Capítulo Dez

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Levi Prescott:

Quando adentramos a cozinha, percebi que Darwin já se encontrava lá, suas vestes inteiramente manchadas de fuligem, e um cinto abarrotado de ferramentas tão reluzentes que cheguei a piscar os olhos. Contudo, o que verdadeiramente aguçou minha curiosidade foi testemunhar Cilas praguejando contra o esposo, repreendendo-o por trazer sujeira para dentro de casa e até mesmo por jogar uma espada afiada descuidadamente sobre o balcão.

Thackery segurava um Yuki trêmulo, cujo olhar denotava evidente temor diante da espada, suas mãos trêmulas expressavam a apreensão.

— Esse seu sogro é excessivamente rude — resmungou Ciel, acomodando-se em meu ombro; contudo, sua irritação era mais notória ao perceber que seu pequeno amigo havia sido magoado.

— O que aconteceu? — indagou Spike, visivelmente preocupado, enquanto pegava um creme que presumo ser de cenoura.

— O que você acha que aconteceu? O pai Darwin entrou na cozinha com uma de suas espadas e a arremessou no balcão, quase atingindo o Yuki. — explicou Thackery, acariciando Pixie que chorava e tremia.

— Imagino como ele está se sentindo. — comentei, olhando para Pixie com profunda compaixão.

— Coitadinho mesmo. — acrescentou Ciel, suas orelhas mexendo-se irritadas, e novamente parecendo incrivelmente fofo para mim, tive que me controlar para não fazer carinho.

Às vezes, é complicado ser o único a perceber o quão adorável alguém pode ser.

Darwin xingou e dirigiu-se à pia, começando a jogar água fria no rosto e nos braços. Apenas a sensação do frio parecia acalmá-lo, como refletido no espelho da janela. Em breve, ele começou a rir de maneira despreocupada, provocando um bufar de descrença de Ciel em meu ombro.

— Esse sujeito é completamente insano — comentou Ciel chocado. — Levi, mantenha distância dele.

— Querido, não precisa se preocupar; a Pixie ainda não está viva e não sofreu nenhum ferimento. — assegurou Darwin, dirigindo um olhar atento para Cilas. — Você a mima demais, esse pequeno Pixie.

Em seguida, os dois começaram a discutir sobre o assunto, e nós nos dirigimos para a sala enquanto pegávamos um pouco de comida.

Chegamos à sala e percebi alguns cartões sobre a mesa de centro. Diversos pensamentos passaram pela minha mente. À medida que nos aproximávamos, as cartas ganharam mais detalhes em meu campo de visão. Um padrão de cristal dourado no centro dos cartões se destacava, e fechei os olhos com força ao perceber.

— São respostas dos vizinhos para a festa. — explicou Thackery. — Existem apenas quatro cores de cristal nos cartões: branco, verde, azul e violeta. Essas cores representam as famílias mais importantes em nosso território. Quanto melhor a qualidade do cartão, maior a probabilidade de receber uma bênção mais significativa de cada indivíduo.

— Nunca ouvi falar de um cartão dourado antes. — comentou Spike, pegando a carta e examinando o envelope.

Não sei por que, mas havia um pressentimento em meu coração de que esse cartão dourado poderia trazer mudanças significativas.

— Vamos abrir logo. — disse Spike, rasgando o envelope e um brilho intenso surgiu, fazendo-me cerrar os olhos por um momento.

O brilho começou a mudar rapidamente. No instante seguinte, eu me vi encarando uma mulher gigante vestida em uma armadura, com uma expressão neutra. Embora eu saiba que ela é minha avó, sua expressão me causa um certo temor, como se ela pudesse me destruir a qualquer momento.

Spike sorriu ao ver minha reação, feliz por sermos parentes. Eu tinha consciência de que minha avó estava observando em nossa direção através da carta, e era evidente que ela antecipava que iríamos abri-la.

Elo Sagrado (MPreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora