Eu juro que posso senti-la.

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POV: Park Chaeyoung.


Alice ficava gritando para mim o dia todo. Quando eu ficava de mau humor que é minha forma de costume, eu juro que posso senti-la. Eu posso praticamente ouvi-la. Ela está me dizendo para levantar minha bunda e continuar a fazer minhas coisas. E eu a odeio por isso.

Eu voltei a trabalhar por tempo parcial, com Hyunji. Fui correr várias vezes na semana. As coisas estão voltando ao normal comigo e com Lisa. Ela não me nega nada. Se dá a mim, livremente, entendendo que nossa intimidade compartilhada me ajuda. Mas eu ainda não sou eu completamente e por alguma coisa estranha, tem ligação com Alice, ela parece que está me chamando por fora.

Eu corro até as escadas e puxo a carta, da caixinha especial, que está em cima da cômoda, que eu mantenho. Eu procuro relê-la duas vezes, à procura de pistas. O desenho do pênis ainda me faz rir.

Foco, Chae.

Na terceira vez, através da carta, eu entendo. A descoberta me dá um tapa no rosto. Ela não me quer apenas atravessando os momentos da minha vida - trabalhar, correr, fazer amor com minha namorada durante a noite. Ela quer mais de mim. Ela quer mais para mim. Na festa da piscina, por exemplo, ela me desafiou a viver cada dia como se fosse o último.

Me afundo na cama com a carta nas mãos.

Merda.

Eu quero gritar com ela, dizer-lhe que não é tão fácil assim. A verdade é que eu não tenho nenhuma ideia de como fazer isso. A minha vida toda eu vivi para agradar os outros.

Eu sempre obtive boas notas e nunca dei aos meus pais um motivo para se preocuparem, eles tiveram uma filha com a merda do câncer, e não precisavam de nenhum esforço adicional em suas vidas. Eu era uma boa irmã, uma boa pessoa. Educada, bem-educada, tudo o que eu deveria ser. Me vender no leilão foi a coisa mais louca que eu já fiz, e mesmo assim isso não era para mim.

Droga, Alice.

Tenho conversas impossíveis comigo mesmo durante a tarde toda, tentando descobrir o que ela quer de mim. Paraquedismo? Bungee jumping? O que era? E então ela me bate.

Ela nunca quis fazer algo realmente louco apenas pela sensação de adrenalina. Tudo o que ela queria era que eu fosse feliz.

— Eu estou chegando lá. — Eu digo para a cozinha vazia.

Deus, eu sinto que estou a perdendo.

Eu verifico o relógio. Só mais uma hora até Lisa estar em casa.

Uma hora para arrumar algo para fazer hoje à noite, provando para mim mesma que posso fazer dessa vida a coisa mais completa e feliz.


Pov: Lisa.


No caminho do trabalho para casa, meus pensamentos se dirigem para Chaeyoung.

Eu não sei como eu tive sorte o suficiente para vir para casa com Chae, naquela noite, mas ao longo dos últimos meses, tenho sido grata por esse fato ter acontecido, inúmeras vezes. Ela me salvou de uma existência amarga e solitária. E agora eu estou cuidando dela no momento mais difícil de sua vida. Mas, eu a vejo progredido, pouco a pouco, a cada dia.

Estou ajudando-a a viver de novo e a lembro muitas vezes que era o que a Alice queria. Eu sempre paro no caminho de casa, compro mais pacotes de Starbursts e escondo os de cor rosa em toda casa, para ela encontrar, deixo um ao lado do seu café da manhã, outro em sua gaveta de maquiagem e outro em seu tênis de corrida. O sorriso em seus olhos quando ela encontra-os faz o meu peito apertar.

Comprando uma virgem. G!P  2° temp.Onde histórias criam vida. Descubra agora