Capítulo Dezessete

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Levi Prescott:

Do outro lado, encontrei Spike com uma expressão de descrença ao olhar para frente. Olhei por cima do seu ombro, deparando-me com uma propriedade que se estendia por uma ampla terra verde. Jamais pensei que veria algo assim novamente depois de tanto tempo. Vagamente lembrei que este era o refúgio que frequentava quando crescia, ou quando meus irmãos preferiam seus deveres a brincar comigo, optando por ficar com as outras raposas espirituais.

Da última vez que estive aqui, imagino que fosse como se fosse inverno, sempre replicando as estações do mundo mortal. Pelo visto, alguém continuou essa tradição enquanto eu estava longe. Dessa vez, a propriedade estava coberta de rosas e hera, com pátios e varandas, e escadas se projetando das laterais de alabastro. O local era cercado pelo bosque, mas se estendia tão longe que mal conseguia ver o limite distante da floresta. Tanta cor, tanta luz do sol, movimento e textura... eu estava morrendo de saudades depois de tanto tempo.

- Como isso é possível? Achei que seria uma caverna - Spike disse, e percebi que ele mal conseguia absorver tudo tão rapidamente. Dizer algo sério seria inútil; jamais poderia explicar que foi um presente que me deram por ser amigo de um dos príncipes de uma das terras do reino espiritual.

Minha percepção do porquê estamos aqui me fez acalmar em segundos, caso contrário, poderia ter corrido até o jardim pelo qual caminhávamos, parecia calmo e dormente. Acima da variedade de íris ametista, amarilidáceas brancas e narcisos amarelo-manteiga que oscilavam à brisa fragrante, o leve odor delas acalmou meu coração.

- Como esse lugar está aqui? Achava que tivesse destruído assim que soube o que eu fiz - Falei e notei que Natsuls se calou ainda mais.

- Porque iria destruir um lugar que poderia ser útil - Ele disse depois de segundos, pensando em algo. Minha maior surpresa foi quando vi que a nuvem das mentiras surgiu sobre ele.

- Está mentindo - Falei, mas ele me ignorou e continuou a andar.

Continuei seguindo Natsuls com um olhar desconfiado, a nuvem das mentiras pairando sobre ele como uma sombra traiçoeira. Meus pensamentos tumultuavam, tentando decifrar as verdadeiras intenções por trás da aparente calma do lugar que conhecera como um refúgio.

- Você pode escolher acreditar no que quiser, Levi. Os fatos permanecerão inalterados - ele disse com uma indiferença gélida, ignorando minha desconfiança. A nuvem se tornou mais densa sobre seu rosto.

Atravessei os jardins floridos, onde cada pétala parecia testemunhar tempos passados. O silêncio do lugar contrastava com a turbulência interna que dominava minha mente. Independentemente das respostas, sabia que isso não era importante.

Ele serpenteou adiante, e a poucos metros vi uma mansão que fez soltar assobios de surpresa. Era majestosa, suas torres se erguendo como guardiãs da história que ali habitava, e suas janelas exibindo uma arquitetura que misturava o antigo e o etéreo.

- Impressionante, não é? - Natsuls comentou, notando minha reação. Seu tom de voz continha um indício de orgulho pela grandiosidade da construção.

Engoli em seco, fascinado pela beleza imponente da mansão. No entanto, uma sensação de apreensão persistia, pois eu sabia que por trás da fachada encantadora poderiam estar revelações sombrias. Subindo os degraus da grandiosa escada de mármore, que dava para as enormes portas de carvalho, em um potente movimento fluido, Natsuls abriu as portas com dobradiças silenciosas e entrou.

A escuridão do interior engoliu-o, e uma leve corrente de ar trouxe consigo um sussurro misterioso que ecoou pelas passagens da mansão. Respirei fundo antes de acompanhá-lo, preparando-me para os segredos que poderiam ser desvelados naquele lugar repleto de história e mistério.

Elo Sagrado (MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora