De dia inimigos, à noite amantes. Esse era o lema secreto do estilista Jeon Jungkook e o modelo Park Jimin. Diante de brigas e ofensas no trabalho, à noite os dois se tornavam irreconhecíveis sob máscaras e adquiriam aquilo que deveria ser saciado:...
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❦ Capítulo 1 ÓDIO IRREVERSÍVEL
De todas as formas que você poderia me responder, você escolheu a pior delas.
ah, amor você é horrível por dentro. (igualzinho a mim)
Todas as torturas e agonias do mundo residem naqueles que nunca sentiram a felicidade de estar em paz consigo mesmo.
E não é uma tentativa de metáfora quando Park Jimin pensa que, definitivamente, era um desses que fora torturado pela agonia da vida. Inclusive nesse exato momento em que sentiu sua alma esvaziar em um suspiro quente. Estático, mas o seu interior residia uma agonia sem paz. Aquele que trouxe um arrepio em seu corpo e desceu até o pé da barriga — o pobre do seu corpo sofria com as consequências de uma mente fatídica*.
Seu corpo todo travou como pedra e seus dedos ficaram trêmulos só de ver aquela imagem. O cinto do carro parecia apertar demais o seu peito, ou talvez o aperto fosse por outra razão — preferia não descobrir agora. Por enquanto, se concentraria apenas em tentar não deixar sua respiração descontrolar.
Porque era sempre indiscutivelmente obscuro e ignóbil* relembrar o seu passado. E quando Jimin, dentro do taxi no caminho pro trabalho, pôs os olhos naquela revista antiga, tudo o que ele tentava esquecer veio em mente. A imagem embaçou suas memórias e ele sentiu que estava vendo ali uma versão de si agora inexistente.
Sentiu, acima de tudo, que nunca realmente existira.
Percebeu que aquele Jimin que via ali era apenas uma invenção sua própria mente e que nada poderia convencê-lo de sua importância. Era apenas um vulto, um dissociação.
A revista da Magazine Teen fora uma das primeiras que Jimin posou profissionalmente, ele tinha 16 anos na época. Rosto e corpo magro, roupa colorida de Popstar adolescente e expressão suave, ainda que todos pudessem ver toda sua felicidade esmagadora pelo olhar.
Recordava da surpresa de ver que a revista estava ganhando muita atenção e fazia sucesso entre os jovens. Tampouco ligou para os comentários homofóbicos e negativos que recebeu na escola. Seus olhos marejavam de felicidade só em ver o pouco que tinha conseguido.
Mas essas mesmas lágrimas de felicidade rapidamente viraram lágrimas de dor assim que seu pai o espancou.
Não gostara nada de ver seu querido filho, que deveria ser o sucessor de moralidade, posando como uma mulherzinha em uma revista de quinta categoria. Senhor Park estava certo de que essa era a forma mais correta de se educar um filho
Ah, ele se lembrava muito bem dessa época. Toda a dor de viver no próprio corpo, com os próprios desejos e sonhos difíceis demais para serem alcançados. Os tempos foram tristes demais para serem lembrados todos os dias, ele preferia esquecer. Por isso, afastou todo e qualquer resquícios de memória.
