Capítulo 10 - Cris

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Aquela merda não deveria estar acontecendo, Elizabeth e Angel não deveriam passar por isso! A casa estava parecendo um cenário de guerra, os tiros continuavam a ser disparados, cada vez mais rápidos enquanto descíamos as escadas.

Meus olhos estavam atentos a cada movimento, eu queria poder prever de onde viria o próximo tiro, mas como isso não era possível eu mantinha meu corpo na frente do delas, fazendo meu melhor para protegê-las.

— Zoe foi atingida chefe, a garota está caída na sala. — a voz de James soou ao meu ouvido e soltei uma torrente de xingamentos baixos.

Me virei para trás vendo os rostos assustados, Angel que ainda choramingava no colo da mãe diante de todo o barulho e Elizabeth, que apesar do medo refletido em seu rosto, se mantinha firme.

— Vamos seguir mais rápido agora. Não olhe para os lados, se agarre na minha roupa e não pare! — instrui rápido antes de pisar no último degrau, torcendo para que ela me escutasse e não visse o corpo de Zoe no chão.

Olhei para frente e senti no mesmo instante seus dedos agarrando a parte de trás do meu terno. Olhei para os dois lados e avancei, apressando os passos ouvindo os tiros estraçalharem as janelas, esculturas e quadros, destruindo a casa dela, transformando tudo em ruinas esburacadas.

Quando alcancei a sala avistei o corpo de Zoe bem perto das portas, ela provavelmente foi pega quando tentava fugir. Droga, respirei fundo sabendo que não teria como evitar que Elizabeth visse essa cena, estava bem no nosso caminho para fora da casa.

— Oh meu Deus! — ouvi o sussurro dela e por um instante seu aperto em minha roupa sumiu.

— Em frente mia bella, temos que sair daqui! — a lembrei levando minha mão para trás e agarrando a mão dela, querendo mostrar que estava ali com ela.

— Já estou aqui. — a voz de Bob soou no ponto me aliviando um pouco, ao menos ele tinha conseguido entrar. Eu esperava que os outros fossem tão rápidos em encontrar os atiradores e abatê-los, mas não tinham obtido sucesso ainda.

Saímos na porta principal e os tiros pararam no mesmo instante, me deixando confuso e temendo o pior enquanto corríamos para fora. Isaac saiu do carro abrindo a porta e ficando com a arma em punho, atento a qualquer ameaça.

— Quero informações, pegaram os atiradores ou o que porra? — gritei correndo e puxando Elizabeth comigo até o carro, olhando em volta ao descermos os dois degraus em direção a segurança do automóvel.

Empurrei o corpo dela na minha frente entrando logo atrás e Isaac fechou a porta as minhas costas, enquanto Bob arrancava com o carro. Mas não conseguimos respirar aliviados nem por um segundo, porque os tiros soaram, dessa vez contra o carro.

Me deram as respostas que eu precisava, meus homens não tinham encontrado os atiradores e a mais importante, o intuito do ataque não foi para matar Elizabeth e sim para apavorá-la, eles queriam causar ainda mais medo nela, ficou claro como o dia enquanto atiravam contra o blindado.

Forcei seu corpo a se curvar contra o banco, cobrindo-as com meu corpo, mesmo que o carro fosse a prova de balas eu não queria arriscar o pior. Bob dirigia como um louco e assim que o carro saiu da rua principal os tiros cessaram.

Puxei o corpo dela contra o meu, procurando por qualquer machucado ou ferimento, antes de tirar Angel do canguru e colocá-la no meu colo. Segurando as duas apertadas contra mim eu pude sentir o quanto Elizabeth tremia e eu não podia culpá-la, não depois de tudo o que aconteceu hoje.

— O ataque a casa cessou. — ouvi James falar na nossa linha de comunicação e suspirei irritado comigo mesmo.

Isaac me encarou pelo retrovisor, me dando um longo olhar, mostrando que pensava o mesmo que eu. Se eles tivessem matado Elizabeth agora, seria lucro, mas eles não podiam matar Angel, por isso não atiraram quando saímos de casa e os tiros contra o carro eram apenas para mexer com o psicológico dela ainda mais.

