Estávamos sentados à mesa, eu e meus pais, tomando café da manhã. Tinha chegado hoje cedo dos Estados Unidos, e ainda precisava lidar com algumas questões relacionadas à máfia, já que estou em transição de poder. Dentro de poucos meses, meu pai vai me passar oficialmente o cargo que me pertence por herança — o líder de todas as tribos da nossa máfia turca.
— A Sila já foi para a escola? — perguntei, referindo-me à minha irmã caçula de 16 anos, que ainda estava no ensino médio. — E o Çinar? Por onde anda, já que não está aqui? — Meu irmão, que é apenas um ano e meio mais novo que eu, também não estava presente. Tenho outra irmã que já é casada e mora em outra cidade da Turquia com seu marido, um líder tribal.
— A Sila já foi para a escola sim, e por Alá! O Çinar chegou tarde ontem, deve estar dormindo até agora! — respondeu minha mãe.
— Bom dia, família! — apareceu Çinar, finalmente, com aquele ar desleixado de quem havia acabado de acordar.
— Pensei que estivesse morto em algum lugar, já que não atendeu minhas ligações! — respondi seco.
— Olha a língua! — mamãe bateu na mesa, irritada com meu tom.
— Perdão, mamãe. É que ele não deu sinal de vida. — Tentei me justificar, sem grande sucesso.
— Desculpa, irmão! Apaguei depois do trabalho de ontem, mas já resolvi o que precisava ser resolvido. — disse Çinar, socando um pedaço de bolo na boca. Nesse momento, meu celular vibrou com uma mensagem.
"Já cheguei na Itália. Agora estou indo para a mansão com meu pai! Sei que já deve saber disso, só estou avisando."
Sorrio ao ler a mensagem, e meu pai logo percebe.
— O que tem de interessante aí que fez o mau-humorado sorrir? — perguntou ele, com um sorriso intrigado.
— Sua futura nora, pai. — falei, tentando esconder o entusiasmo.
— Já escolheu sua esposa? — ele ergueu uma sobrancelha, surpreso.
— Sim, falta ela aceitar. — disse, sabendo que isso não seria tão simples.
— No meu tempo, a mulher não tinha que aceitar nada. Era escolhida e ponto final. — Ele deu uma risada nasal, enquanto bebia seu café.
— Que eu me lembre, não foi assim conosco, meu querido! — Minha mãe piscou para ele, provocando.
— Nós sabemos! — Eu e Çinar falamos ao mesmo tempo, rindo.
— Você passou meses tentando me conquistar, enchendo a porta da minha casa com pétalas de rosas. — Minha mãe riu, relembrando.
— E me ignorava em tudo, se fazendo de difícil. — Meu pai riu, balançando a cabeça.
— Claro! O futuro líder do clã estava me cortejando, não queria que você pensasse que eu era uma mulher fácil.
— Continua não sendo. — Ele riu novamente, e eu me peguei admirando a história de amor dos dois.
— E como é essa mulher, meu filho? — Minha mãe perguntou com um olhar curioso.
Suspirei, sentindo um calor diferente no peito ao falar sobre ela.
— Ela é uma mulher forte, com uma beleza radiante. Quando entra em um lugar, todos param para olhar e admirar. O que tem de beleza, tem de inteligência. Fundou uma empresa e, em três anos, transformou-a em uma das melhores do mundo. E ela não se dobra a ninguém, nem mesmo a mafiosos! — Terminei, percebendo que estava praticamente suspirando como um bobo apaixonado.
— Quem é você? E o que fizeram com meu irmão frio e sanguinário? — Çinar perguntou, incredulamente, franzindo o cenho.
— Bateu a cabeça em algum lugar? Apresentei tantas moças para você, e nunca era o bastante. Sempre tinha algo que não gostava. — Minha mãe colocou a mão na minha testa, fingindo checar se eu estava febril.
