Alguém pra mim

9

Zara

Estudei bastante para o teste diagnóstico de habilidades intelectuais, não sei qual é o nível da Tamires, por isso tive que intensificar minha preparação, pois apesar de não me sentir melhor do que ninguém, ainda preciso não deixar ninguém acima de mim.

Sempre tive que me destacar para compensar ter nascido mulher, pois só sendo dotada de todos talentos posso ser mais do que uma mulher atrás de um homem, posso ser quem vai administrar a empresa de minha família.

Desde sempre, procurei ser vista como a líder. No grupo de amigas, eu era a rainha. Na escola, a presidente do conselho estudantil. Em casa, sempre me esforcei para ser melhor que o Artur nas actividades que faziam parte de sua preparação para comandar os negócios, apesar de ser mais jovem e ainda me faltar mais estudo, sempre procurei ser a melhor em tudo.

Ao mesmo tempo, também me preparava para ser uma dama da alta sociedade, mas meu valor está além da minha beleza e um dia, minha mãe perceberá isso.

— Agora que já possuem o enunciado, podem resolvê-lo com calma, daqui há algum tempo irei recolher. Bom trabalho, meninas. – diz a professora.

...

— Zara, como foi o teste? – pergunta Ana.

— Eu me saí bem.

— Não esteja tão certa disso, pode se decepcionar. – diz Tamires.

— Como disse antes, estou ansiosa para ver suas habilidades intelectuais. – digo.

Pode até parecer ironia para quem me ouve, mas eu realmente estou curiosa para saber se tudo o que falou é mesmo isso e ao mesmo tempo quero voltar a posição de líder que sempre tive a vida inteira, em tudo que me envolvo.

— Você ainda vai engolir esse sarcasmo.

Tamires esbarra no meu ombro e caminha para longe.

— Parece que ela se tornou sua inimiga. – comenta Ana.

— É uma pena, não quer ter inimigos aqui também.

— Como assim também? – pergunta Ana curiosa.

— Nada não, estou com sede, vou pegar algo para beber na cantina.

...

Na saída da escola, eu avisto alguém que fazia um bom tempo que não vejo.

— Eu não acredito que encontrei o Davi, amante de viagens pelo mundo, aqui no campo que parece um universo paralelo ao cidade. – digo alegre de o ver, pelo menos é uma lembrança de que ainda existe a vida que deixei e isso é só um pesadelo, do qual irei acordar.

— Eu que não esperava te encontrar aqui, não combina contigo aqui. – diz Davi, com aquele sorriso que já deixou algumas moças totalmente caídas por ele, menos eu que o conheço há bastante tempo.

Ele já namorou a Mary no passado e depois disso não dar certo, se tornou amigo tanto da Mary quanto meu. Mas já o conheço de antes disso.

— Me conta, o que faz aqui? – pergunta Davi.

— Meus pais me mandaram para cá.

— Castigo?

— Quase isso, sabe como minha mãe é uma machista assumida e com orgulho. Estou aqui porque meus irmãos são valiosos demais para serem sacrificados.

— E qual foi o motivo exacto? Não estou te entendendo.

— Não importa agora e você? Por que está aqui?

— Vim ver meu pai, ele insiste em ficar neste fim de mundo e de vez em quando, venho vê-lo. O que acha conhecer a fazenda de meu pai?

— É raro ter algo para fazer neste lugar, então eu adoraria sair do tédio.