Lie To Me • Juke

Corpos distantes

O tempo seguia seu curso implacável, e a vida de Luke e Julie parecia um reflexo tumultuado de um romance não escrito. Como Alex e Rosie, personagens de "Simplesmente Acontece", eles compartilhavam um amor profundo, mas o destino tecia sua própria narrativa, repleta de desafios e separações.

Luke se encontrava em uma encruzilhada, dividido entre o que sentia por Julie e a presença constante de Marcela, uma sombra que se projetava em seu presente. Marcela, a Bethany Williams de Luke, a pessoa com quem Luke brigava para querer estar mesmo quando seu coração clamava pelo nome de Julie.

Enquanto isso, Julie, perdida em suas próprias dúvidas, via em Marcus uma presença confortável, embora não fosse Luke, preenchia um vazio momentâneo, oferecendo uma distração para as feridas emocionais que teimavam em persistir.

Ambos sentiam a mão invisível do destino, como se a própria vida conspirasse para testar a força de seu amor. Os momentos de proximidade eram seguidos por desencontros, e a sutil tristeza que permeava suas interações refletia a melancolia de Alex e Rosie.

Reggie, curioso e um tanto preocupado, questionou Luke sobre a presença constante de Marcela nos ensaios.

— Ela vai em todos os ensaios? — perguntou Reggie.

Luke suspirou, sentindo o peso da situação.

— Não é como se eu quisesse, mas ela sempre aparece. Preciso de espaço, Reg, mas parece que ela não entende.

— Você precisa resolver isso, cara. Não pode deixar isso atrapalhar a banda e, principalmente, sua cabeça.

— Eu sei, eu sei. É só... complicado. Às vezes, ela me faz esquecer de tudo, mesmo que seja por um breve momento.

— Mas e a Julie? — Alex insistiu.

A resposta de Luke veio carregada de uma verdade incômoda.

— Você nunca ligou quando era a Julie nos ensaios, deixa a Marcela.

Enquanto isso, Marcus se tornava um ponto de apoio constante para Julie. Os trabalhos e as provas se aproximavam, e Marcus estava lá para ajudar ela a estudar, se tornando um aliado acadêmico e, aos poucos, um amigo dedicado.

Julie, imersa em projetos e compromissos acadêmicos, encontrava em Marcus uma presença confiável. Ele se tornava mais do que apenas um parceiro de estudos; ele era alguém em quem Julie podia contar para orientação e apoio.

Chegou o tão esperado dia da apresentação do trabalho em que Julie e Luke eram parceiros. O ambiente estava tenso, mas ao mesmo tempo carregado de uma atmosfera familiar que só eles compartilhavam. Era a primeira vez em muito tempo que estavam sozinhos, sem interferências externas ou olhares curiosos.

Julie estava concentrada, ajustando alguns detalhes finais, enquanto Luke, dominado pela ansiedade, tentava controlar os impulsos nervosos. Seus dedos batucavam ritmicamente contra a perna, uma expressão tensa estampada em seu rosto.

— Essa cor fica bem em você — comentou Julie, quebrando o silêncio.

Luke, distraído por um momento, desviou o olhar para ela. Seus olhos encontraram os dela, e por um instante, a tensão cedeu lugar a uma conexão familiar e confortável. Julie estava usando uma cor que realçava sua expressão e, involuntariamente, um sorriso surgiu nos lábios de Luke.

— Ah, isso? — ele tentou soar descontraído, mas a ansiedade ainda se refletia em seus olhos. — É, eu acho que combina.

A interação entre eles era como um eco do passado, uma lembrança de parcerias e momentos compartilhados que, apesar do tempo e dos desafios, permaneciam gravados em suas memórias. O ambiente, agora impregnado pela seriedade do trabalho acadêmico, não conseguia apagar completamente a faísca de conexão que existia entre Julie e Luke.