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Rubém

Até que a Zara parece não ser de todo mal assim, me aproximando mais dela, vi uma moça vulnerável e gentil a sua forma. Não vejo nenhum problema em sermos amigos agora, ela só aparenta ser uma burguesa, mas não é tão mesquinha quanto eu pensava.

— Toma. – Selena me entrega uma tigela, assim que me sento na carteira.

— O que é? – pego a tigela e abro-a curioso.

Não podia acreditar, é a minha sobremesa preferida, bolo de laranja.

— É sua preferida, eu mesma fiz, não gosto do clima que ficou entre nós e queria adoçar um pouco nossa relação. – ela se senta ao meu lado.

— Eu sinto muito por ter sido tão idiota naquele dia, julguei a Zara sem nem sequer a conhecer e agora estou até torcendo por ela e pelo José.

Selena sorri.

— Eu fico feliz por ouvir isso, mas eu não sei como a Ana ficará ao saber disso, ela gosta do José.

— Sempre achei que o José iria a notar, mas ele continua vendo a Ana como amiga.

— Ela ainda poderá ser feliz no amor, tenho certeza disso.

O olhar dela se fixa na pulseira em minha mão.

— Selena.

— Hum?

— Quando poderemos ser felizes no amor?

Quando a Selena ia me dizer algo, o pessoal chega e logo depois a aula inicia.

...

— Como foi o encontro às cegas? – pergunto ao José, assim que nos sentamos à mesa da cantina.

— Eu não fui.

— Por que não foi?

— Você não parece surpreso.

— Não muda de assunto.

— Eu tive um imprevisto, a avó da Ana passou mal e ajudei a levá-la ao hospital.

— Meu Deus, ela está melhor agora?

— Sim, senão a Ana não teria concordado em ir a aula.

— Fico feliz que tudo tenha acabado bem.

As meninas vem até a mesa e trazem a Zara junto, acho que daqui em diante passará a ser parte do nosso grupo.

— Pessoal, estava pensando em levar a Zara para comer conosco em volta da fogueira, o que acham? – sugere Selena.

— Eu não quero atrapalhar vossos momentos. – diz Zara.

— Não atrapalha, nós queremos que se junte a nós. – diz José sorridente.

— É verdade, você tem que ir. – diz Ana.

— Você quer que eu vá, Rubém?

— Por que não? Seria bom que se juntasse a nós.

— Então eu vou.

Estou vivendo a vida tranquila que sempre desejei, sem minha mãe dizendo o que tenho que fazer e com quem devo fazer amizade. Mas isso tudo por um ano, que custará minha vida inteira.

Depois dessa curta pausa da preparação para cuidar dos negócios da família, terei que enfrentar meus pais e tentar impedir o futuro que planejaram para mim de acontecer.

— Por que está tão reflexivo? – pergunta Zara, parando na minha frente.

— Por nada, está indo para casa?

Alguém pra mimOnde histórias criam vida. Descubra agora