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Zara

...

— Bom dia, bela adormecida. – diz Davi, sorridente.

— Bom dia. – digo sonolenta.

Olho para suas mãos e vejo um buquê de girassóis.

— Eu trouxe para alegrar seu quarto, enquanto ficar aqui.

— Eu agradeço pela gentileza, meu amigo. – digo olhando para seus olhos com gratidão.

— O que aconteceu com você naquele dia? Por que desapareceu?

Quando aquelas pessoas me obrigaram a entrar no carro, amarraram minhas mãos e meus pés.

— O que vocês querem comigo? – perguntei, porém as pessoas do carro não me responderam.

A viagem continuou até o destino que eu desconhecia, sem nenhuma pista no trajecto para o tal lugar, pois os vidros são escuros.

— Chegamos. – diz uma das pessoas, desta vez com voz masculina.

Ele me pega pelo braço e começamos a caminhar floresta adentro, até chegarmos numa cabana. Onde fui obrigada a me sentar numa cadeira de madeira, onde amarraram minhas mãos atrás da cadeira e meus pés na cadeira.

— O que vão fazer comigo? – perguntei.

— Te deixar aqui, para passar algum tempo na natureza. – disse a voz feminina.

— Com que intuito?

— Te fazer sofrer de fome e frio, nada mais que isso. – disse a voz masculina.

— Quem te mandou aqui? – perguntei.

Um deles pega um tecido e me amordaça.

— Não posso te dizer, mas ela pediu para te dizer, que deve aproveitar esse tempo para pensar um pouco em todos que magouo.

Eles saíram, deixando-me naquele lugar horrível sozinha. No começo pensei que voltariam para me buscar, mas anoiteceu e nada. Comecei a sentir fome e frio, pela primeira vez, senti medo de morrer sozinha nessa cabana imunda.

Chorei até adormecer, sentada na cadeira. Quando amanheceu me enchi de esperança de que alguém iria me encontrar, mas depois de passarem várias horas, quando estava desistindo, o Rubém apareceu. Foi impulso que eu precisava para juntar as poucas forças que tinha e lutar.

— Então, você não sabe quem fez isso? – pergunta Davi.

— Não, não tenho a mínima ideia. E por que só veio me ver hoje? – pergunto.

— Sua mãe proíbiu minha entrada, sorte que seu pai deixou.

— Sorte a minha, recebi sua visita e ganhei um presente. – sorrio.

Rubém e Mary entram no quarto.

— Migs, como você está? – pergunta ela, segurando minha mão.

— Estou bem e feliz de te ver.

— Você precisa voltar para o seu lugar, que é aqui.

Faz tempo que a cidade, o colégio e a mansão deixaram de ser meu lugar.

— Eu não vou voltar, Mary. – digo.

— Por quê?

— Aquele lugar é o meu lugar por enquanto.

— Sua mãe disse que logo terá alta e poderá ir para casa. – diz Rubém.

Casa?

Ninguém me quer naquele lugar, estão bem melhor sem mim.

Alguém pra mimOnde histórias criam vida. Descubra agora