Seduzida pelo Mafioso

Capítulo 20 - Elizabeth

Acordei com o despertador e resmunguei querendo continuar ali deitada ali. Podia parecer estranho e sim, eu estava ficando louca naquela cabana, mas assumo que estava sentindo falta de poder dormir até tarde, inventar brincadeiras e coisas novas para fazer com Angel e Cris.

Mas voltar a realidade foi preciso depois de um mês isolados, mesmo que ainda existisse o risco de Nathan estar apenas esperando o momento certo antes de atacar novamente.

Porém já faziam quatro meses e nenhum sinal dele, Cris tinha mandado seus homens recuarem temendo outro ataque da família dele, então não sabíamos onde ele estava. O desgraçado sumiu mais uma vez sem assinar o maldito divórcio, tudo graças ao advogado que inventava algo novo a cada dia só para adiar o inevitável.

Mas pensar nele era a última coisa que eu queria, especialmente durante a minha manhã, estragaria o resto do meu dia. Ao invés de ficar ali pensando no que havia de errado na minha vida eu me levantei colocando uma roupa, vendo as marcas no meu corpo como lembranças da noite passada, e fui atrás de Angel e de Cris, que com certeza estavam fazendo bagunça.

- Isso linda! - ele gritou comemorando quando ela jogou a bolinha de dentro da mini cesta de basquete. - A melhor jogadora do mundo todo.

Cris agarrou ela, que sorria de forma gostosa, e a girou acima de sua cabeça, fazendo Angel gritar de empolgação.

- Mais, mais, mais! - ela insistiu, como se fosse preciso, Cris era incapaz de negar qualquer coisa a minha menina.

Ele fez exatamente o que ela pediu, girando-a como um maluco, com os olhos presos nela enquanto sorriam sem controle. Era uma cumplicidade e amor que eu não sabia explicar, Angel era mais apegada a ele do que a Emily, ele só perdia para mim nesse quesito.

Nesses quatro meses o medo de que Cris acabasse indo embora em algum momento e nos deixasse sempre se apossava de mim, Angel sofreria demais se o perdesse, ele era o único além de mim que ficava horas e horas com ela, brincando ou contando historias e a colocando para dormir.

E mesmo que algumas pessoas dissessem que ela tinha acabado de completar um ano e por isso não entendia direito as coisas, eu sabia que ela sentiria sua perda. Nós duas sentiríamos, seriam dois corações partidos ali naquela casa.

Não que eu fosse admitir que estava apaixonada por ele, seria a última coisa que eu faria nessa vida. Cris teria um longo caminho a percorrer antes de escutar aquelas palavras saindo da minha boca.

- Parece que vocês dois acordaram cheios de energia hoje, não são nem nove da manhã. - falei finalmente ganhando a atenção deles. - Vão acabar vomitando de tanto rodopiar.

Os dois me olhavam com um sorriso largo, os olhos castanhos brilhando com divertimento, tão parecidos que qualquer pessoa diria que eram pai e filha. O mesmo brilho que eu detestava ver nos olhos de Cris no começo, hoje me traziam conforto, uma sensação de paz que aquece o meu interior, principalmente quando eu via o mesmo refletido no olhar de Angel.

- E parece que a mamãe ainda está muito cansada. Teve uma noite agitada, mia bella? - ele se aproximou com um sorriso lateral sexy, que eu odiava na mesma medida que amava.

- Sim, muito agitada. - dei alguns passos junto com ele, acabando com a distância entre nós e plantei um beijinho na bochecha de Angel antes de me virar para ele. - Houve um terremoto na minha cama na noite passada, ainda não consigo sentir minhas pernas direito.

O sorriso dele se alargou mostrando até mostrar todos os dentes como o belo cretino que era, Cris só estava com aquele sorriso porque tinha algemado minhas mãos para trás, as prendendo em uma espécie de cinta, e tomou meu corpo em todas as posições possíveis. Ele cumpriu a promessa de nos deixar exaustos, eu nem mesmo conseguia mover minhas pernas quando ele finalmente gozou.

- Gila a mamãe, papai! - Angel gritou espalmando as mãozinhas no rosto dele e eu vi olhos de Cris se arregalarem, enquanto choque nos tomava. Comigo era apreensão da reação dele, porque eu já sabia o quanto a minha pequena estava envolvida por ele.

