Astromélia

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Astromélia: As astromélias são flores exóticas muito bonitas que se apresentam em várias cores e tonalidades. Representam um vínculo forte entre duas pessoas.




30 de novembro de 2021, Lathi - Finlândia
Centro de Treinamento do Pelicans



– O quanto você curte caminhadas? – Santtu perguntou a Ava enquanto os dois caminhavam devagar nos corredores, ao encontro do time, que treinava naquele fim de manhã. –Podíamos fazer uma trilha, depois ver o pôr do sol no lago.
– Não sou uma pessoa muito atlética, amigo. –Bekker riu, jogando a cabeça para trás.
– Você é a pior pessoa do mundo para pensar em um programa. – Santtu reclamou. – Não gosta de caminhadas, não gosta de ficar fora até tarde, não gosta de gelo, não sabe patinar, não sabe dirigir, não pratica nenhum esporte, nem mesmo cartas. – Listou o defensor, frustrado.
– Se com isso você pretendia me ofender, conseguiu. – Ava fingiu, empurrando o finlandês.
– Ava, você só quer sair para comer. – Disse derrotado. – Não tem como variar com você.
– Não tenho culpa se tudo que você pensa envolve caminhadas no frio, esportes radicais ou esportes de qualquer espécie. – Bekker deu de ombros. – Não ouvi nenhuma sugestão que envolvesse passeios culturais, cinema, cafés, piqueniques. Compras. Você não falou de fazer compras. – Sugeriu ela, animada, mas Santtu rolou os olhos no mesmo instante em que empurrava as portas da sala.
– Garotas. – Resmungou o defensor, enquanto a terapeuta se divertia com o azedume dele.

Ao contrário de sempre, os jogadores pareciam trancados em seu próprio mundo. A maioria falava com o atleta mais próximo, sussurrando e olhando ao redor, como se falassem segredos. Alguns poucos pareciam realmente concentrados em suas séries, e poucos ainda eram os que sorriam para a inglesa ou a cumprimentavam.
Waltteri, Otto e Jay estavam fazendo flexões perto das esteiras, no fundo, e Bekker seguiu Santtu até eles. Tento socializar com os atletas que via pelo caminho, mas todos pareciam ocupados demais em seus assuntos.

– O que há com vocês hoje? – A terapeuta perguntou depois de abraçar Jay, Otto e por último Waltteri, que a beijou o topo da cabeça.
– Digamos que a coisa meio que azedou. – Otto respondeu, falando baixo, e indicando com a cabeça duas figuras atrás de Bekker, Aleks e Atte.
– Do que tá falando? – Santtu indagou.
– O trio sensação estava conversando ali, mas acho que não deu muito certo. – Otto contou.
– O Brad saiu daqui chateadão, cara...– Jay completou, com seu jeito manso e relaxado de sempre.
– Pelo menos não tivemos que separar dessa vez. – Otto riu, cutucando com o cotovelo Waltteri, que apenas ouvia tudo.
– Isso não é legal, Otto. – Ava o repreendeu. – Brad ainda é seu capitão. Ele merece respeito.
– Waltteri é meu capitão, Ava. – Otto discordou. – Talvez, quando Brad voltar, e se ele voltar, talvez nem volte como capitão.
– Não é assim também, Otto. – Waltteri apertou os lábios. – Ainda tem muito para acontecer.
– Qual é? Vocês nem se parecem com o mesmo grupo que conheci quando cheguei. – Bekker afastou-se um pouco, olhando para os quatro. – O que aconteceu com o lance de trabalho em equipe, jogar junto? – A terapeuta desviou o olhar dos amigos e lhes deu as costas, encarando o resto do time. – O que aconteceu com todos vocês. Por que estão com tantos segredos? Sussurrando pelos cantos?
– Aí está alguém que entende de segredos, não é? – Aleks se fez ser notado, respondendo a terapeuta.
– Não sei se entendi você, Haatanen. – Ava sentiu o sangue gelar nas veias, e viu uma série de olhos confusos se direcionarem a ela e Aleks.
– Quer que eu explique? – Aleks sorriu de canto.

Ele estava jogando, um jogo baixo e sujo, mas Ava Bekker não era o tipo de pessoa que baixa a cabeça para qualquer homem, nem mais velhos, nem mais novos que ela. Independentemente de sua origem, patente, poder que tinham sobre ela. Se Aleks quisesse jogar aquele jogo, eles iriam até o final.

– Seria ótimo se pudesse, por gentileza. – Pediu, aproximando-se dele de cabeça erguida, sob olhar atento de todo time.
– Você até que tem coragem. – Aleks disse baixo, para que apenas os dois pudessem ouvir assim que se aproximou mais de Ava.
– Você não viu nada. – Falou ela, sem perder o contato visual.

Aleks não respondeu, apenas sorriu, analisando a terapeuta e depois se afastou em silêncio, mas mantendo um sorriso sarcástico nos lábios.

– Eu não sei o que está acontecendo com vocês. – Bekker voltou a falar, dirigindo-se depois ao resto do time novamente. – Não parecem o mesmo Pelicans que eu conheci. Estão divididos, murmurando, alguns parecem que nem mais respeitam seu capitão, e foi aqui, no Pelicans que entendi sobre isso. Sobre seguir seu capitão, sobre respeito e lealdade. E agora, na primeira oportunidade, vocês querem crucificar o Mäkelä por algo que nem mesmo sabem do que se trata.

Alguns jogadores a olhavam, outros tinham as cabeças baixas e alguns a ignoravam totalmente.

– Um amigo me lembrou hoje que quando se há algum problema, em qualquer tipo de relação, se deve conversar sobre. – Disse, olhando rapidamente para Santtu e piscando para o defensor. – Mas a única coisa que estou vendo aqui, é uma polarização, uma divisão, como se fossem dois times diferentes. – A inglesa respirou fundo antes de continuar. – Entendo que as coisas estejam confusas, entendo também que as vezes não se é possível adorar o capitão. Mas os objetivos do time não são individuais, são coletivos, e enquanto a equipe se comportar assim, o Pelicans vai jogar individualmente um esporte coletivo, e eu não preciso adivinha o futuro para contar a vocês o que vai acontecer.

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