Imagines de delírios da noite

"Restrição sentimental" Pedro Orochi

No meio da internet descobri um trilhão de coisas novas, lugares, comidas, músicas, cheiros, e pessoas. Pessoas que na maioria das vezes vem para te edificar. Pessoas que vem para mudar, nem que seja para melhor, na raça.

Existe pessoas que me mostraram um conforto incrível, mas ela... ela me deu muitas coisas e depois me tirou tudo.
Conheci ela em 2021 que é amiga do Doazin, que nesse meio tempo frequentou todas as festas e o manikomio até o fim de 2022.

O trágico de tudo foi como eu vivi em uma eterna música qualquer sertaneja que fala sobre desilusão, e vontade de beber.
Tenho dito que ela é estratégica e faz tudo milimetricamente calculado com o modus operandi dela tão sagaz.

No centro de São Paulo, mais precisamente na liberdade em uma casa de show o Doa terá uma participação durante a madrugada, que vamos todos juntos vê-lo cantar.
A luz azul predomina o lugar e há fumaças saindo por todo canto. O copo na minha mão está se esquentando pela temperatura do local e com tantas pessoas aqui.

Meus olhos ficam pesados e provavelmente vermelhos, que doem com a exposição de luzes fortes vindo em minha direção fazendo com que eu pisque mais vezes.

— Pedrin', cê num tá puro não. — tira o copo da minha mão.

— Não tô mesmo não, mano...
Tirei os olhos do Doa que me encara.

— Ah não... ah não! — exclamei. — Que que ela tá fazendo aqui? Cê tá zoando, Doa, caralho?

Vejo a menina entrar sorrindo e segurando um copo olhando por todo lado. Ela encontra nosso amigo e ergue as sobrancelhas sorrindo ainda mais.

— Tsc, sem vacilo hoje hein Zé. — ergui as sobrancelhas juntas em resposta com o rosto cético.

— Me dá essa porra aqui. — pego o copo de volta.

Virei ele de uma vez sentindo o gosto forte da vodka e suspirei quando vejo ela se aproximando.
Não estava nenhum pouco feliz, e nem a fim de vê-la, ou lidar com ela hoje. Ela já havia dado muito b.o para minha cabeça nos últimos meses que pensei seriamente não frequentar os mesmos lugares que ela.

— Oi divo! – ela sorri ao abraçar ele.

Seu olhar vem de encontro ao meu e ela sorri. Vejo seus lábios com gloss brilharem e levou os fios do cabelo que
caem no seu rosto para trás de sua orelha.

— E aí, Pedro.

— E aí?! — acenei com a cabeça.

— Tá bonito... quanto tempo! Curti a camisa, é bem praia. Combina com você.

— Valeu.

Tentei segurar o sorriso mas não deu com ela me olhando e sorrindo cada vez mais.
Subi para o camarote onde estava só o Bruno e o Lukera e logo meu karma particular aparece com o braço passado no do Doa conversando e rindo o tempo todo.

O único problema de que não demos certo foi exatamente ela. Todas às vezes que parecia caminhar — o que foram muitas, ela parecia estar confusa e instável dizendo que não era boa o suficiente.

Descobri que era só ladainha dela, já que não aguentava discutir o mesmo assunto diversas vezes e por nós nos conhecer tão bem depois de meses e meses juntos.
Ela conheceu meus irmãos logo na primeira semana, depois minha mãe no segundo mês e depois o restante da minha família.

Me apresentou ao seu grupo de amigos e me levou para conhecer sua cidade natal com brilho nos olhos. Fez juras de amor e toda vez após me beijar sorria sem parar e cobria meu rosto de beijos. Os seus olhos se curvam e se encolhem quando me olhava, junto da sua pupila que saltava e mostrava a cor dos seus olhos.