Ela odiava olhar para o espelho porque odiava o que via. Ela odiava sair do quarto porque quanto mais desejava, mais nojenta ela se sentia.
Ela queria sair daquele corpo mais do que prisioneiros desejam sair da prisão, ela se sentia em uma prisão, feita pela sua própria mente.
Ela odiava olhar para o espelho e saber que o que ela via era público, que seu corpo não era como as de modelo, que seu rosto não era perfeito, que seu peso ainda iria lhe afetar.
Ela odiava olhar para o espelho porque o espelho sempre a encarava de volta. Com um olhar de desgosto que nem ela consegue explicar.
Ela odiava se olhar no espelho, ela odiava odiar tanto um espelho.
Cada vez que ela pisava na rua, parte de sua alma ficava em casa, tomando conta daquele que tanto a julgava, daquele que tanto a machucava.
Ela evitava pessoas, evitada comida e evitava qualquer coisa que pudesse fazê-la lembrar dele.
Como ela odiava lembrar dele.
Um dia ela tentou, saiu e levou consigo tudo que a pertencia, desde sua alma até suas pulseiras coloridas. Ela nunca se sentiu tão exposta na vida, mas ela precisava se livrar daquilo.
Ela nunca se sentiu tão julgada na vida, mas ela precisava daquilo.
Ela passou a não ligar, mesmo que ainda ligasse, ela passou a não demonstrar, passou a esconder seu medo assim como ele a escondia.
Ela ainda odeia aquele bendito espelho, mas sente orgulho de hoje conseguir enfrenta-lo, mesmo com muito medo.
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Terceiros
PoesíaCompilados de poemas/histórias que podem ou não fazer sentido, mas posso garantir que são baseados em sentimento. Se confundem enquanto leem e talvez se identifique.