Bob dirigiu até um estacionamento deserto, onde havia outro carro nos esperando e por todo o caminho ela manteve o rosto apertado contra meu peito, chorando de maneira silenciosa, mesmo que seu corpo se sacudisse com os soluços.

— Querida, vamos ter que trocar de carro. — falei baixo não querendo assustá-la e seu rosto se ergueu olhando o estacionamento em volta. — É só por segurança, para não nos seguirem.

— E para onde vamos? Não tem como me esconder, eles vão descobrir onde estou mais cedo ou mais tarde, podem me atacar na empresa, matar outras pessoas e tudo por minha causa...

— Ei ei. — toquei o rosto dela, virando-o para que me encarasse. — Primeiro nada disso é culpa sua e em segundo lugar vamos nos preocupar com o hoje, não fique pensando no amanhã ou na próxima semana, um dia de cada vez. — acariciei a bochecha vermelha sem conseguir me conter e os olhos dela suavizaram um pouco a tristeza.

Mas as portas do carro batendo me lembraram que o momento não era para consolar e fazê-la sorrir, teria tempo para isso quando estivéssemos protegidos.

Abri a porta de trás e desci do carro com Angel no meu colo antes de estender a mão, ajudando Elizabeth a descer e rapidamente subir no carro esportivo, bem diferente da SUV preta que viemos.

Isaac tomou o lugar de Bob como motorista, o outro ficaria para trás para se certificar de que qualquer um que nos seguiu agora acompanhe o carro vazio.

— Para onde vamos? Que lugar nós estaremos seguras? — a ouvi perguntar, mesmo que sua voz não fosse mais do que um sussurro.

— Eu tenho uma casa, escondida e que parece uma fortaleza, nunca vão nos achar lá! — garanti, mesmo que ela não parecesse convencida acenou concordando.

Durante o caminho ela amamentou a filha o que ajudou a pequena a cair no sono e depois que eu a peguei no colo novamente não demorou para que acabasse dormindo também, apoiando a cabeça em meu ombro.

Meus homens me deram notícias sobre o estrago da casa e as consequências de tudo, como a polícia indo até lá e o corpo de Zoe sendo levado. Ao menos Elizabeth não estava lá para ter que lidar com isso depois de tudo o que passou hoje.

O carro parou entrando na casa e ela rapidamente acordou, mostrando o quanto estava assustada com qualquer mudança. A tarde já havia ido embora, dando lugar a uma noite fria e escura, o que era ainda melhor para esconder a casa entre as árvores.

Quando comprei aquele terreno meu pensamento era justamente de esconder pessoas que precisavam de proteção e hoje só tive ainda mais certeza de que fiz o certo.

— Vamos entrar, devem estar famintas e precisando de um banho. — falei apressado empurrando o corpo de Elizabeth para frente, enquanto Isaac seguia para fora da propriedade com o carro.

— O que é esse lugar? — ela questionou quando apertei a senha no painel da porta, abrindo a casa e acendendo as luzes assim como ativando todo o sistema de segurança.

A casa lembrava muito uma grande cabana, com o chão de madeira e toda a decoração rustica, eu gostava assim, me lembrava a cabana na Itália que eu e meu irmão adorávamos, uma das poucas coisas que tínhamos em comum.

Ela olhou em volta, dando alguns passos em direção a sala e depois voltou esticando o pescoço para o corredor que levava a cozinha, mas não se afastou de perto de mim mais do que isso.

— É uma espécie de refúgio, acho que pode chamar assim. Temos comida, água, fraudas para essa pequena — avisei apertando a bochecha de Angel. — Acho que vai encontrar tudo o que precisa no segundo quarto.

— Você vem... vem comigo?

Eu não sabia como ela podia estar me perguntando algo assim quando tudo o que passou foi retaliação por termos encontrado o filho da puta do marido dela e o levado até a polícia.

A culpa era toda minha, se eu ao menos soubesse disso antes de colocar hackers atrás dele, carregaria o peso de não tê-la consultado e ter feito as duas correrem esse risco.

E ainda sim ela estava ali me encarando com os olhos grandes e castanhos esperando por uma resposta.

Seduzida pelo MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora