Capítulo Vinte e Dois

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Levi Prescott:

Eu estava flutuando em um espaço com uma energia laranja ao meu redor, e notei que estava vendo minhas memórias passarem diante de mim com calma. Lembrei-me dos primeiros dias em que estava sendo um humano, e devo dizer que foi muito estranho ver aquelas pequenas mãozinhas de bebê se mexendo e chorando incessantemente, e eu tentando entender.

A sensação era única, uma mistura de nostalgia e surpresa diante da vida que se desenrolava diante de mim. Cada lembrança era como um filme, um flash de momentos que moldaram quem eu era. As lágrimas escorriam, não apenas pela visão emocionante, mas também pela compreensão de como cada experiência contribuiu para o que eu era naquele momento.

Foi um mergulho profundo na minha própria existência, uma jornada que trouxe à tona não apenas lembranças, mas também um apreço renovado pela complexidade e beleza da vida. Eu estava imerso em um turbilhão de emoções, e a energia laranja ao meu redor parecia pulsar em sintonia com cada batida do meu coração.Então, tudo mudou antes de eu me tornar Levi Prescott, quando ainda era Drwes, uma raposa de oito caudas pequenas que tinha medo de lutar e pavor de se envolver em conflitos. Sentia medo de uma das irmãs e percebia que, mesmo dizendo que éramos uma família, a verdade era que o que tínhamos se transformara em algo diferente devido ao orgulho e às diferenças que Natsuls guardava em seu coração.

Aquele período da minha vida era como um labirinto de emoções, onde eu tentava encontrar meu caminho, mas o medo e a confusão me cercavam. Era uma luta constante entre o desejo de pertencer e o receio de enfrentar as verdades que estavam diante de mim.

As lembranças desses momentos me atingiam como ondas, cada uma trazendo consigo a dor da discordância e a saudade do que já não existia mais. Eu, Drwes, a raposa de oito caudas, era uma criatura de fragilidades e anseios, tentando sobreviver em meio à complexidade das relações familiares.

Era como se a escuridão da incerteza estivesse sempre à espreita, mas mesmo assim, eu persistia, lutando para compreender e aceitar as mudanças que moldariam meu destino como Levi Prescott. O coração pesado de lembranças, mas também cheio de esperança por uma nova jornada que se desenrolaria diante de mim.

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Lentamente, abri meus olhos e percebi que estava deitado em uma cama. Ao olhar para o lado, vi Spike segurando minha mão, preocupado. Seus olhos se iluminaram quando notou que eu havia acordado. Ele se dirigiu a uma mesinha, voltando com um copo d'água que gentilmente me entregou, e eu bebi todo o conteúdo, sentindo o líquido revigorante descer pela minha garganta.

Em seguida, Spike me entregou meus óculos, que agora tinham uma rachadura em uma das lentes. Mesmo assim, foi um alívio tê-los de volta, proporcionando-me a clareza visual que eu estava acostumado.

Vou ter que trocar isso mais tarde quando voltar para a cidade comentei, pensando nas pequenas coisas que precisariam ser ajustadas após esse momento de desconforto. Mas, no momento, a gratidão por estar cercado por amigos era o sentimento mais forte em meu coração.

Spike sorriu, tranquilizando-me com seu olhar solidário. A experiência de quase perder algo tão essencial como a visão trouxe à tona uma apreciação renovada pelas coisas simples da vida, como a água fresca e a visão nítida através dos óculos agora um pouco danificados. A jornada continuava, mas, por enquanto, eu me sentia grato por estar ali.

— Você finalmente acordou! — exclamou Spike, abraçando-me com força como se temesse que eu desaparecesse novamente.

— O que aconteceu? — perguntei, sentando-me na cama, ainda tonto.

Elo Sagrado (MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora