Tulipas rosas

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Tulipas rosas: Tulipas rosas estão ligadas a várias situações, uma delas é a ideia de felicidade perfeita. Por isso, elas são usadas em momentos em que as pessoas desejam coisas boas às outras.

29 de novembro de 2021, Lathi - Finlândia
Centro de Treinamento do Pelicans

Bradley entrou no vestiário a passos firmes, estava afastado e provavelmente não seria uma boa ideia frequentar os treinos físicos depois da última sexta, mas não conseguiu ficar em casa naquela manhã. Precisava ir a arena, precisava conversar com Petri, dizer que ele tinha razão. Parte importante do papel de liderança era assumir erro e voltar atrás, pedir desculpas, e precisava fazer isso com o time, não por Aleks, pelo time. Entendia a situação delicada em que havia se colocado, e não ia esperar por semanas de reflexão, como sugerira Petri, para só depois voltar a Isku Arena.
Mas a tempestade Ava Bekker tinha entrado em seu caminho e anuviado seus pensamentos outra vez. Felizmente o vestiário estava livre, só uma pessoa sentada perto dos armários, mexendo em seu celular. Bradley estava tão concentrado em sua própria irritação que não reconheceu que era Atte quem estava ali.

– A não. – O goleiro balançou a cabeça, ficando de pé e se aproximando do amigo. – Dá última vez que você estava irritado no vestiário, tive que separar uma briga. Qual é o problema dessa vez?
– Mulheres, Atte. – Brad respondeu irritado, sem nem mesmo olhar para o amigo, jogando suas roupas de qualquer jeito no armário. – Mulheres. Mulheres malucas. Elas são doidas, e a minha, aparentemente, é a líder delas.
– O que? Desde quando você sabe quem se tornou a sua mulher? – O goleiro riu, apoiando-se ao armário do lado.
– Não enche, Atte. – Bradley rolou os olhos, batendo a porta do armário com força. – Não hoje, não agora, não nunca.
– Qual é? – Atte coçou o queixo, analisando o amigo. – Vai querer brigar comigo também?

Bradley não respondeu, apenas olhou para o goleiro com o semblante duro, em completo silêncio por dez segundos, até que Atte ergueu as mãos, se rendendo.

– Tá bem, não está mais aqui quem falou. – Disse, sentando-se perto de onde Bradley estava de pé. – Mas, aproveitando que estamos só nós dois aqui...você podia me contar melhor essa história do Aleks.
– Não tem o que contar, é o que eu disse. – Brad bufou. – Ele disse a Ava que seria uma ótima ideia e que eu ia amar. – O capitão deu de ombros, agitando uma das mãos na direção do amigo. – Mas não quero falar disso, eu estou muito, muito estressado para falar do Aleks agora, Atte.
– Estressado com a Ava? – Sussurrou o loiro.
– Por que mulheres sempre querem que tudo seja feito do jeito delas? – Ele indagou, de modo quase retórico.
– Me faço essa pergunta todos os dias. – Uma voz surgiu de repente entre os dois, atraindo seus olhares para a porta.
– Petri. – Bradley expirou derrotado.
– Não achei que fosse ver sua cara por aqui nos próximos dias. – Falou o treinador, entrando no vestiário e se juntando aos dois atletas.
– É, mas eu não aguentaria ficar em casa. – Brad deu de ombros, voltando a seu humor estressado de antes.
– Posso saber a razão de tanto estresse? – Petri cruzou os braços, analisando o central. – Pelo visto o problema com mulher não foi só um blefe do Haatanen.
– Foi sim. Isso é mentira. – O central apontou, corrigindo o técnico. – Meu problema com Aleks é entre ele e eu. Não tem nada a ver com mulher nenhuma. – Garantiu irritado. – O meu problema de hoje, sim, é uma mulher, mas como vê, não estou brigando com ninguém. – Mäkelä abriu os braços, como se mostrasse o espaço livre ao seu redor e sorriu com sarcasmo, fazendo com que o goleiro e o treinador trocassem olhares.
– Foi uma briga feia...– Petri soprou, passando o polegar pelo lábio inferior.
– Não foi uma briga feia, porque eu nem tive chance de falar nada. – Bradley começou a falar. – Ela é maluca, é sério, completamente. E tem mais, tudo tem que ser do jeito dela. – Disse enquanto andava de um lado para o outro no vestiário, gesticulando e rindo com incredulidade e nervosismo. – Absolutamente tudo. Eu preciso falar dos meus sentimentos, preciso me abrir sobre como me sinto, preciso ter essas conversas longas e demoradas, intermináveis sobre o relacionamento, preciso fazer o que ela acha certo. Sempre. Sempre o que ela acha certo. Acha que ela me perguntou sobre o que eu achava correto? – O capitão tocou o próprio peito. – Não, ela não quis saber.
– Mulheres são assim. – Petri ergueu um ombro, se divertindo com a reação do central. – A vida não é tão boa se não tivermos uma mulher para obedecer.
– Eu não quero obedecer.
– Então não tenha uma mulher. – O técnico riu, acompanhado por Atte. – Mäkelä, você é jovem, mas logo vai aprender. Existem muitas mulheres por aí, no seu caso, são realmente muitas, mas o que difere as que realmente se importam com você das que só estão com você por estar, é justamente isso.
– Serem malucas? Controladoras? Irritantes? Porque se for assim, a minha é a chefe delas. – Falou Brad, expirando e sentando-se ao lado de Atte.
– Ela implicou com as roupas, com seu jeito, com seu carro ou com seus amigos? – Sondou o mais velho.
– A última opção. – Respondeu ele.
– Bom, pode ser que ela tenha razão. – Petri começou a dizer, mas Atte o dirigiu um olhar de censura. – Ou pode ser que vocês se casem e daqui há cinquenta anos ela ainda continue implicando com eles. – O técnico riu alto, apertando o ombro de Atte, que também riu, ignorando a careta emburrada do amigo capitão.
– E se talvez ela tiver razão? – Mäkelä perguntou depois de algum tempo em silêncio, seu tom era hesitante, baixo, como se não quisesse admitir considerar aquela possibilidade.
– Bom, e aí que você precisa pensar, ser inteligente e analisar. Mulheres tem faro para algumas coisas, isso é fato.
– Sou obrigado a concordar. – Atte sorriu, esticando as pernas.
– Mas, ela estando certa ou não, você, quando sair daqui, vai comprar flores, chocolate, e ir até ela. – O treinador aconselhou, apertando o ombro do central. – Vai dizer que ela tem toda razão, que sente muito e que vai fazer o que ela quer.
– Mas eu não quero fazer.
– Veja...aceite o conselho de alguém casado há tanto tempo quanto você tem de vida...leve as flores. – Petri piscou. – Não vale a pena. Se ela te mandar pular, pergunte de que altura...é assim que funciona. A última palavra sempre será sim, senhora.
– Isso é passividade demais. – Brad sorriu, mas não estava achando graça. – Eu sou...
– Não importa o quão homem você seja, Brad, não é sobre isso. – Tornou a falar o treinador. – Se você quer manter uma mulher só, esse é o segredo.

Brad analisou o mais velho com olhos estreitos, não faria aquilo, podia até tentar conversar com Ava, o que em sua opinião já seria demais. Mas flores, bombons e assumir estar errado? Ser submisso? Não, não seria. Não mesmo.

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