Capitulo Dois

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Levi Prescott:

Voltei para o meu quarto e tentei dormir, mas no meio da noite, em meio a pesadelos, acordei sobressaltado. Sentado na cama, olhei para as minhas mãos, desejando pegar meu celular, e acendi a lanterna. Spike estava dormindo profundamente ao meu lado, e percebi que ele se transformara em sua forma de Draco enquanto dormia.

Virei-me em direção à janela e notei uma pequena abertura, com algo pingando no chão. Levantei-me e percebi que era um líquido roxo, seguindo até ficar atrás da mesinha da minha cabeceira. Intrigado e um pouco assustado, continuei a seguir o rastro de sangue roxo.

Atrás da mesinha, deparei-me com uma pequena fenda na parede, de onde o líquido escorria. Decidi verificar e, ao afastar uma parte da parede, descobri um espaço oculto. Nele, encontrei uma cena inusitada: objetos mágicos, pergaminhos antigos e símbolos estranhos que emanavam uma energia desconhecida.

Ao examinar mais de perto, percebi que o sangue roxo não parecia ser de Spike, mas sim de algo oculto naquele espaço secreto. Intrigado e um tanto apreensivo, decidi investigar o que mais estava escondido nesse canto misterioso do meu próprio quarto.

Estendi a mão e algo se moveu. Percebi uma pequena raposa laranja com duas caudas, o que me surpreendeu. Fiz carinho em sua cabeça e notei um ferimento.

— Tudo bem, não vou te machucar, amiguinha — respondi, e a raposinha me olhou surpresa, aproximando-se e esfregando-se contra a minha palma.

Ouvi um barulho e percebi que Spike havia desaparecido da cama. Olhei para a janela, que estava completamente aberta, indicando que ele provavelmente saiu para se divertir ou procurar algo. Dracos têm um olfato excepcional, e quando estão dormindo, é ainda mais aguçado. Ele já encontrou inúmeros objetos que vendeu por aí ou devolveu aos donos, caso fosse possível identificá-los.

Não me pergunte como ele faz isso; acho que é uma daquelas coisas loucas que só Dracos conseguem fazer.

No silêncio da noite, alguns brilhos começaram a surgir ao redor da raposinha. Logo, os espíritos começaram a se aproximar de mim um por um. Vê-los aqueceu meu coração. Desde o início, ou antes de esquecer, eu via essas coisinhas que pensava serem apenas ilusões de uma mente infantil; eram os companheiros que estavam comigo desde que nasci de novo.

Um dos brilhos tomou forma, e reconheci um garotinho que apreciava um hamster pequeno e uma menina com orelhas de lobo.

— Olá — falei.

O garotinho olhou para mim animado e abraçou minha bochecha, começando a chorar. A menina mais velha olhou chocada.

— Você voltou a nos ver — ela disse surpresa, dando um tapinha minúsculo na minha bochecha, o que me fez olhar para ela surpreso.

A atmosfera ao meu redor se tornou um misto de alegria e emoção. O garotinho continuava a abraçar minha bochecha, expressando alegria com lágrimas nos olhos. A menina mais velha, ainda surpresa, esboçou um sorriso caloroso enquanto continuava a me olhar.

— Foi você quem nos viu, lembrou de nós — disse a menina com orelhas de lobo, com voz suave.

Aos poucos, outros espíritos assumiram formas reconhecíveis, cada um representando uma lembrança da minha infância. Um ursinho de pelúcia, um carrinho de brinquedo, todos ganhavam vida na forma desses espíritos que, de alguma forma, estavam ligados a mim.

— Sempre estivemos aqui, mesmo quando você não conseguia nos ver. Agora que se lembra, estamos tão felizes — disse o garotinho, enxugando as lágrimas.

Senti uma gratidão profunda por esses seres que estiveram ao meu lado, mesmo quando eu não tinha consciência de sua presença. Era como se um pedaço perdido da minha história tivesse sido recuperado naquele momento mágico.

Elo Sagrado (MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora