Primeiro mês

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Um mês se passou desde a noite que Julie e Luke terminaram. Julie, imersa em seu primeiro ano na faculdade de moda, encontrava refúgio na criação de uma roupa do zero como parte de seu projeto final. Cada ponto, cada tecido escolhido, era uma distração consciente para afastar as memórias que teimavam em ressurgir.

Luke, por sua vez, estava mergulhado em seus estudos musicais. Escrevia músicas para a banda dos meninos, buscando na melodia uma forma de expressar as emoções que não conseguia colocar em palavras. A música se tornou sua terapia silenciosa, um eco dos sentimentos entrelaçados que se recusavam a desaparecer.

O refeitório da universidade era um ponto de convergência inevitável. Julie e Luke, cada um preso em seu próprio mundo, compartilhavam olhares furtivos de tempos em tempos. O cenário era familiar, mas o desconforto ainda pairava no ar.

Em um dia comum, enquanto carregava seu prato, Julie percebeu Luke do outro lado do refeitório. Seus olhares se cruzaram, e por um breve momento, o tempo pareceu pausar. Luke ofereceu um sorriso fraco, uma tentativa de amenizar a tensão que se estabelecera entre eles. Julie, por sua vez, retribuiu o gesto, mas as palavras que poderiam suavizar as feridas permaneciam não ditas.

Os dois continuaram seus caminhos, mantendo uma distância que era mais do que física. Os murmúrios do refeitório e o tilintar dos talheres formavam uma trilha sonora sutil para o encontro silencioso. Cada passo distante ecoava as escolhas feitas, as palavras não ditas e a saudade que ambos compartilhavam.

Enquanto Luke se acomodava em uma mesa com seus amigos da banda, Julie encontrava suas amigas.O refeitório, que já fora um lugar de risos compartilhados, agora carregava a nostalgia de um passado recente.

— Já faz um mês e vocês ainda estão nessa?— Carrie falou chamando a atenção de Julie— estão agindo feito crianças, não precisam deixar de se falar

—Não me vejo em uma realidade onde falo com o Luke normalmente— Julie respondeu brincando com a comida em seu prato.

—Fala sério, amiga, eu sinto saudade dos encontros da banda, eu agora só falo com Alex quando ele vai lá em casa ver o Willie— Flynn resmungou e Julie suspirou sem saber o que dizer.

—Eu não pedi pra vocês pararem de falar com o Luke, eu que não posso fazer isso, não ainda—  Flynn colocou a mão no ombro de Julie, mostrando compreensão.

— Eu entendo, Julie. Cada um tem seu tempo. Mas não deixe que essa distância machuque ainda mais. Às vezes, a comunicação é o melhor remédio.

Enquanto isso, do outro lado do refeitório, Luke compartilhava risadas com seus amigos da banda, tentando disfarçar a melancolia que o encontrava nos momentos mais silenciosos.

— Cara, olha para ela ali. Vocês dois parecem que estão em um filme dramático adolescente. Vocês são o casal que todos amam, mas ninguém entende — Reggie comentou, tentando trazer um pouco de leveza à situação.

Luke suspirou, desviando o olhar para Julie e suas amigas. A saudade era palpável, mas o orgulho impedia qualquer iniciativa de reaproximação naquele momento.

Enquanto o mês avançava, os sentimentos entre Julie e Luke permaneciam como uma névoa densa. Os encontros casuais no refeitório eram pequenas fissuras em um muro. Ambos enfrentavam a dor da separação de maneiras diferentes, encontrando consolo em suas atividades e amigos.

A noite caiu sobre o campus, envolvendo a universidade em um manto de estrelas. Julie e Luke, sem se falar, compartilhavam o mesmo céu, como se o universo também testemunhasse o desenrolar dessa história.

A madrugada envolveu o campus em uma quietude quase mágica, e Julie, incapaz de dormir, decidiu dar um passeio noturno para acalmar seus pensamentos tumultuados. Enquanto caminhava pelos corredores silenciosos, um suave acorde de violão flutuou pelo ar.

Lie To Me • JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora