Capítulo 15 - Elizabeth

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As palavras de Cris me acertaram como um choque de realidade, especialmente quando ele saiu marchando porta a fora.

Suspirei me recostando no balcão e encarando minha filha no carrinho, brincando com o ursinho. Aquilo era mais um lembrete que ele estava ali para nos proteger, cuidando até mesmo dos pequenos detalhes que não eram seu trabalho.

- A mamãe fez besteira, não foi? - falei com ela que balbuciou jogando o brinquedo nos meus pés.

Ele mandou trazerem até as pequenas coisas dela, percebi encarando o brinquedo, assim como a mamadeira e as outras coisas. Ainda me deixou descansar enquanto cuidava dela.

Cris realmente não merecia que eu o tratasse daquele jeito, gritando e lembrando-o que era um funcionário, eu estava sendo uma megera tentando convencê-lo a fazer o que eu quero, mesmo que não seja o sensato.

Mas eu sabia que não era apenas isso, eu só não queria perder o controle da situação e acabar sendo um fantoche nas mãos de outro homem. Meu pai me ensinou desde pequena a ser independente e quando Nathan entrou na minha vida eu baixei minha guarda, confiei nele e tive meu coração destruído.

- Acho que vocês dois só estão com os ânimos agitados, é normal depois de tudo o que passaram. - a voz de Bob soou as minhas costas me tirando dos meus pensamentos.

- Na verdade eu só não gosto que tomem decisões por mim. Esperava que seu amigo já tivesse entendido a essa altura.

- E ele entendeu, Cris é esperto o bastante para saber o que iria te irritar, mas não quer dizer que ele vá evitar de fazer, especialmente quando for para o seu bem.

Mordi o lábio quando as palavras "ele não sabe o que é melhor para mim" preencheram minha mente, se eu dissesse isso estaria mentindo. Angel gritou atirando o ursinho mais uma vez, mas Bob foi mais rápido e o pegou no ar, sacudindo esfregando em seu rostinho, arrancando gargalhadas dela.

Aquilo era só outro lembrete do quanto ele se importava com a nossa segurança, tinha arrastado mais três seguranças até ali em pleno domingo, para garantir nosso bem-estar.

- Você é pai, o que está fazendo aqui em um domingo de manhã?

- Trabalhando. Não costumo pegar os domingos, mas Cris precisava de alguém que soubesse fazer uma mamadeira descente. - ele riu me fazendo sorrir também, mas aumentando o incomodo em meu peito. - Quando eu o conheci eu era um ex soldado, procurando qualquer emprego para poder colocar comida na mesa e ele me contratou, me dando o emprego onde eu poderia usar minhas habilidades e dar uma vida digna para a minha família.

Eu sacudi a cabeça não acreditando naquela conversa dele, com toda certeza ele estava querendo pintar o amigo como um santo imaculado.

- Você está dizendo isso porque ele é seu amigo, só quer me convencer que ele sempre tem as melhores intenções, para me fazendo sentir culpada.

- Não é por isso, claro que ele é uma ótima pessoa e eu sou grato, mas não estaria aqui mentindo para você por ele. - ele colocou o brinquedo no carrinho com Angel e se ergueu me encarando. - Cris leva o trabalho dele muito a sério, mas viu algo especial em vocês duas, tentamos arrancar o motivo de ter aceitado trabalhar diretamente para você, só que foi uma missão sem sucesso. Então quando ele disser que fez algo para o seu bem acredite que não é apenas trabalho, ele realmente se preocupa com o bem-estar de vocês duas.

Aquela conversa só me fez sentir ainda pior pela forma que o tratei, se minha consciência já estava pesando, Bob tinha acabado de me convencer que eu precisava conversar com Cris.

Eu olhei dele para a porta por onde Cris havia saído e então voltei meus olhos para Angel.

- Pode ficar com ela para mim por alguns minutos? - perguntei incerta, mas ele apenas sorriu largo e tocou a ponta do nariz de Angel.

Seduzida pelo MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora