Minha Riqueza

14

Ainda tentando processar o que acabou de acontecer, desço do palco e vou direto para uma mesa próxima ao buffet, onde brigadeiros, salgados e uma torta me esperam. Com o prato cheio, sento-me em uma mesa para duas pessoas e começo a comer, tentando ignorar o leilão que ainda está rolando.

— A mulher que vale 23 milhões de dólares — uma voz masculina interrompe meu momento, vindo de trás. Continuo em silêncio, esperando que ele desista, mas ele se senta à minha frente.

— Como uma mulher tão bonita e valiosa permite ser leiloada assim? — Ele se inclina para me olhar, e percebo que é o homem misterioso que tentou me comprar.

— Como me permito ser leiloada? — digo, com uma sobrancelha arqueada. — É um evento beneficente. Que bom que ajudei a levantar 23 milhões! Outra coisa, não dei permissão para se sentar. O salão está cheio de mulheres que podem cair no seu papo, então pode se retirar.

Ele parece surpreso, mas logo volta com um sorriso de canto.

— Calma, só quis me apresentar. Não sabia que estava falando com a filha do capo Antônio Ferrari... com o mesmo temperamento do pai. Sabe, resolveríamos isso fácil em uma posição... na minha cama.

Aperto a faca de mesa que está em minha mão, o encaro firme e solto em italiano:

— Maledetto figlio di puttana, rispettami! Non sono la puttana che compri per una notte. — (Seu maldito filho de uma puta, me respeita! Não sou as prostitutas que você compra por uma noite.) — Finco a faca nas costas da mão dele e a retiro logo em seguida, apontando para ele.

— Sua...! — Ele grita e aperta a mão que sangra, visivelmente furioso. — Desgraçada! Eu vou acabar com você! Tem noção de quem eu sou? Sou o capo da França!

— Não me importa de onde você vem! Agora retire-se daqui com esse ego ferido — respondo, firme. Ele faz sinal para seus homens se aproximarem.

Antes que eles cheguem perto, uma voz grave corta o ar:

— Se alguém ousar tocar nela, é um homem morto, Jean.

— Agora vai proteger essa mulherzinha? Só porque é filha do Antônio? Deve estar sozinha aqui, fácil de se livrar! — retruca Jean, tentando manter a pose.

— Ouça bem, porque vou dizer só uma vez: se você tocar nela, eu destruo você e todos os que tentarão. — A voz de Rodrigo soa ameaçadora e firme, e até eu sinto um arrepio.

— Isso não vai ficar assim! — Jean sai, visivelmente irritado e com uma expressão sombria.

Assim que ele se afasta, Rodrigo me lança um olhar reprovador.

— Não posso te deixar sozinha por um minuto que já arruma briga com outra máfia? O que eu faço com você, Carol?

— Ele quem começou. Só respondi à altura do insulto.

Rodrigo balança a cabeça, pensativo.

— Jean não vai deixar isso barato. Vai querer vantagens nos negócios, mas isso é problema pra depois.

Ele então sorri, relaxando, e me encara com um ar de quem venceu.

— Agora, sobre a aposta. Você me deve um jantar, e, pelo que parece, vai fazer o que eu quiser, não é? — Ele ri enquanto se acomoda na cadeira à minha frente.

Reviro os olhos, cruzando os braços.

— Tá bom! O que você quer, então?

Ele me olha com aquele sorriso de canto e um brilho divertido no olhar.

— Quero o jantar que comprei hoje... lá na Itália, antes do casamento da Isabella.

— E qual era o combinado da aposta? — pergunto, desconfiada.

Rodrigo se inclina, um sorriso malicioso surgindo em seu rosto.

— Creio que você não vai gostar. Talvez até me golpeie pelo pedido.

Faço uma expressão de nojo, mas ele ri, levantando as mãos em rendição.

— Não é o que está pensando, mente imoral. — Ele continua rindo.

— Então o que é? — pergunto, já impaciente.

Ele então olha para mim com aquele ar de certeza:

— A partir de agora, quero que aceite que eu te chame de "minha querida".

— Nem a pau! — respondo, cruzando os braços com firmeza.

Ele levanta uma sobrancelha, se divertindo.

— Cuidado com as palavras. Trato é trato. Nada de voltar atrás, essa é a minha condição.

Respiro fundo, revirando os olhos, mas aceito a derrota, já que perdi a aposta.

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