- O que... o que você disse, meu anjo?

- Gila, gila!

- Não amor, a outra palavra. Do que você me chamou?

- Papai! - os olhos dele se encheram de lágrimas e eu sorri tentando esconder o quanto estava emocionada também. - Mamãe, papai, mamãe e meu papai! - Angel continuou a repetir apontando de mim para ele, levando o homem a total destruição quando uma lágrima escorreu por seu rosto e ele a abraçou apertado.

- Eu sou seu papai! Sou sim! - o ouvi murmurar contra os cabelos dela antes de se virar para mim. Não tendo vergonha em demonstrar os sentimentos ele fungou com os olhos cheios de água. - Sou o papai dela, Lize. Eu sou o pai dela!

Cris parecia estar reafirmando para si mesmo, ou talvez ele apenas quisesse saber qual seria minha reação diante da situação. Mas tudo o que eu consegui fazer foi morder meu lábio inferior, tentando conter minha própria emoção.

- É sim, parece que você foi promovido a papai. - murmurei com a voz embargada e ele agarrou minha cintura, me puxando para o abraço enquanto seus lábios beijavam minha testa.

- Minhas meninas!

- Amo papai. - Angel beijou a bochecha dele dizendo do seu jeitinho que o amava, mas foi rápida em se afastar, mostrando que não queria mais abraços. - Gila, gila!

- Tudo bem meu amor, vamos de gira gira. - ele se afastou e voltou a rodopiar ainda mais rápido com ela, fazendo a gargalhada mais deliciosa invadir a sala.

Eu como uma boba encantada continuei ali de pé observando a cena, sem conter meus pensamentos que estavam focados em Angel o chamando de pai. Cris aceitou aquilo com tanta facilidade e com tanta emoção que até parecia estar torcendo para que acontecesse há muito tempo.

Era estupidez desejar que aquele momento bem ali na minha sala durasse para sempre, mas mesmo assim eu fiz, eu desejei que todos os nossos dias fossem perfeitos e felizes como aquele momento.

- Meu Deus, que coisa linda. - Emily murmurou se juntando a mim. - O senhor Miller é mesmo apaixonado por vocês duas, incrível como o homem de segurança virou um paizão.

Ela tinha razão, Cris tinha ido ali para ser meu segurança e em pouco tempo mudou tudo, preencheu um lugar na nossa família que nem sabíamos que estava vago e agora doía só em imaginá-lo indo para longe.

- Tenho medo disso.

- Não faz isso, senhora. Não destrói seu momento de felicidade pensando besteira. - ela me deu um tapinha no ombro, como só costumava fazer quando estava me dando algum conselho - Esse homem te ama e ama sua filha, e da pra ver o quanto você o ama. Então não deixa esses pensamentos ruins sobre o futuro atrapalhar o que vocês tem hoje não, se permite ser feliz.

Eu me virei para ela e abri um sorriso pequeno, a mulher que tinha visto todas as minhas perdas e que havia salvado a minha vida, estava certa. Não podia viver pensando no futuro, precisava focar no presente, no que tínhamos agora.

Antes que pudesse respondê-la, Angel foi empurrada em seus braços e Cris me pegou no colo, se afastando antes mesmo que eu pudesse protestar, até estar novamente na área livre de móveis.

- Gila mamãe, gila! - minha filha gritou e Cris começou a girar fazendo tudo a minha volta rodar e eu gritei fechando os olhos assustada com a rapidez que ele girava comigo.

- Mantenha-os abertos querida, foque em mim. - bastou que eu ouvisse suas palavras para tornar a abri-los encarando as íris castanhas vibrantes e que tinham o poder de acalmar meu coração, tanto como me tirar do eixo. - Eu te amo, mia bella.

Eu arfei em choque, era a primeira vez que ele dizia aquilo com aquelas exatas palavras. Meu coração voltou a galopar no peito com intensidade, enquanto tudo a minha se transformava.

Cris estava me levando tão alto quanto um arranha-céu, ele havia me encontrado e decidido ganhar minha confiança, assim como me declarar como sua, me deixando sonhar alto demais. Eu temia a queda, mas ia aproveitar cada segundo daquela subida, com a certeza de que ele não me deixaria cair.