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Chegamos em Chicago, e alguns de meus soldados já estavam à espera no aeroporto. O relógio marcava mais de meio-dia, e a responsabilidade de cuidar da Carolina Ferrari pesava sobre meus ombros. A mulher que me deixava louco e intrigado, que havia dormido durante todo o voo, agora era meu foco.

Por algum motivo, ela ainda não confiava em mim e insistia em manter uma distância difícil de atravessar.

— Senhor, Rodrigo Sartori. Já que pousamos em solos de Chicago — anunciou o comissário de bordo.

— Certo, obrigado. — respondi, enquanto o comissário se afastava.

Olhei para Carolina, ainda adormecida ao meu lado. Senti pena de acordá-la, pois parecia um anjo, mesmo com a vida que levava. Como uma mulher pode ser tão irresistível mesmo em um estado tão vulnerável?

— Carolina?! — chamei, tentando trazê-la de volta à realidade.

— Carolina?! — repeti, e quando a chamei pela terceira vez, ela se assustou, saltando para fora do assento e sacando uma adaga pequena debaixo da blusa.

— O que você quer, maldito? — ela gritou, a lâmina fria pressionada contra meu pescoço.

— Porra, calma, minha querida! Sou eu, Rodrigo! — disse, levantando as mãos em um gesto de rendição.

— Desculpa, pensei... — ela começou, mas não terminou a frase, murmurando algo inaudível.

— O que você disse? — interrompi, curioso.

— Não sou sua querida! — retrucou, encarando-me com um ódio intenso que eu não esperava. Ela ainda não sabia que era minha.

— Está acontecendo algo que eu precise saber? — perguntei, tentando manter a calma.

— Nada que seja da sua conta. — respondeu de maneira seca.

— Porra! Você vai me deixar louco!

— Estamos pousando. Se prepare! — ela me cortou, sem demonstrar qualquer sinal de suavidade.

Desembarcamos do avião, e ela decidiu quebrar o silêncio.

— Para quê um exército? Isso só chama mais atenção!

— São apenas precauções! Afinal, o herdeiro da máfia turca não pode andar por Chicago desprotegido.

— Às vezes, me esqueço da máfia. — ela franziu a testa.

Entramos no carro e seguimos em direção ao hotel. Pedi para reservarem o quarto dela de frente ao meu; assim, o trabalho dos seguranças seria mais fácil.

— Você se importa se eu descansar um pouco? Depois desço para o jantar na hora combinada. — Carolina disse, parecendo já cansada.

— Claro, também vou descansar. Às 19h, temos um jantar com algumas pessoas. — respondi.

— Tá bom! — ela entrou no quarto e fechou a porta.

(...)

Chegamos ao restaurante, onde haveria o jantar. Meus pensamentos eram interrompidos por Carolina.

— Está tudo bem? — ela perguntou, observando meu semblante.

— Sim! Vamos! — abri a porta do restaurante para ela.

— Obrigada. — respondeu, sorrindo com os lábios entreabertos.

— Como uma Ferrari, você é uma peça importante para nossa negociação! Ainda usa o sobrenome do seu pai?

— Às vezes, quando necessário...

— Certo! Outra coisa: se eu perceber que há algum clima estranho, vamos fingir que você é minha mulher!

— O cabra é da pesada assim? Para eu ter que entrar nessa brincadeira?

— Sim, só estamos sondando o ambiente...

Nosso jantar se estendeu por três horas. Um dos nossos acompanhantes não parava de olhar para Carolina, com um desejo descarado.

— Espero que esse palhaço não vá amanhã. Não parava de me olhar com aquela cara nojenta. Tomara que não tente me arrematar no leilão. — olhei para ela, surpreso.

— Você já sabia? — abri a porta do carro para ela entrar.

— Descobri assim que chegamos ao hotel. Achou que eu não tinha informantes? Sou uma Ferrari! — ela riu, virando-se para me olhar.

— Então você é melhor do que os comentários por aí...

— Você anda ouvindo fofocas? Que deselegante, futuro capo.

— Apenas obtive informações sobre você!

— Vejo que seus informantes não são tão bons, pois nem sabia que eu era filha do Antônio Ferrari. — ela disse, mais uma vez me surpreendendo.

— Caramba! O que mais você sabe que eu ainda não sei? — a observei, tentando decifrar seu olhar.

— Na hora certa, você irá saber!

— Posso perguntar uma coisa? Por que comigo você não é o famoso e frio Rodrigo Sartori?

— Porque estou determinado a te conquistar.

— Nossa, que direto!

— Se sente incomodada?

— Nem um pouco. Gosto de pessoas verdadeiras... A última vez que tive um par de surpresas bem aqui na cabeça! — ela fez um gesto de chifre com os dedos, provocativa.

— Você tem o humor dos seus irmãos. É diferente da sua irmã.

— Eu sou adotada, por isso somos diferentes. Me pareço com meus irmãos porque eles me acolheram como uma irmã mais nova. Minha mãe me encontrou em um orfanato na Itália. — sem acreditar, freiei o carro para olhá-la melhor, assimilando o que acabara de ouvir.

— Sério? Nem parece! Teus irmãos não me falaram nada sobre isso...

— Ah, não! — ela deu uma risada.

— Não acredito! Uma boa mentirosa, quer seguir carreira de atriz, não? — sorri, brincando.

— Ainda vamos aprender a conviver juntos. Amanhã, serei leiloada. Veremos se você não deixa um velho querer arrematar uma bela jovem como eu.

— Por você, sou capaz até de matar. — declarei, com um sorriso divertido nos lábios, sabendo que, naquele jogo de sedução e intriga, havia algo muito mais profundo a ser revelado entre nós.

Será se ele leilão irá dar certo?

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