Aveleiras

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Aveleiras: As aveleiras nos trazem a energia da constância e paciência.




23 de novembro de 2021, Lathi - Finlândia
Apartamento de Ava Bekker



Terças sempre eram noites de jogo em Lathi.
Por conta dos atrasos e mudanças de calendários causados pela pandemia, haviam semanas em que o time ia ao gelo mais de três vezes, terças, quintas e sábados. Era um calendário extenuante e como terapeuta do time, Ava sabia que a longo prazo tanto esforço poderia cobrar sua conta. Brad estava afastado, junto a ele um defensor do que agora a inglesa entendia ser a terceira linha e um ala esquerda da segunda. Otto Nieminen ainda preocupava Petri com seu desempenho após afastamento por lesão, e o time ainda parecia lutar para encontrar uma liderança na ausência de Mäkelä.
Bekker podia não ser uma expert em hockey, mas entendia de esportes e sabia da importância das lideranças, principalmente em esportes coletivos. Ainda não conhecia ou havia analisado a equipe o suficiente para encontrar substitutos para Bradley no time, mas sabia, graças as aulas do capitão, durante a carona para casa no dia anterior, que o time já contava com aquelas referências. Ao contrário do futebol, no hockey o capitão não usava uma braçadeira, mas tinha estampado no uniforme a letra C de capitão. Em tempos comuns, Brad tinha sobre o peito a letra que indicava se tratar do capitão, enquanto Waltteri Merelä e Janos Hari, um central mais experiente, usavam um A no mesmo lugar.
Agora, com o afastamento de Mäkelä, além de Hari e Merela, Santtu também estava entre os capitães alternativos. O defensor mal podia se aguentar de orgulho e havia falado durante toda a terça-feira sobre o assunto com Ava. Aos poucos a terapeuta compreendia melhor as regras do esporte e se sentia capaz de opinar, participar mais ativamente das conversas dos novos amigos.
O jogo dos Pelicans havia acabado há alguns instantes e com o pouco que Bekker sabia da língua do país, não se sentiu animada para acompanhar as discussões de depois do jogo feita por alguns comentaristas. A terapeuta afastou seu bloco de anotações, que usava para estudar o esporte, e se espreguiçou no sofá, aproveitando para tentar encontrar algo interessante na TV enquanto o sono não chegava. Ainda mudava de um canal para o outro quando o som de notificação em seu celular capturou sua atenção, se tratava de uma solicitação de mensagem no Instagram.

DM INSTAGRAMBradley Mäkelä

B:Guardei um assento para você no jogo de hoje. 😔😔

A:Como você encontrou meu Instagram??

A:Pois é, fiquei em casa estudando...

B:Não é como se fosse a coisa mais difícil do mundo.🙄

A:Acompanhei um pouco do jogo pela TV, dessa vez vencemos. É bom, certo?

B:Óbvio. Foi um jogo ótimo e em casa.



Ava sorriu incrédula, apesar de surpresa com a interação de Brad, as vezes se perguntava quando aquilo aconteceria. Na terça-feira o central não havia ido a arena, a agenda de Mäkelä era com marketing e repetindo alguns exames para melhores avaliações de sua lesão. Não tinham tido qualquer conversa sobre nada, não sabiam como estavam, se aquela noite havia significado algo além de um acontecimento casual e desproposital, mas ambos se faziam aquela pergunta o tempo todo.
A declaração de Bradley no dia anterior, sobre ter pensado em Ava tinha feito o coração da inglesa acelerar, embora ainda não entendesse exatamente o porquê.
Ava não respondeu a última mensagem do central, não por não querer continuar a conversa, mas sim por não fazer ideia sobre o que dizer a ele. Perguntar se vencer era bom? Caramba, Ava, você se supera, pensava ela envergonhada com suas palavras.

DM INSTAGRAMBradley Mäkelä

B:Óbvio. Foi um jogo fácil e em casa.

B:Você conseguiu entender? Posso te explicar mais se tiver alguma dúvida...😅🤓

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