— Haha! Meu filho é igual ao pai. Conquiste-a como fiz com sua mãe. Essa vale a pena. Derreteu seu coração de gelo, hein? — Meu pai riu, satisfeito.
— Terei que lutar por ela. Parece que algum idiota estragou a cabeça dela, e agora está difícil de entender e conquistar.
— Qual o nome dela? — minha mãe perguntou, já entrando no modo interrogatório familiar, que eu conhecia muito bem. Quando a família quer uma resposta, nada neste mundo os impede.
— Só direi quando chegar a hora. Por enquanto, respeitem minha decisão. E mãe, por favor, chega de apresentações de mulheres. Maninho, está na hora de você arrumar uma namorada!
— Preocupe-se com você, que precisa arrumar um herdeiro! Depois, eu arrumo a minha! — Çinar rebateu, provocando.
— Olha o respeito! — retruquei, tentando manter a seriedade. — Apesar de ser seu irmão e braço direito, sou seu futuro Capo! — Falei, deixando claro que a hierarquia estava em jogo, mesmo entre risos.
— Claro, senhor Capo! — Çinar fez uma falsa reverência, mas com um sorriso no rosto.
Minha mãe nos observava, balançando a cabeça com um sorriso suave. Por mais que ela tentasse manter o controle, havia uma ternura nos seus olhos sempre que nos via juntos. Meu pai, por outro lado, permanecia sério, mas era o tipo de seriedade que escondia orgulho. Ele não era muito de demonstrar emoções, mas eu sabia que, no fundo, ele amava esses momentos de provocação entre a gente.
— Vocês dois, sempre nessa briga sem fim. — Minha mãe sorriu, quebrando o silêncio. — Mas, Çinar, seu irmão está certo. Já passou da hora de você encontrar alguém. Não tem nenhuma moça interessante à vista?
— Mãe, por favor! — Çinar revirou os olhos, visivelmente incomodado com a insistência. — Tenho coisas mais importantes pra resolver. Vocês acham que o império se mantém sozinho?
— Ah, pronto! O futuro Capo e o futuro segundo no comando, ambos presos ao trabalho. O que aconteceu com a ideia de formar famílias e gerar herdeiros? — Meu pai provocou, cruzando os braços, a expressão impenetrável, mas o tom cheio de sarcasmo.
— Já falei, pai. Tenho que resolver algumas coisas antes de pensar nisso. — Retruquei, tentando não parecer pressionado, mesmo que o assunto "herdeiros" começasse a me pesar nos ombros.
Meu pai apenas assentiu, mas eu sabia que ele levaria a sério cada palavra. O tempo estava se esgotando. Não só o tempo de assumir a liderança da máfia, mas também o tempo de construir a vida que ele esperava de mim.
— Agora, chega de discussão. Temos muito o que fazer. — Meu pai disse, levantando-se da mesa. — Rodrigo, quando a transição de poder acontecer, você precisará estar preparado para enfrentar muita coisa.
Eu sabia que ele estava certo. A liderança da máfia turca não era um cargo qualquer. Não era só uma questão de herança, mas de poder, respeito e, acima de tudo, controle.
— Sei disso, pai. Estou pronto. — Falei, com firmeza, escondendo qualquer traço de insegurança que pudesse estar surgindo.
— É bom mesmo. — Ele lançou um último olhar, antes de sair da sala, seguido pela minha mãe, que lançou um sorriso reconfortante antes de desaparecer também.
Agora, restava apenas eu e Çinar.
— E aí, pronto pra ser o braço direito do Capo? — Perguntei, tentando aliviar o clima.
— Se você não morrer de amor antes. — Ele riu, me socando de leve no ombro.

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Minha Riqueza
Lãng mạnCarolina, Criada para ser uma dos herdeiros Ferrari, forjou seu caminho para se tornar uma empresária respeitada sem ajudas dos pais. No entanto, os vestígios de um passado tumultuado continuam a influenciar suas escolhas. Uma história de amor inte...