"Contramão" Pedro Orochi

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Sentei cansada na rua esperando o uber com uma cara provavelmente nada feliz.
Vi de longe um grupo vir, ele sorriu para mim, foi tão genuíno e simpático que nem imaginei que seria uma pessoa tão especial assim para mim.

— Tudo bem com você? – me pergunta. Sorri sem graça fungando.

— Acabei de terminar. – rio.

— Porra, sou ruim com consolos... mas, ce quer beber?  – ele sorri.

Seu cabelo tá todo cortado dos lados e em cima grande de lado, sua sobrancelha com um risquinho e um sorriso de lado destacando.

Sua camiseta preta está em seu ombro pós festa com todos definitivamente cansados.

— Eu quero! – sorri de volta.

Não importando a hora com o carro lotado de pessoas ansiosas para ir embora, ele me segurou não diretamente conversando comigo durante toda a madrugada até às seis da manhã.

Eu tinha certeza que nessa hora já tinha acabado o encanto, já quase sem maquiagem, corpo colando no verão, a roupa já apertada e o sono presente me deixava insegura mais do que ele ter me encontrado em um estado deplorável quase chorando.

— Seu perfume é muito bom. – levantei a sobrancelha sorrindo.

— Ah é? Eu nem tô sentindo mais.

— Eu tô... há horas. Acho que vai ficar em mim.

— Que bom, porque você tá em mim também. – olhei em seus olhos.

Depois de tanto tempo, senti isso. Senti o cheiro que minha vida estava tanto precisando.

— Eu já sei o que eu quero. – falei me sentando à mesa.

— O quê? – sorri bebendo.

— Eu quero... uma porção de batata! – ele
gargalha.

— Não... escolhe uma coisa séria.

Ele descobriu com fontes confiáveis — disse ele, que nessa semana seria meu aniversário.
E que de fato é, mas ele simplesmente em um segundo (talvez) encontro, me pede para escolher algo assim, e eu não sabia o que dizer.

Poderia pedir um chocolate? Ou... um beijo? Eu não sei o que dizer, já que não tínhamos a aproximação que acostumei tanto ter na primeira vez que conhecia alguém.

— Eu não sei, Pedro. – ri. — Não quero nada.

Ele umedece os lábios estreitando levemente os olhos e passa a mão em seu cabelo curtinho. Ele parece pensar.

— Eu já sei. – diz breve.

— Hmmh, o que? – sorri.

Ele se inclina me olhando intensamente.

— Me fala qual é o seu perfume, que ainda hoje eu vou comprar.

— Vai? – rio.

— Vou, e eu quero pra mim.

Franzi a testa sem entender o porquê ele compraria para ele sendo que é o meu presente de aniversário.

— Eu não sei se a sua intenção é eu usar só pra você, mas se for isso... tá funcionando.

— Que bom que você entendeu recado. – ele sorri mostrando seus dentes.

Não vi a hora passar dali até chegarmos na porta da minha casa, com a luz baixa do poste se encostando.
Eu soube o que ele estava tentando fazer, formar e construir tudo sem ser precipitado, e nem me assustar.

Imagines de delírios da noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora