquele local antes de se tornar um campo de batalha. Analisei rapidamente a situação, tudo estava um completo caos. Havia poucas áreas que não estavam dominadas pelas chamas, não foi difícil localizar bem no centro Lilith; os longos cabelos cacheados e negros estavam flutuando, tao incontroláveis como as chamas. Os olhos brilhavam ardentes espalhando a destruição por onde avistava movimento, a feição completamente vingativa. A minha esquerda estavam rostos conhecidos, Aba estava encostado no chão enquanto Sat pressionava uma ferida em seu abdómen. Treromon fazia barreira ao fogo, na tentativa de deixar Agralan avançar o suficiente para tentar um ataque. Um manto negro estava flutuando, de estatura pequena o suficiente para que eu pudesse identificar quem era antes que o capuz caísse. Era Thogmon, canalizando todo seu poder, deduzi que faria um ataque baseado na tortura e no peso. Infelizmente, não fui o único que reparou nessa tentativa e em poucos instantes Lilith lançou chamas em direção a ele. Um berro ecoou, vindo de Mugmothad. O mesmo bloqueou as chamas com seu manto e rolou pelo chão abraçado a Thogmon. Sentia que meu olhar e o de Lilith estavam sincronizados, pois nós dois percebemos que o alvo inicial de toda aquela vingança não estava ali. O Supremo não estava ali, e essa revelação fez com que Lilith queimasse como uma fénix para renascer em qualquer outro lugar do castelo do qual não tínhamos conhecimento.

Gabriel...A clareza me veio à mente, o pânico tomou conta de mim e pouco vi enquanto as chamas eram apagadas. Mal cheguei a esquina da porta e trombei com alguém, caindo ao chão sem possibilidade de me equilibrar.

- SEU IMBECIL! – Berrou, e meus olhos se encheram de lágrimas ao ver seu rosto, uma risada incrédula escapou de mim. – NUNCA MAIS FAÇA UMA COISA DESSAS! ESTÁ MALUCO?! PÕE NESSA SUA CABEÇA DE OVO QUE EU SOU UM DE VOCÊS E NÃO PRECISO QUE ME PROTEJA! CACETE! DO QUE ESTÁ RINDO?!

Levantei o mais rápido que consegui, com apenas uma missão em mente. Minha língua adentrou em sua boca ferozmente, consegui me ouvir soltar um grunhido do fundo da garganta enquanto o puxava pela cintura. No inicio, ele distribuía tapas irritadiços por meu peitoral, tentando resistir ao irresistível. O mundo poderia parar naquele preciso momento, em que eu o tinha nos braços e que toda a dor poderia ser esquecida com um simples toque.

Um grito de dor nos tirou desse transe, puxei Gabriel para estar mais junto a mim e nos viramos para ver o estado em que estávamos. O grito tinha vindo de Hécate, a irmã sedutora loira que agora chorava sobre um corpo.

- SORGEN! SORGEN! – Sua voz emanava dor, ela se contorcia sacudindo o corpo já sem vida de seu companheiro. Meus olhos pararam sobre sua mão, no anel sem brilho coberto por sangue. Hécate e Sorgen estavam noivos.... Pude sentir uma pontada de dor no coração, não era muito chegado a eles; mal os conhecia, mas sua perda me afetava de uma maneira que foi capaz de me arrancar mais lágrimas. Gabriel também estava chorando, silencioso, com o rosto encostado ao meu peito. – MUGMOTHAD! SALVE-O! POR FAVOR!

- Hé... Não há nada que eu possa fazer. – Afirmou, sua voz também estava pesada de dor. As mãos de Mugmothad deslizavam suavemente pelo rosto de Thogmon, que estava com o rosto cheio de sangue. Por um instante acreditei que ele também havia partido, até que reparei o movimento que seu peito fazia ao respirar. Analise total, tínhamos uma baixa e um ferido.

- VOCÊ PRECISA SALVA-LO! É SUA CULPA ELE ESTAR ASSIM! – Ela berrava, os esforços de Succubus por segurar seus braços não estavam sendo bem-sucedidos.

- Minha culpa? – Soltou em reflexo, Mugmothad começava a ficar irritado. – Eu não lancei chamas contra Sorgen.

- AS CHAMAS QUE ELE RECEBEU FORAM AS QUE VOCÊ DESVIOU DO SEU AMADO! THOGMON DEVERIA ESTAR MORTO NÃO SORGEN! – Hécate já não pensava nas palavras, e todos pudemos sentir a ira que se despertou em Mugmothad.

- Hécate. – A voz de Sat soou pacifica no meio daquele enorme tormento. – Por favor, me deixe levar Sorgen. Pelo melhor caminho.

- Não... - Ela finalmente caiu em profundo choro, suas palavras não eram mais que lamurias. – Satanael...Por favor.

- Se eu pudesse, traria Sorgen de volta. – Afirmou, e havia sinceridade em seus olhos. Ele se ajoelhou em frente ao corpo. – Não torne isso mais difícil, me deixe guia-lo para a paz.

- Demônios não tem paz. – Proclamou Succubus, segurando os ombros da irmã. – Somos seres das trevas, o que você sabe sobre paz?

- Mais do que você pode imaginar, não se esqueça que sou eu que tenho o dom da morte. – Alegou, tão calmo que não parecia tratar do assunto. Senti que Gabriel apertava suas mãos envolta de meu manto.

- O dom da morte? – Sua pergunta era fraca, senti dó ao pensar que ele deveria estar esgotado com todas aquelas informações lançadas ao ar.

- Sat tem o dom da morte, pode falar com os mortos e ter acesso as suas experiencias enquanto ainda eram vivos. Também pode adormecer pessoas ou faze-las perder memórias como se causasse a morte de alguns acontecimentos. – Expliquei, da maneira mais breve que consegui. 

Em Direção Às Trevas [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora