Capítulo Quatro

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Levi Prescott:

Olhei para Ciel e estava prestes a perguntar sobre o que aconteceu com a irmã dele, mas lembrei-me de que Spike estava ao meu lado. Por alguns segundos, ele ficou confuso ao ver o local pelo qual Benjamin havia passado.

— O mestre consegue manipular as lembranças das pessoas — explicou Ciel, sentando-se no meu ombro. — Ele só permite que poucos o vejam porque deseja ou porque está envolvido em diversas questões que precisam ser mantidas em segredo. Seu namorado não pode me ver.

Spike balançou a cabeça e sorriu na minha direção com um sorriso largo.

— O que você encontrou? Parece que descobriu um livro incrível — comentou Spike. — Fui eu quem o encontrou e trouxe para ser vendido neste lugar.

Olhei para as páginas com calma, apenas para ver o orgulho em seus olhos enquanto falava. Aquela expressão de satisfação era o suficiente para me deixar feliz por ele.

Quando notei que se tratava de um livro sobre espíritos, meu interesse foi imediatamente despertado. Na capa, uma imagem de uma raposa de pelos brancos e nove caudas, com olhos dourados, chamou minha atenção. Curioso, olhei para o título.

— "Mitologia dos Espíritos do Mundo" — li em voz alta, olhando para Spike com um brilho de excitação nos olhos. Peguei o sumário e comecei a examiná-lo, lendo cada parte com atenção. Cada seção falava de uma mitologia dos espíritos diferente, o que me deixou impressionado.

— Isso é fantástico — murmurei, sentindo-me cativado pela riqueza de histórias e lendas contidas no livro. Pisquei, e por um momento, a imagem da brilhante lua cheia e da raposa de nove caudas pareceu piscar diante dos meus olhos, despertando uma sensação de nostalgia dentro de mim.

Será por causa do clima? Talvez eu tenha me vislumbrado por um instante no meio de um pesadelo enquanto dormia.

Ah, claro. Fiz uma careta sem perceber. Isso porque as palavras daquele sujeito ecoaram em minha mente agora. Uma ameaça e um desrespeito ao meu namorado. Quem ele pensa que é?

— Também não contei para os meus pais que você é mundano — nesse momento, Spike mencionou isso e me trouxe de volta. — Levi, antes que você me dê um soco, me deixe explicar? — Ele disse com um rosto brilhante. — Não contei porque não tive muitas oportunidades de dizer isso, e eles só estavam me interrompendo.

Olhei e percebi que a nuvem ao redor dele começou a diminuir, mas ainda havia um pouco da sua presença que me deixou ainda mais curioso sobre esse fato. Eu queria perguntar mais, mas Ciel balançou a cabeça e apontou para Spike.

— Ele já está muito nervoso por não ter te contado isso e tem medo de te magoar se disser alguma coisa — Ciel disse, levantando-se e esfregando minha bochecha. — Ele não vai contra até que esteja pronto, acredite em mim, para que ele não tenha um ataque.

Notei que a garganta dele estava brilhando, quase como se estivesse prestes a cuspir fogo, algo que ele faz quando está nervoso. Além disso, suas garras surgiram, e ele sorriu nervoso.

— Está tudo bem — falei, beijando a bochecha de Spike. — Não tem com o que se preocupar.

Peguei sua mão e fomos até o caixa para comprar o livro e sair daquele lugar.

— Mal posso esperar para conhecer seus pais — falei.

— Eles também mal podem esperar para te conhecer — Spike disse com um sorriso forçado, mas tentou disfarçar, e a nuvem negra da mentira aumentou.

Depois de sairmos da livraria, Spike e eu decidimos dar uma volta pelo parque próximo. O sol brilhava no céu azul, e a brisa suave fazia as folhas das árvores dançarem. Enquanto caminhávamos, pude sentir que Spike estava ansioso para falar sobre algo.

Elo Sagrado (MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora