Alguém pra mim

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Zara

Não me surpreendo com o resultado do teste, sempre me esforço para dar tudo de mim em tudo o que faço.

— Parabéns, Zara. – me felicita Selena.

— Obrigada.

— Eu vi você ontem na fazenda, a beira do lago com o Davi, quis te comprimentar, mas não quis atrapalhar.

— Atrapalhar o quê?

— Ahh... Vocês pareciam estar num encontro... – Selena sorri sem graça.

Pelos vistos, não é só a Ana que é curiosa.

— O Davi é meu amigo faz algum tempo, não somos namorados, se é o que quer saber.

— Eu realmente não queria me intrometer, mas alguém me pediu para perguntar se tem uma chance contigo.

Mal cheguei e já tem alguém interessado em mim, é uma pena que não posso me envolver com ninguém, não foi para isso que vim até aqui.

— Eu estou solteira, mas também não pretendo me envolver com ninguém por enquanto.

— Mas ainda assim, sua resposta dá uma certa esperança.

— Eu estava indo comer algo aqui perto, quer ir comigo? – mudo de assunto.

— Não posso, tenho que trabalhar hoje. Fica para próxima, até mais.

Selena se afasta.

Caminho pelo corredor em direcção ao meu armário, onde guardo um livro e uma cartinha cai no chão.

Parabéns pela conquista. Você não sabe quem sou e não me atrevo a dizer desta forma, gostaria de te convidar para um passeio pela floresta e perante a cachoeira te contar quem sou e o que sinto.

Não sabia que ainda se faziam coisas assim, isso parece mais o início de um filme de terror.

Já posso até imaginar, moça ingênua é atraída por uma cartinha misteriosa de amor até a floresta e ao chegar lá, coisas estranhas começam a acontecer.

Se bem que, eu estava precisando de um pouco de adrenalina, é isso, eu vou.

Mas claro que não vou sozinha, levarei o Davi comigo.

...

Na hora do encontro com o admirador secreto, eu já estava pronta. Como aprendi minha lição, usei botinhas pretas de coro e macacão jeans azul escuro.
No cabelo fiz uma trança, vai ser mais confortável para o passeio na cachoeira.

Descobri que tem um celular fixo no prédio, que parecia funcionar melhor a rede do meu celular, já que consegui ligar para o Davi e pedir para me acompanhar em minha aventura pela floresta.

Não estou habituada com estradas de terra batida, o pó me faz expirar, mas felizmente a viagem foi curta, a moto foi rápida.

Não sou muito fã de natureza, mas não posso negar que é bosque encantador.

Caminho fingindo que sou uma daquelas princesas de conto de fadas, que minha mãe fazia questão que eu lesse. Sempre preferi as rainhas más do que as princesas, quebrar regras e ser você mesma é tido como vilania, mas ser livre é sobre fazer o que acha certo e ir contra as barreiras da sociedade.

Eu seria o orgulho de minha mãe se fosse obediente e bondosa como uma princesa, que rejeita seus sentimentos e não defende o que acredita, mas isso não sou eu.

Tiro algumas fotos de flores que encontro e sinto seu aroma.

Parece que o apaixonado não teve coragem de aparecer, mas o Davi apareceu e me fez companhia.