Lie To Me • Juke

Minta pra mim.

Na garagem, a Sunset Curve estava imersa em uma sessão de ensaio animada. As batidas da bateria de Alex, as notas de guitarra de Luke e Reggie, e a linha de baixo de Bobby se combinavam em uma harmonia que preenchia o espaço. No entanto, algo parecia faltar.

Flynn, Carrie e Julie, que assistiam ao ensaio, trocaram olhares de confusão. Flynn apontou discretamente para o caderno de Luke.

— Gente, cadê a música que geralmente vem depois de "Edge of Great"? — Flynn perguntou, franzindo a testa.

— Eu tô perdido nesse repertório novo que o Bobby criou— Luke respondeu encarando o amigo que sorriu falso— Meu caderno ficou dentro de casa, vou lá pegar.

— Deixa que eu pego. — Disse Julie que já estava em pé — Eu já ia pegar água pra vocês mesmo.

Julie se levanta e caminha para dentro da casa de Luke, ela acha o caderno encima da mesa da sala e ao pegar ele, uma folha cai no chão e ela se abaixa lendo o nome da música "Lie to me", por não conhecer essa, Julie começa a ler com atenção.

"Eu vi você se reerguer de um dia pro outro
E eu peguei você olhando também, mas você não olhou duas vezes
Você parece feliz,
Você parece feliz, oh

Lembrando de Nova York
Você mudou seu voo para ficar comigo
Lembro de pensar que eu tinha tudo sob controle"

Julie podia ver que aquilo era sobre eles, principalmente do trecho seguinte que eram palavras que saíram da boca dela a pouco tempo atrás na última briga que teve com Luke.

"E agora eu queria que nunca tivéssemos nos conhecido
Porque você é muito difícil de esquecer
Enquanto estou limpando sua bagunça
Eu sei que ele está tirando seu vestido
E eu sei que não, mas se eu te perguntar se você me ama
Eu espero que você minta, minta, minta, minta, minta pra mim."

Julie, imersa na leitura das palavras que capturavam as emoções de Luke, sentiu um nó se formar em sua garganta. As linhas sinceras da música revelavam um lado vulnerável que ele muitas vezes mantinha escondido. Ao continuar lendo, ela percebeu que estava prestes a mergulhar em um poço de sentimentos não ditos e foi quando ela decidiu responder, pegou a caneta nas mãos e abriu o caderno.

"São 3 da manhã e o luar está me testando
Eu sei que você tem se apegado a outra pessoa
E agora eu não consigo dormir
Eu não estou feliz, oh
Eu não estou muito feliz, oh

Lembrando de Nova York
Eu estava tranquilo, mas você me bagunçou
É típico de mim fugir quando tudo parece bem"

As palavras ressoaram na mente de Julie, ecoando as complexidades do relacionamento entre eles. Era como se a música trouxesse à tona todas as tensões não resolvidas, as palavras ditas e não ditas, criando uma sinfonia de emoções no ar.

"Agora eu desejo que nunca tivéssemos nos conhecido
Porque você é muito difícil de esquecer
Enquanto ele está tirando meu vestido
Eu sei que ela está deitada no seu peito
Eu sei que não, mas se eu te perguntar se você me ama
Eu espero que você minta, minta, minta, minta, minta pra mim"

Enquanto Julie terminava de escrever as batidas do coração dela acompanhavam a cadência das palavras de Luke e das dela.A sinceridade crua da letra proporcionava uma visão íntima de seus pensamentos mais profundos.

Julie levantou os olhos do caderno, olhando para o espaço vazio da sala, absorvendo as palavras que pairavam no ar.

Ao retornar para garagem com o caderno em mãos, Julie encontrou o olhar curioso das meninas e a expressão ansiosa da Sunset Curve.

— Julie, encontrou a música? — Flynn perguntou.

Julie, segurando o caderno contra o peito, respirou fundo antes de responder.

— Encontrei. — Ela hesitou por um momento antes de continuar. — Toma — Ela entregou a música e fingiu que não tinha visto nada e nem que havia deixado uma resposta para Luke.

