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Zara

Assim que Rubém me deixou no dormitório, recebi uma mensagem de meus pais, dizendo que queriam falar comigo e enviaram o endereço. É estranho que depois de tanto tempo sem se importarem em me ligar, agora querem falar comigo com urgência.

Não fui no mesmo dia, já havia me estressado o suficiente com aquela discussão na mansão do avô do Rubém. Mas logo pela tardinha, me dirigi até lá, para minha surpresa estão vivendo em outra mansão, muito bem do que eu imaginava.

Cheguei a pensar que passaram por necessidades, já que perderam a mansão de nossa família e a empresa, mas minha preocupação foi em vão.

— Zara, que bom te ver. – diz Alexander.

— Vejo que estão muito bem para uma família falida, até compraram outra mansão. – comento.

— Meça suas palavras, Zara. Esta mansão é de seu avô, meu pai. – diz meu pai.

— Por que não vendeu para ter dinheiro de pagar pela dívida? – pergunto.

— Seu avô não iria deixar. – diz minha mãe.

Rio ao ouvir tal absurdo.

— Meu avô está morto.

— Por que ninguém me avisou que eu estava morto? – diz um senhor de idade, em um terno elegante, com um ar superior.

— Eu não estou entendendo.

— O avô está vivo, Zara. Só tinha cortado laços com o papai. – explica Artur.

— Vocês mentiram pra mim? Como puderam? – rio ao perceber a pergunta que fiz – Eu ainda fico surpresa, vocês são mentirosos profissionais, parabéns.

— Vocês deixam ela falar assim convosco? Não me admira que tenha essas idéias de divórcio na cabeça. – diz o meu suposto avô, até agora não engoli isso.

— Acho bom se acalmar, Zara. Se sente, vamos conversar como pessoas maduras. – diz minha mãe.

Sigo a sugestão de minha mãe e espero atenciosamente para ouvir o que quer me dizer.

— Quero falar contigo sobre o divórcio e a herança que o senhor Custódio deixou. – diz minha mãe.

Até agora minha ficha não tinha caído, agora entendi porque lembraram de minha existência.

— Não vou mudar de idéia, há pouco tempo o Rubém me mandou os papéis do divórcio. – digo.

— Estúpida! É isso que é, depois de tudo o que fizemos para que tivesse um futuro brilhante. – diz minha mãe, irritada.

Não esperava outra reacção dela, já sei qual é o meu lugar nesta família, mas teimo em ter esperanças de que tudo um dia irá mudar. Que ilusão.

— Se é para isso que me chamou, acho que terminamos. – digo com frieza e me levanto.

Minha mãe também se levanta e caminha na minha direcção, parecendo estar com raiva.

— Senta.

— Não quero ficar aqui por muito tempo, pode falar assim mesmo. – digo olhando em seus olhos, sem temer o fogo nos olhos dela.

— Não testa minha paciência, Zara.

— Senão o quê? Vai me bater? – suspiro – Se for fazer isso, faz agora, já sei o que significo para essa família.

— Você é uma ingrata, depois de tudo o que fizemos por você. – diz minha mãe, com o olhar de decepção.

— Tudo o que fizeram por mim? – indago.

Alguém pra mimOnde histórias criam vida. Descubra agora