O ensaio continuou e quando Marcela se juntou, as meninas decidiram ir embora, não demorou muito para o ensaio acabar e Marcela insistia para que Luke aceitasse sair com ela essa noite.

As folhas do caderno caíram no chão e Luke se abaixou para pegar e foi quando ele achou a versão de "lie to me" da Julie.

Luke segurou a versão de "Lie to Me" escrita por Julie, seus dedos percorrendo as palavras que ela havia deixado ali. Cada linha parecia uma janela para os sentimentos mais profundos de Julie, uma resposta para as emoções expressas em sua própria música.

Enquanto Luke segurava a folha, seu coração parecia pesar mais do que nunca. As palavras de Julie eram como um espelho, refletindo seus próprios pensamentos e emoções de uma maneira que ele não conseguia ignorar.

Com um suspiro, Luke guardou a folha no bolso e seguiu o olhar para Marcela que estava encarando ele de forma estranha.

—O que foi?— Perguntou ela e Luke negou com a cabeça pegando o casaco.

—Vem, vamos logo ir almoçar.— Marcela deu pulinhos em alegria e Luke forçou um sorriso e os dois saíram da casa.

Ao chegarem na lanchonete, Luke estava inquieto, queria falar com Julie o mais rápido possível mas como Marcela estava pressionando para esse almoço, ele se sentiu obrigado a aceitar.

— Aquela não é a Julie?— Apontou Marcela tentando esconder o sorriso no rosto.

Julie estava apoiada no balcão enquanto falava com Marcus que era o garçom da lanchonete, ele falou alguma coisa que fez ela rir alto e isso provocou ciúmes em Luke.

Luke observou Julie rindo com Marcus, sentindo uma pontada de ciúmes que não conseguia esconder. Ele trocou olhares desconfortáveis com Marcela, que percebia a tensão no ar.

— Vamos pegar um lugar mais reservado, o que acha? — sugeriu Marcela, ignorando o olhar inquisitivo de Luke.

Enquanto se dirigiam a uma mesa mais afastada, Luke tentou manter a compostura, mas seu pensamento estava inteiramente voltado para Julie. Ele sabia que não podia adiar essa conversa por muito mais tempo.

Durante o almoço, Marcela tagarelava sobre vários assuntos, mas a mente de Luke estava em outro lugar. Ele lançava olhares discretos na direção de Julie, tentando captar sua atenção.

Após terminarem a refeição, Marcela sugeriu que fossem dar um passeio, mas Luke decidiu agir por conta própria.

— Sabe, Marcela, eu acho que preciso resolver algumas coisas. Podemos nos encontrar mais tarde? — disse Luke, sua expressão séria.

Marcela pareceu um pouco desapontada, mas concordou. Assim que ela se afastou, Luke se dirigiu até Julie, sentindo um nó na garganta.

— Julie, precisamos conversar. Eu li o que você escreveu. — Ele olhou nos olhos dela, buscando uma conexão.

Julie assentiu, compreendendo que chegara o momento de abordar os sentimentos que pairavam entre eles.

— Luke, eu... — ela começou, mas a porta dos funcionários da lanchonete se abriu mostrando Marcus. — Eu só achei que seria um bom dueto, nada demais.— Mentiu Julie.

—Vamos?— Perguntou Marcus se aproximando — Iae Luke, eu ia falar com você antes mas como você estava com a Marcela, não quis atrapalhar.

Marcus falou de forma inocente mas Julie sentiu o coração apertar e então olhou para Luke que não sabia se olhava para Julie ou para Marcus.

— Só quis ajudar, não significou nada demais aquilo. — Disse Julie e em seguida saiu com Marcus.

Ela estava mentindo, era óbvio que ela queria deixar o que ela estava sentindo claro mas as palavras de Marcela ecoavam na mente dela, sobre ela estar sendo egoista com Luke.

Ela o amava demais e amar também é deixar ir.